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A Cultura de segurança do doente em serviços de internamento hospitalar: um desafio a vencer

Author(s): Castilho, Amélia Filomena de Oliveira Mendes

Date: 2012

Origin: Repositório Científico da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Subject(s): Cultura de segurança; internamento hospitalar


Description

Introdução A segurança do doente, enquanto componente chave da qualidade dos cuidados de saúde, assumiu grande relevância nos últimos anos, quer pelos impactes negativos em termos de saúde, quer pelos custos económicos que representa. Contudo, os sistemas de saúde manifestam dificuldade em aprender com os erros e partilhar essa aprendizagem (WHO,2005), pelo que o desenvolvimento de uma cultura de segurança que minimize a possibilidade de ocorrência de erros, facilite a aprendizagem e promova a melhoria contínua é hoje considerada uma prioridade. Objetivos Reconhece-se que a avaliação da cultura de segurança é um passo importante quer na sensibilização dos profissionais de saúde para esta problemática quer na identificação dos aspectos onde é necessário intervir, suportando a proactividade no desenvolvimento de actividades de segurança dos doentes. Nesse sentido, o presente estudo pretendeu identificar a cultura de segurança nos serviços de internamento das áreas médico-cirúrgicas em hospitais da região centro. Metodologia Foi realizado um estudo quantitativo, descritivo, correlacional, transversal. Participaram no estudo os profissionais que prestam cuidados directos (enfermeiros, médicos e assistentes operacionais) em 66 unidades de internamento de internamento de quatro hospitais. Utilizámos a versão portuguesa do Hospital Survey on Patient Safety Culture, questionário desenvolvido pela Agency for Healthcare Research and Quality (Sorra, Nieva, 2004), composto por 42 itens pontuáveis de 1 a 5, que avaliam a percepção dos profissionais de saúde sobre cultura de segurança do doente, composta por 12 dimensões. Resultados A amostra é constituída por 1152 profissionais, 798 enfermeiros (69,3%), 92 médicos (8%) e 253 assistentes operacionais (22,1%). A média de idade dos respondentes foi de 38,09 anos, tempo de profissão de 13,8 anos e tempo de serviço 9,07 anos. A análise das características psicométricas da escala, evidenciou qualidades adequadas. Os profissionais de saúde percecionam um grau de segurança do doente situado entre o muito bom e aceitável (2,35), contudo o número de eventos notificados no último ano é maioritariamente zero. Observam-se valores médios baixos de cultura de segurança, nas dimensões "avaliação geral sobre o grau de segurança (2,35), "resposta não punitiva ao erro" (2,75) e "dotação de pessoal" (3,07). Valores médios mais elevados foram observados nas dimensões "trabalho em equipa" (3,91) e "aprendizagem organizacional e melhoria contínua" (3,83). Apesar de ser possível observar diferenças de médias entre grupos profissionais, a análise comparativa evidencia que em seis dimensões não existe diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Conclusões Os profissionais ao avaliarem a segurança dos doentes entre o muito bom e aceitável, reconhecem que esta é uma área com espaço de melhoria. O facto de a notificação dos eventos ser muito incipiente, associado a baixos valores na dimensão "resposta não punitiva ao erro" indicia que ainda prevalece uma cultura de segurança onde a culpabilização e a exigência de perfeição favorecem o clima de ocultação das falhas, o que representa alguma contradição com o reconhecimento do investimento em aprendizagem e melhoria contínua. Serão discutidos os resultados que contribuem para a identificação dos aspectos onde se identifica a necessidade de intervenção.

Document Type Other
Language Portuguese
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