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Investigação Científica e Financiamento

Author(s): Amaral, António Fernando Salgueiro

Date: 2012

Origin: Repositório Científico da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Subject(s): Investigação


Description

Investigar, e sobretudo quando se pretende realizar investigação de alto nível, envolve um esforço financeiro considerável e requer um aumento constante de massa crítica. Daí que reflectir um pouco sobre o financiamento da investigação, podendo ser um exercício masoquista, é importante porque permite alertar para alguns aspectos menos conseguidos e dar a conhecer outras formas de obter esse contributo tão importante para que de facto se possa fazer investigação e desse modo promover desenvolvimento, bem-estar, qualidade de vida e vantagens competitivas quer para as organizações quer para o país. Todos os investigadores sabem o quão difícil é encontrar forma para financiar os seus projectos, muito em particular em Portugal onde a parcela gasta pelo estado em investigação, apesar do seu crescimento nos últimos anos, representa apenas um pouco mais de metade da média da EU-27. Por outro lado Portugal é o país onde a colaboração do tecido empresarial privado para essa finalidade é ainda menor. Quando estas comparações se fazem com países como os USA, o Japão o resultado é ainda pior. O tratado de Lisboa propõe uma transição para uma economia competitiva, dinâmica e baseada no conhecimento, sustentada: • Uma sociedade da informação para todos • A criação de um espaço Europeu de investigação e inovação • A criação de um ambiente favorável ao lançamento e desenvolvimento de empresas inovadoras •A educação e formação para avida e trabalho numa sociedade do conhecimento. No que diz respeito à política de investigação e desenvolvimento o Tratado coloca a enfase na criação de um espaço europeu de investigação, a criar até 2014 no qual os investigadores, os conhecimentos científicos e tecnológicos circulem livremente fomentando a cooperação transfronteiriça e multidisciplinar. A ideia é de que o triângulo entre pesquisa - educação - inovação, se possa assumir como polo dinamizador da economia impulsionando o crescimento e o emprego. Apontava-se no tratado que, até 2020, 3% do PIB deveria ser canalizado para a investigação. Sendo que este esforço deveria ser repartido entre o Estado (1%) e os privados (2%). Estimava-se que este esforço poderia potenciar cerca de 3.700.000 novos empregos e um acréscimo do PIB de cerca de 800 mil milhões de Euros. O 7º quadro comunitário de apoio (2007 - 2013) contava com mais de 50 mil milhões de euros para a investigação e para a criação desse espaço europeu de investigação. O 8º quadro que vai vigorar de 2014 a 2020 foi proposto com 80 200 milhões de Euros e existe uma proposta do parlamento europeu que pretende alterar este montante para 100 mil milhões. Parece por tudo isto que de facto existe um grande esforço para colocar a inovação e a produção de conhecimento no centro das preocupações sendo que a estratégia é de criar formas de cooperação entre equipas entre estados e até com estados 3º para a solução de muitos problemas que assolam a europa, mas não só como são os problemas ligados à energia, à desertificação, às alterações climáticas, à saúde das pessoas, ao envelhecimento etc. Mas podemos nós questionarmo-nos: será que é pensável que num momento em que existe uma crise económica e financeira tão acentuada como a que vivemos onde existem pessoas sem as condições mínimas de sobrevivência desemprego falências perdas de soberania por razões económicas, se invista tanto em investigação? É na crise que mais se deve investir em investigação, para que no pós crise se tenham os mecanismos que possibilitem a competitividade e o crescimento, se tome a dianteira da inovação e do conhecimento. Porque todo o dinheiro colocado na investigação é investimento no futuro, na qualidade de vida, em novas formas de fazer e de viver e, não defendendo eu, a total e exclusiva participação do estado neste esforço, penso que o sector público deve estimular o sector privado, desde logo pelo seu exemplo, mas também pela criação de mecanismos de incentivos para que os privados possam financiar investigação sob a forma de mecenato científico com deduções na matéria colectável e pela eliminação dos obstáculos que impedem as ideias de chegar aos mercados. Trata-se pois de um problema de escolha de política económica. Escolher entre o que realmente promove o crescimento e o desenvolvimento de uma sociedade no longo prazo, ou o que o imediatismo político, de curto prazo e de curto alcance, dita. O problema do financiamento da actividade científica, que em Portugal representa cerca de 1% do PIB e está maioritariamente centrado no estado através sobretudo da fundação para a ciência e tecnologia, não é apenas um problema exclusivamente português, porque como se financia uma actividade que em si mesmo não é uma actividade económica, que não gera riqueza, mas que ao mesmo tempo serve de alicerce para algumas actividades económicas? Ora como sabemos os empresários só estão disponíveis para investir se dislumbrarem algum retorno desse investimento, o que faz com que os projectos se tenham que focar em áreas que possam potenciar utilidade social (não me refiro a novas tecnologias apenas, mas a novas formas de ver a sociedade as organizações os cuidados de saúde). O dinheiro não chega para tudo muito menos para ter investigadores a estudar o sexo dos anjos. Mais uma vez é um problema de escolhas e não é preciso inventar a roda uma vez que alguns países já existem modelos que dão fruto: em muitos casos trata-se apenas de garantir uma vida mais fácil para os investigadores e sobretudo mais produtiva, enquanto um investigador se centra na burocracia para pedir mais uma resma de papel, está a perder tempo na investigação e a descentrar-se naquele que deveria ser o seu papel principal. O que me leva a falar das unidades de investigação que devem ter um papel activo na promoção da investigação, mas também na procura de formas de obter financiamento. O peso formal de uma entidade como são as unidades de investigação, é muito mais significativo do que o investigador a título individual. Por outro lado as UI não se podem tornar um peso financeiro para as organizações que as sustentam, mas devem agir ser proactivas na procura dos espaços que melhor podem atrair financiamentos e projectos. Tudo o que for gasto em burocracia é perdido pela investigação. Em Portugal como se pode aceder a financiamento: FCT Fundação Calouste Gulbenkian Fundação Champalimaud Ministério da saúde - algumas áreas Programas europeus - Leonardo por exemplo Discutir como elaborar um projecto ganhador.

Document Type Other
Language Portuguese
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