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Parasite assemblages as an indicator of habitat use by fishes in estuaries of the portuguese coast

Author(s): Alves, João Pedro de Matos, 1987-

Date: 2010

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/2345

Origin: Repositório da Universidade de Lisboa

Subject(s): Impacto ambiental; Parasitologia; Conservação da natureza; Estuário do Tejo - Portugal; Teses de mestrado - 2010


Description

Tese de mestrado. Biologia (Ecologia Marinha). Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2010

Os estuários são dos ecossistemas aquáticos mais produtivos do planeta, sendo contudo, também dos mais impactados pela vida humana. Estes são cruciais na dinâmica populacional de muitas espécies de peixes. Muitos peixes marinhos utilizam-no durante breves períodos, especialmente nas fases iniciais do seu ciclo de vida, o que se deverá a uma maior abundância de presas, redução de risco de predação e redução da competição com indivíduos adultos, enquanto outros são verdadeiros residentes estuarinos podendo completar todo o seu ciclo de vida dentro do estuário. Os estuários oferecem ainda uma grande diversidade de habitats diferentes passíveis de ser usados pelas espécies de peixes. A perda destes habitats pode originar numa perda de biodiversidade do estuário, e em reduzidas abundâncias das espécies que o usam nos seus ciclos de vida. Isto torna-se especialmente importante devido ao facto dos estuários servirem como áreas de viveiro para muitas espécies de peixes comercialmente importantes. Assim, torna-se essencial arranjar metodologias eficazes para determinar a importância de um determinado habitat para o estuário e no ciclo de vida dos peixes que os habitam e consequentemente, estabelecer prioridades de conservação destes mesmos habitats. Os parasitas são considerados como eficazes como marcadores naturais, sendo usados em estudos de diferenciação populacional, filogenéticos, migratórios, de ecologia alimentar e, mais recentemente, na distinção do uso de habitat por peixes. Consequentemente o presente estudo tem como objectivo verificar se os parasitas são úteis como ferramenta de distinção do uso de habitat por peixes em estuários da costa Portuguesa. A tese é dividida em três capítulos, em que um é um artigo científico produzido para responder a estes objectivos. Este artigo é precedido por um primeiro capítulo que corresponde a uma introdução geral, e sucedido por um capítulo que integra as considerações finais e perspectivas futuras. Na introdução geral, capítulo 1, são abordados os processos gerais que levam a este estudo, com especial atenção à importância dos estuários e dos seus habitats no ciclo de vida das espécies de peixes que os habitam. É indicado, também, a importância dos estudos espaço-temporais na determinação da importância dos habitats estuarinos, sendo mencionados os principais meios de determinação dos padrões de movimentação dos peixes e da conectividade entre habitats. São referidas as vantagens dos marcadores naturais face aos artificiais, em especial as vantagens do uso de parasitas como marcadores naturais, assim como o princípio subjacente ao seu uso como marcadores. É referida a importância dos parasitas e dos estudos parasitológicos para melhor compreender a ecologia das espécies de parasitas e hospedeiros, e os factores que influenciam a comunidade de parasitas nos diferentes habitats. Os estudos anteriores que usam as diferenças na comunidades de parasitas para a distinção do uso de habitat por diversos peixes são também indicados, assim como os objectivos específicos do presente trabalho. O capítulo 2 corresponde a um artigo científico em que são estudadas as comunidades de parasitas do caboz, Pomatoschistus microps em três habitats físicos distintos em cinco estuários portugueses: plataformas vazosas intertidais, sapais e canais subtidais. É demonstrado a importância destes habitats para as espécies de peixes estuarinos, em particular para o P. microps. Pretendeu-se com este estudo caracterizar as comunidades de parasitas nestes habitats para os cinco estuários portugueses e perceber se as comunidades de parasitas podem ser utilizadas como ferramenta para indicar o uso dos habitats estuarinos por P. microps. Os exemplares de P. microps foram recolhidos nos meses de Julho e Outubro, nos estuários da Ria de Aveiro, Tejo, Sado, Mira e Guadiana. Em cada estuário foram amostrados os três habitats (plataformas vazosas, sapais e intertidais) em duas localizações similares do estuário recorrendo ao uso de um arrasto de vara ou chincha dependendo do habitat amostrado. Os endoparasitas do P. microps foram recolhidos e foram calculados os índices parasitológicos prevalência e abundância média correspondentes a cada habitat amostrado no estuário. Subsequentemente usaram-se duas análises de correspondência (CA) com base nestes índices parasitológicos, para evidenciar possíveis diferenças entre as comunidades de parasitas. O P. microps apresentou dez taxa de parasitas diferentes, 2 pertencentes ao filo Nematoda e as restantes 8 pertencentes a sub-classe Digenea, sendo os parasitas mais representados nos 5 estuarios: Lecithochirium musculus, Hemiurus appendiculatus, Timoniella sp., Diplostomum sp. e um diplostomidae não identificado, sendo o parasita L. musculus e H. appendiculatus os únicos destes parasitas descritos a serem encontrados em estado adulto. Os parasitas encontrados apresentaram algumas afinidades por alguns habitats, podendo estar associados a esses habitats, tais como o nematode Raphidascaris acus e um diplostomidae não identificado. De facto, a CA efectuada com os dados de abundância média demonstrou que existiam várias diferenças nas comunidades de parasitas, dos diferentes habitats e diferentes estuarios. Alguns habitats demonstraram-se bem isolados no diagrama da analise o que indicou que as comunidades de parasitas nesses habitats eram diferentes dos restantes. As diferenças encontradas entre as comunidades de parasitas de habitats diferentes foram maioritariamente entre sapais e as plataformas vazosas, demonstrando que o uso que os P. microps fazem desses habitats é diferente. No entanto, outras diferenças emergiram da análise, que demonstrou que há diferenças entre alguns locais de amostragem, nomeadamente nos estuários do Tejo, Sado e Ria de Aveiro. Estas diferenças entre locais devem-se a diferenças acentuadas de certas espécies de parasita que podem ser devido a diferenças na abundância dos seus hospedeiros intermediários, ou devido às condições físico-químicas não serem ideais para a transmissão dos estádios de vida livre destes parasitas. Já a análise de correspondência efectuada com os dados da prevalência de parasitas em cada habitat estuarino, demonstra que os estuários são agrupados independentemente, não havendo no entanto uma grande diferenciação entre os habitats e entre os locais de amostragem, com a devida excepção das amostras do Sapal do Tejo de Outubro que conseguem uma boa diferenciação devido à diferença acentuada na prevalência de R. acus, e das amostras do local de amostragem da Gâmbia no Sado devido à prevalência de Z. viviparous. Comprova-se com este artigo que com base nas diferenças parasitológicas há diferenças no uso dos diferentes habitats pelos indivíduos da espécie de P.microps, sugerindo assim, que os parasitas podem ser usados como tags naturais de uso de habitats por peixes estuarinos. No capítulo 3, são evidenciadas as perguntas que permaneceram em aberto após este estudo e a importância dos estudos de diferenciação de utilização de habitat por peixes estuarinos. É evidenciada a necessidade de confirmar este estudo com outros que utilizem diferentes técnicas para estudar as diferenças espaço-temporais dos peixes estuarinos nos diversos habitats, entre as quais o uso de marcadores artificiais, o uso de medições de isótopos estáveis e a microquímica de otólitos. Refere-se, também a necessidade deste estudo ser continuado a longo prazo, de modo a contrariar e prever quais os efeitos sazonais nas comunidades de parasitas que infectam os peixes estuarinos, bem como, a necessidade de se replicar este estudo investigando os padrões de uso destes habitats por outras espécies de peixes que usem o estuário durante o seu ciclo de vida, principalmente espécies com elevado interesse comercial. É referido também, a necessidade de complementarmente a um estudo dos macroendoparasitas existir um estudo da abundância e diversidade das comunidades das principais presas dos peixes estudados.

Estuaries are one of the most valuable ecosystems on earth, being crucial in the development of many fish species. They consist of a fine mixture of intrinsically connected habitats that can be used by fish. Any loss of these habitats is reflected in loss of diversity and abundance of estuarine species. Therefore there is a growing need to develop tools that can be used to manage the conservation of these habitats. Parasites have long been considered good natural tags for stock discrimination, philogenetic, migration and feeding ecology studies. More recently, they have been found to be usefull as a reliable natural tag of habitat use by some fish species. In order to assess if parasites are natural tags of habiat use in estuaries, the parasite assemblages of a typical estuarine species, Pomatoschistus microps, were investigated in five Portuguese estuaries (Ria de Aveiro, Tejo, Sado, Mira, Guadiana). There, in July and October, P. microps specimens were captured in three different habitats (Intertidal mudflat, Saltmarshes and Subtidal channel) in two similar locations of the estuary. P. microps, was infected with ten different parasite taxa, eight Digenea species and two Nematoda species. Correspondence analyses of both parasite prevalence and mean abundance suggested that there are habitat related differences in P.microps parasites communities, and therefore that P. microps uses the three sampled habitats differently. With the present study it is suggested that parasites can be a good tool to assess habitat preference of estuarine fishes.

Document Type Master thesis
Language English
Advisor(s) Cabral, Henrique N., 1969-; Marques, Joana Isabel Ferreira, 1978-
Contributor(s) Repositório da Universidade de Lisboa
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