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Portuguese adaptation of the security in the interparental subsystem scales : factor structure and validity studies

Author(s): Lambuça, Ana Rita dos Santos

Date: 2014

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/19943

Origin: Repositório da Universidade de Lisboa

Subject(s): Análise factorial; Propriedades psicométricas; Conflito parental; Ajustamento (Psicologia); Teses de mestrado - 2014


Description

Tese de Mestrado, Psicologia (Secção de Psicologia Clínica e da Saúde, Núcleo de Psicologia Clínica Sistémica), 2014

É amplamente reconhecido o impato nocivo que o conflito parental tem sobre os mais diversos aspetos do ajustamento psicológico das crianças (e.g. Cummings & Davies, 2002; Cummings & Keller, 2006). Mais concretamente tipos de conflito destrutivos e hostis, caracterizados pela sua maior frequência e intensidade e fraca ou nenhuma resolução, mostram-se especialmente nocivos para a saúde mental das crianças (e.g., Goeke-Morey, Cummings & Papp, 2007; Larrosa, Souto & Alda, 2012; Schudlich & Cummings, 2007). Deste modo, problemas ao nível de sintomas de internalização e externalização, problemas comportamentais, e desajustamento académico, são frequentes em crianças expostas a um ambiente familiar conflituoso. A teoria da segurança emocional, proposta originalmente por Davies e Cummings (1994), pretende identificar processos-chave essenciais para compreender de que modo é que o conflito hostil e destrutivo entre pais se traduz no desajustamento psicológico das crianças. Postula assim que as relações entre o conflito interparental e o ajustamento psicológico das crianças são mediadas pela segurança emocional das crianças sendo que, perante a ameaça colocada à sua segurança, são ativados mecanismo de segurança emocional que procuram ajudar a criança a lidar com o stress gerado. A preservação da segurança emocional é assim tida como um objetivo primário na vida da criança, guiando as suas reações e ações sobre o conflito interparental (Davies & Cummings, 1994, 1998; Davies & Sturge-Apple, 2007). Assim, originalmente desenvolvida por Davies, Forman, Rasi, e Stevens (2002), a Escala de Segurança no Subsistema Interparental (Security in the Interparental Subsystem (SIS) Scale) trata-se de um instrumento de auto-relato utilizado para avaliar os relatos dos jovens referentes às estratégias de preservação da segurança emocional empregues para lidar com o conflito interparental. Este instrumento integra três diferentes dimensões da segurança emocional: reatividade emocional, regulação da exposição ao relacionamento parental, e representações internas das relações interparentais. Mais concretamente, este instrumento avalia um total de sete subescalas inerentes a estas três dimensões: reatividade emocional e desregulamento comportamental (ambas da escala de reatividade emocional), evitamento e envolvimento (constituintes da escala de regulação da exposição ao relacionamento parental), e ainda representações familiares construtivas, representações familiares destrutivas, e representações do spillover do conflito (pertencentes à escala de representações internas das relações interparentais). Davies e seus colegas (2002) ainda referem a possibilidade de dividir a subescala da reatividade emocional em duas novas subescalas que avaliam diferentes componentes da mesma: ativação emocional e desregulamento emocional. Apesar da análise fatorial confirmatória do estudo original sugerir um melhor ajustamento deste modelo de oito factores, os autores recomendam e utilizam o modelo de sete factores no seu instrumento. O presente estudo propõe-se, então, a investigar a estrutura fatorial da Escala de Segurança no Subsistema Interparental, assim como comparar vários modelos alternativos ao modelo original de sete fatores, recorrendo ainda a uma análise fatorial confirmatória (AFC) e examinando as propriedades psicométricas desta escala. Esta investigação tem por objetivo último adaptar estas escalas para a população portuguesa, procedendo ainda a uma validação convergente e descriminate. Este estudo contou, assim, com a participação de um total de 335 adolescentes portugueses, entre os 12 e 19 anos de idade, e uma subamostra de 426 pais desses mesmos adolescentes (213 mães e 213 pais). A amostra foi recolhida junto de 8 escolas públicas e secundárias do distrito de Grande Lisboa e através de um processo de bola-de-neve junto de conhecidos de estudantes de psicologia. Neste estudo, é assim avaliando o conflito no relacionamento parental (O’Leary-Porter Scale (OPS), Porter & O’Leary, 1980; Versão Portuguesa da Psiquilíbrio Edições ©, 2013) bem como a satisfação conjugal dos pais (Kansas Marital Satisfaction (KMS) Scale, Schumm et al., 1986; Versão Portuguesa da Psiquilíbrio Edições ©, 2013); as perceções dos jovens acerca deste conflito (Children’s Perception of Interparental Conflict (CPIC) Scale, Grych, Seid & Fincham, 1992; versão portuguesa Moura et al. 2010) e as estratégias por eles utilizadas na preservação da sua segurança emocional dentro do conflito interparental (Security in the Interparental Subsystem (SIS) Scale; Davies et al., 2002), avaliando ainda os seus níveis de internalização e externalização (Youth Self-Report (YSR) e Child Behavior Checklist (CBCL), Achenbach, 2001; Versão Portuguesa da Psiquilíbrio Edições © , 2013). Os resultados obtidos foram semelhantes aos do estuco original de Davies et al. (2002) e a Escala de Segurança no Subsistema Interparental mostrou ter boas qualidades psicométricas. Todas as subescalas, à excepção da subescala de desregulamento comportamental (.30), apresentam bons índices de consistência interna de acordo com Nunnally (1978). Este estudo averiguou também potênciais diferenças ao nível das médias obtidas pelos rapazes e pelas raparigas da amostra, recorrendo para este efeito a uma série de t-tests. Os resultados obtidos são semelhantes aos do estudo de Davies et al. (2002) pelo que, em comparação com os rapazes, as raparigas apresentam níveis mais elevados de reactividade emocional (tanto a nível de activação como de desregulamento emocional), evitamento, e representações familiares destrutivas. Com a exceção do evitamento (d = .42), as diferenças entre as médias mostram não ser perturbadas por efeitos de tamanho, de acordo com Cohen (1988). A análise fatorial confirmatória revelou, assim como no estudo original, um melhor ajustamento de um modelo alternativo de oito sobre o modelo de sete fatores utilizado no instrumento original. Deste modo, o modelo proposto para a população portuguesa e para a versão portuguesa da Escala de Segurança no Subsistema Interparental é o modelo de oito factores que mede ambos os componentes da reactividade emocional, a activação e o desregulamento emocional. A título exploratório, procedeu-se também à melhoria do modelo de oito factores, com base na análise dos índices de modificação (IM). Os MI sugeriram um total de dez correlações significativas (Maroco, 2010) entre resíduos de itens pertencentes à mesma subescala (6 correlações) bem como entre resíduos de itens pertencentes a subescalas diferentes (4 correlações). Estas correlações foram integradas no modelo melhorado à luz da sua pertinência e devida justificação teórica, e não foram encontrados cross-loadings. Por sua vez, a análise da validade convergente e descriminante apoiam que as várias subescalas da Escala de Segurança no Subsistema Interparental medem eficazmente o construto que se propõem a medir, a segurança emocional, pelo que apresentam correlações moderadas e significativas com as escalas do CPIC e YSR, e correlações baixas e pouco significativas com as escalas do OPS e KMS. As baixas correlações encontradas com as escalas do CBCL (instrumento equivalente ao YSR mas referente aos relatos dos pais, neste caso) sugerem que os sintomas de internalização e externalização relatados pelos jovens como fruto da exposição ao conflito parental podem não ser denotados pelos pais. Isto pode sugerir que os pais têm menor percepção das repercussões nocivas que o conflito parental está a exercer sobre os seus filhos. É importante reconhecer que este estudo apresenta as suas limitações. A baixa consistência interna da subescala de desregulamento comportamental (como também encontrado em Davies et al., 2002) mostra grandes limitações à sua utilização clínica em investigações. Outra limitação passa pela falta de uma análise das diferenças entre géneros já que foram encontradas diferenças significativas entre médias dos rapazes e das raparigas. Uma grande limitação é a falta de um teste-reteste que permita validar a confiabilidade da escala. É assim reconhecida a importância de que investigações futuras se debrucem sobre um aprofundamento do desenvolvimento e validação deste instrumento que tem um tão grande potencial, tanto a nível clínico como de investigação, em especial dado que ainda são poucos os instrumentos que medem o construto da segurança emocional. Apesar das suas limitações, este estudo constitui um primeiro passo no sentido de preencher a lacuna na investigação das relações entre o conflito interparental e o ajustamento da criança em Portugal, adaptando a Escala de Segurança no Subsistema Interparental de Davies et al. (2002) para a população portuguesa e ainda confirmando e validando a aplicabilidade da teoria da segurança emocional dentro da cultura portuguesa.

Originally proposed by Davies, Forman, Rasi, and Stevens (2002), the Security in the Interparental Subsystem (SIS) Scale is based on the emotional security theory (Davies & Cummings, 1994), with postulates that children’s emotional security mediates the relationship between interparental conflict and child adjustment. The present study investigates the SIS Scale factor structure through a Confirmatory factor analysis (CFA) and examines its psychometric properties, aiming ultimately to adapt and validate these scales for the Portuguese population. This study counts with the participation of a total of 335 Portuguese adolescents (ages 12 to 19) and a subset of 426 of their mothers (N = 213) and fathers (N = 213), and accessed the conflict in the parental relationship (O’Leary-Porter Scale (OPS); Porter & O’Leary, 1980) and parents’ marital satisfaction (Kansas Marital Satisfaction (KMS) Scale; Schumm et al., 1986); children’s perceptions of such conflict (Children’s Perception of Interparental Conflict (CPIC) Scale; Grych, Seid & Fincham, 1992) and strategies used to preserve emotional security within the interparental conflict (Security in the Interparental Subsystem(SIS)Scale; Davies et al., 2002), as well as their levels of internalizing and externalizing symptoms (Youth Self-Report (YSR) and Child Behavior Checklist (CBCL); Achenbach, 2001). Results were similar to the original study and the scale showed both good psychometric properties and validity for this Portuguese sample. Confirmatory factor analysis showed better fit of an alternative eight-factor model (also suggested by Davies et al., 2002) over the seven-factor model used in the original instrument. Results thus confirm and validate the applicability of the emotional security theory within the Portuguese culture.

Document Type Master thesis
Language Portuguese
Advisor(s) Pedro, Marta Maria Figueiredo, 1982-
Contributor(s) Repositório da Universidade de Lisboa
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