Author(s): Soskova, Jitka
Date: 1996
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.12/962
Origin: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Author(s): Soskova, Jitka
Date: 1996
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.12/962
Origin: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Dissertação de Mestrado em Comportamento Organizacional
O elevado nível de internacionalização da economia portuguesa implica que numerosas empresas multinacionais estejam a operar em Portugal. Neste estudo analisa-se a influência das diferenças culturais na colaboração entre os gestores portugueses e estrangeiros. A nossa investigação é estimulada pelos resultados recentes dos estudos de comportamento organizacional trans-cultural, nos quais foi criticado o paradigma universalistico ou de convergência e atacada a adequação das práticas de gestão, prevalecentemente americanas a outros países. Os resultados de Hofstede (1981) e outras teorias das diferenças culturais, bem como os estudos específicos sobre a cultura portuguesa sugerem as possíveis características da cultura nacional portuguesa. O objectivo deste estudo é analisar as percepções recíprocas das diferenças culturais, entre o gestor estrangeiro e os seus subordinados portugueses nos Management Teams (MT) das 13 empresas multinacionais em Portugal, combinando a perspectiva etic (subjectiva, do ponto da vista do membro do grupo estudado) e emic (comparação mais objectiva de vários grupos como eles parecem do ponto da vista de um forasteiro). Foram conduzidas entrevistas qualitativas com 57 membros de MT, dos quais 21 são gestores estrangeiros de diferentes nacionalidades e áreas de actividades. O instrumento combina a técnica da resposta livre com a parte da entrevista semi-estruturada, onde são verificadas as características das dimensões culturais derivadas do modelo de Hofstede (19881) e Hampden-Turner e Trompenaar (1993). Obtivemos dois grupos de avaliações principais sobre os traços da cultura portuguesa, relacionados com a gestão e trabalho: os dos portugueses e os dos estrangeiros. Na elaboração dos resultados foi combinada a abordagem qualitativa com a análise quantitativa das categorias. Com a ajuda de Multidimensional Scaling (MDS) as percepções das diferenças culturais foram organizadas num espaço bi-dimensional, onde a dimensão de Orientação indica o que está resolvido - a relação ou a tarefa e5 a dimensão de Dinamismo indica como está resolvido - no caso português, devido a uma decisão impulsiva, emotiva, ou por evitamento de responsabilidade e referência ao poder superior. Com base nos resultados de MDS e nos conhecimento teóricos foram detectados quatro grupos principais de categorias: o Colectivismo, Perspectiva Temporal Presente, Relacionamento e Defensividade. As características do Colectivismo correspondem às descritas por Hofstede (1991). Triandis (1994) e outros, as características da Perspectiva Temporal Presente assemelham-se com as propostas por Jones (1988). O Relacionamento e Defensividade têm especificidades que parecem ser idiossincráticas para a cultura portuguesa. Verificam-se diferenças significativas nas avaliações destes quatro factores entre as percepções auto e hetero. Os estrangeiros referem-se mais frequentemente ao Colectivismo e Defensividade e os portugueses têm scores elevados nas características de Relacionamento e Perspectiva Temporal Presente. Com excepção do Relacionamento, a maioria das característica é considerada pelas duas partes como desvantagem para a eficácia da gestão e do trabalho, no entanto, a avaliação final dos estrangeiros sobre trabalhar com os portugueses é positiva. Os estrangeiros que trabalham em Portugal há menos de um ano mostraram avaliações mais radicais, restritas quase exclusivamente às consequências negativas do Colectivismo e Defensividade. Os portugueses que trabalham nas filiais das grandes empresas multinacionais, onde é imposta uma cultura organizacional universal, salientaram as desvantagens da Perspectiva Temporal Presente mais do que os outros sujeitos portugueses, que trabalham nas empresas estrangeiras onde as características da cultura nacional portuguesa são toleradas. Na análise qualitativa são apresentadas as experiências com várias técnicas de gestão e analisadas as percepções das relações de causalidade entre a cultura nacional e as práticas de gestão. Responsabilização, participação, delegação, trabalho de equipa, avaliação de desempenho, gestão de tempo e trabalho com objectivos futuros, são as práticas que, segundo os entrevistados, não são congruentes com as características da cultura nacional portuguesa e precisam mais formação, estimulação, supervisão e tempo para funcionar bem. Os resultados permitem perceber melhor os prós e os contras de trabalhar em Portugal e podem servir como informação prática para os gestores estrangeiros, oferecendo, simultaneamente, um ponto da vista mais objectivo acerca da cultura portuguesa, facilitando assim o ajustamento e a compreensão mútua de ambas as partes.