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Colonoscopia virtual e DNA fecal : estudo de viabilidade como testes de rastreio do cancro colorretal

Author(s): Silva, Celso António Rosa de Almeida e, 1951-

Date: 2014

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/15434

Origin: Repositório da Universidade de Lisboa

Subject(s): Colonografia tomográfica computadorizada; Colonoscopia; Neoplasias colorretais; DNA de neoplasias; Fezes; Teses de doutoramento - 2014


Description

Tese de doutoramento, Cirurgia Geral (Medicina), Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2014

Pretendeu-se avaliar a utilização conjugada, ou isolada, da colonoscopia virtual e da deteção de DNA humano mutado nas fezes, como métodos de rastreio do carcinoma colorretal em indivíduos de risco médio, entre os 50 e os 74 anos, e o seu impacto na população. Utilizouse uma amostra de 510 indivíduos, estatisticamente representativa da população madeirense. Neste estudo de campo, transversal e baseado numa amostra com critérios de seleção bem definidos, a colonoscopia virtual baseada na teleradiologia provou ser eficiente. A colonoscopia virtual evidenciou um poder diagnóstico robusto com um alto grau de previsibilidade para a presença ou ausência de doença. A colonoscopia virtual diagnosticou 98,1% de indivíduos com pólipos adenomatosos ≥ 6 mm, número superior à colonoscopia ótica e esta diferença foi estatisticamente significativa (p=0.04). Apesar da colonoscopia virtual já ter sido considerada precisa no rastreio do carcinoma colorretal por outros autores, este estudo, tanto quanto é do nosso conhecimento, é a primeira avaliação da sua performance em que a colonoscopia ótica, como método comparativo, não tem acesso prévio aos resultados da colonoscopia virtual, obtidos a posteriori, num centro de excelência remoto. É verdade universal que a alta sensibilidade da colonoscopia virtual é independente de aparelhagem de TC tecnologicamente muito desenvolvida. Ficou também demonstrado que a colonoscopia virtual tem grande sensibilidade para lesões 6-9 mm (98%). Os resultados da análise do DNA humano mutado nas fezes no presente estudo têm que ser interpretados de forma muito cautelosa, tendo em conta as limitações metodológicas e o universo amostral reduzido. Estes fatores limitam a elaboração de ilações generalizadas e comprometem a sensibilidade do painel molecular, e como tal, tornaram inviável a aplicação dos testes de DNA fecal assim desenhados ao rastreio do carcinoma colorretal. A sensibilidade e a especificidade do L-DNA fecal na deteção de lesões avançadas ≥ 6 mm e adenocarcinomas (13,89% e 84,54%) esteve aquém do reportado internacionalmente (64% e 95%, respetivamente) (Abbaszadegan MR et al 2007), pelo que, na presente amostra, não se revelou um bom marcador molecular para rastreio de lesões cólicas. A sua capacidade de identificar lesões cólicas não se revelou associada à dimensão da lesão ou à região da sua localização. É no entanto de salientar que se verificou uma associação de L-DNA à deteção de lesões poliposas consideradas globalmente(28,6%), comparativamente com apenas os pólipos adenomatosos (8,9%). Além disso, observou-se uma tendência para que o L-DNA seja mais frequentemente detetado em indivíduos com uma maior número de lesões cólicas (38,5% vs 13,4%), sendo também significativamente mais frequente em amostras do sexo feminino com 3 a 5 lesões cólicas (62,5%, quando comparadas com 14,3% em amostras com 1 a 2 lesões). Por outro lado, a análise de DNA nas lesões cólicas biopsadas produziu resultados que se traduzem em importante benefícios clínicos: a identificação de alterações somáticas em APC, K-RAS, B-RAF e TP53 é um complemento do diagnóstico, fornecendo indicações para a vigilância e a seleção e racionalização da terapia farmacológica. A aplicação de questionários de satisfação (ESEC) mostrou uma boa aceitação dos exames de colonoscopia virtual e colonoscopia ótica, mesmo que realizados no mesmo dia e sequencialmente, havendo, no entanto, uma tendência para maior satisfação com a colonoscopia virtual (p=0.00). Em resumo, a colonoscopia virtual revelou-se um exame de rastreio do carcinoma colorretal bem aceite pela população, incruento e bastante fiável. Evita a remoção desnecessária de pólipos em pelo menos 70% dos indivíduos e é fácil de implementar com aparelhagem pouco sofisticada e com o benefício do uso concomitante da teleradiologia. Os bons resultados do estudo do DNA fecal obtidos em laboratórios de referência não são ainda generalizáveis. Os exames moleculares fecais não estão ainda disponíveis para uso em rastreios do carcinoma colorretal.

The aim of this study is to evaluate the use in conjunction, or in isolation, of the virtual colonoscopy test and of the detection of mutated human DNA in the stools, as screening methods of colorectal cancer in average risk individuals, between the ages of 50 and 74, and its impact on the population. A sample of 510 individuals, statistically representative of the Madeira population, was used. In this controlled cross-sectional study, CT Colonography based on teleradiology proved to be efficient. CT Colonography was shown to have good diagnostic capability with a high degree of predictability for the presence or absence of illness. CT Colonography diagnosed 98,1% of the individuals with adenoma polyps ≥ 6 mm, number above of the same polyps detected by optical colonoscopy test and this difference was statistically significant (p=0.04). Although the CT Colonography had already been considered to be precise in screening for colorectal cancer by other authors, this study, as much as we know, is the first evaluation of its performance using optical colonoscopy, as the gold standart test, without previons knowledge of CT Colonography results, obtained a posteriori in a remote academic centre. It was confirmed that the high sensitivity of CT Colonography is independent of the CT equipment being technologically very developed. It was also demonstrated that the CT Colonography test has great sensitivity for 6-9 mm lesions (98%). The results of the analysis of the mutated human DNA in stools in the present study must be interpreted very cautiously, considering the methodological limitations and the small sample universe. These factors limit the elaboration of generalized inferences and compromise the sensitivity of the molecular panel, and as such, made the application of the stool DNA tests thus designed, unviable in screening for colorectal cancer. The sensitivity and the specificity of the stool L-DNA in the detection of advanced lesions ≥ 6 mm and adenocarcinomas (13,89% and 84,54%) was below that reported internationally (64% and 95%, respectively) (Abbaszadegan MR et al, 2007), and which, in the present sample did not prove to be a good molecular marker for screening of colon lesions. Its capacity to identify colon lesions was not shown to be associated to the size of the lesion nor to the region of its location. It is however worth pointing out that an association of L-DNA to the detection of all polypoid lesions was found (28,6%), compared with only adenomatous polyps (8,9%). Besides this, a tendency for L-DNA to be more frequently detected in individuals with a higher number of colon lesions (38,5% vs. 13,4%) was observed, also significantly more frequent in female samples with 3 to 5 colon lesions (62,5%, when compared with 14,3% in samples with 1 to 2 lesions). On the other hand, analysis of the DNA in biopsied colic lesions produced results that translated into important clinical benefits: the identification of somatic alterations in APC, K-RAS, B-RAF e TP53 are a complement to the diagnosis, providing indications for the monitoring and selection and rationalization of pharmacological therapy. The use of satisfaction questionnaires (ESEC) indicated good acceptance of the CT Colonography and optical colonoscopy tests, even when carried out on the same day and sequentially, there being, however, a tendency for greater satisfaction with the CT Colonography (p =0.00). In summary, the CT Colonography proved to be a colorectal cancer test that is readily accepted by the population, bloodless and sufficiently reliable. It avoids the unnecessary removal of polyps in over 70% of individuals. It is easy to implement with not very sophisticated equipment and with the benefit of the concomitant use of teleradiology. The good results of the study of the fecal DNA obtained in laboratories of reference cannot yet be generalized. The stool molecular tests are not yet available for use in colorectal cancer screening.

Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação Tecnologia e Inovação (ARDITI)

Document Type Doctoral thesis
Language Portuguese
Advisor(s) Castelo, Henrique Bicha, 1943-; Rosa, Alexandra, 1979-
Contributor(s) Repositório da Universidade de Lisboa
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