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Factores psiquiátricos e psicossociais na evolução clínica do doente submetido a transplante hepático : estudo longitudinal, prospectivo, observacional, analítico

Author(s): Correia, António Diogo de Albuquerque Leite Telles, 1976-

Date: 2010

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/6385

Origin: Repositório da Universidade de Lisboa

Subject(s): Psiquiatria; Impacto psicossocial; Saúde mental; Transplante de fígado; Estudos prospectivos; Estudos longitudinais; Estudos observacionais; Teses de doutoramento - 2010


Description

Tese de doutoramento, Medicina (Psiquiatria e Saúde Mental), Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2010

A psiquiatria, integrando as equipas de transplantação, tem contribuído para uma criteriosa selecção dos doentes candidatos, num contexto social de indisponibilidade de orgãos e de custos elevadissimos inerentes a todo o processo. O objectivo principal desta tese foi verificar até que ponto os factores psiquiátricos e psicossociais aferidos no período pré-transplante determinam a evolução psiquiátrica e médica, a QV e a adesão no 12º mês pós-transplante, em doentes submetidos a transplante hepático. Como objectivos secundários, o projecto pretendeu: 1) Caracterizar do ponto de vista psiquiátrico e psicossocial e relativamente à QV os doentes submetidos a transplante hepático antes e depois da intervenção cirúrgica. 2) Verificar as diferenças na evolução das variáveis psiquiátricas, psicossociais e da QV entre os doentes submetidos a transplante (grupo de estudo) e aqueles que permanecem a aguardar o transplante (grupo de controlo). 3) Verificar as diferenças na evolução das variáveis psiquiátricas, psicossociais e da QV entre os dois grupos clínicos principais de doentes transplantados: com doença hepática e sem doença hepática (paramiloidose - PAF). 4) Verificar as diferenças na evolução das variáveis psiquiátricas, psicossociais e da QV entre os dois grupos clínicos principais de doentes hepáticos transplantados: com doença hepática alcoólica e sem doença hepática alcoólica (DHA). Foi recolhida uma amostra sequencial de doentes, com indicação para transplante hepático, que recorreram à consulta de hepatologia da Unidade de Transplantação do Hospital de Curry Cabral entre Janeiro de 2006 e Dezembro de 2007. Dos doentes avaliados no período pré-transplante, aqueles que foram transplantados passaram a constituir o grupo de estudo (n=62) enquanto os que permaneceram em espera, por motivos alheios a este estudo, corresponderam ao grupo de controlo (n=40). 18 Relativamente ao objectivo primário concluiu-se que: A ansiedade, a depressão e a QV (12º mês pós-transplante) eram determinadas pelos mecanismos de coping (MC) do período pré-transplante (associação directa para os MC adaptativos e inversa para os não adaptativos). Por outro lado estes MC eram determinados pela personalidade (neuroticismo). Com base nestes factos foi construído um modelo teórico pré-transplante-pós- -transplante da QV e saúde mental. Verificou-se também que os MC do pré-transplante se correlacionavam fortemente com os MC do período pós-transplante, facto que pode explicar a influência destes MC pré-transplante sobre a evolução pós-transplante. No que se refere aos modelos preditivos da evolução clínica pós-transplante, os factores psiquiátricos e psicossociais pré-transplante que co-determinavam a mortalidade eram o neuroticismo e o suporte social e o coping activo (CA) (pré-transplante) era co-determinante dos dias de internamento pós-transplante (a par da presença de insuficiência hepática significativa pré-transplante). Observou-se que o CA pré-transplante estava associado ao CA do período pós-transplante, facto que pode explicar a influência deste MC pré-transplante sobre a evolução clínica pós-transplante. Os únicos determinantes da adesão à medicação no 12º mês pós-transplante eram a adesão pré-transplante e a crença de controlo pessoal da doença pré-transplante. Relativamente aos objectivos secundários concluiu-se que: No momento da avaliação pré-transplante, 58% dos doentes preenchiam critérios de alguma perturbação psiquiátrica. Após 12 meses do transplante apenas 20,97% dos doentes transplantados cumpriam critérios para um diagnóstico psiquiátrico (valor inferior ao verificada para o grupo de controlo). A taxa de recaída de perturbações relacionadas com o uso de álcool foi, no grupo dos doentes com DHA transplantados, de 4,2%. Havia uma evolução favorável (desde o período pré-transplante até aos 12 meses após transplante) da maioria dos MC focados no problema e dos focados na emoção. Os scores de ansiedade e depressão sofriam uma redução significativa ao longo do primeiro ano após transplante hepático. Da mesma 19 forma também os scores das componentes física e mental da QV sofriam uma melhoria significativa. A adesão relativa à toma de medicação aumentou de forma estatisticamente significativa. Quer os scores de ansiedade e de depressão, quer aqueles da componente física e mental da QV não apresentavam diferenças estatisticamente significativas entre o grupo de estudo e o grupo de controlo no período pré-transplante. No 12º mês pós-transplante havia diferenças significativas para todas estas variáveis (padrão mais favorável no grupo de estudo). Quando comparados com um grupo de controlo de doentes não transplantados com PAF, nem a depressão, nem a ansiedade, nem a QV mental apresentavam scores mais favoráveis no grupo de doentes com PAF submetidos a transplante hepático. Ao longo do primeiro ano pós-transplante verificou-se que os doentes com PAF tinham uma evolução menos favorável em vários MC focados no problema (coping activo, desinvestimento comportamental) e focados na emoção (aceitação), quando comparados com os outros doentes transplantados. Havia uma melhoria significativa em todos parâmetros (ansiedade, depressão, componentes física e mental da QV) do grupo de estudo de doentes com DHA em relação ao subgrupo de controlo de doentes com DHA não transplantados. Ao longo do primeiro ano pós-transplante verificou-se que os doentes com DHA tinham uma evolução favorável em todos os principais MC.

Integrated in transplantation teams, psychiatrists have contributed to a careful selection of candidates, in context of unavailability of organs and great costs associated to the procedure. The main objective of this work was to verify if psychiatric and psychosocial factors assessed before transplantation determined psychiatric and medical outcomes, quality of life and adherence after liver transplantation. The other objectives included: 1) Psychiatric and psychosocial characterization of patients submited to liver transplantation (before and after the intervention) 2) Finding the differences between the study group and the control group regarding psychiatric and psychosocial variables 3) Finding the differences between patients with and the ones without liver disease (with FAP- Familial amyloid polineuropathy) 4) Finding the differences between patients with and the ones without alcoholic liver disease regarding psychiatric and psychosocial variables A group of consecutive transplant candidates, attending the out-patient clinics of the transplantation unit of “Hospital de Curry Cabral”, were studied between 1st January, 2006 and 1st December, 2007. Written informed consent was obtained from all participants, and the study protocol was approved by the institutional review committee. These patients were assessed before transplantation and 12 months after being transplanted. Among patients evaluated in pre-transplantation period, the ones who went through transplantation belonged to the study group (n=62), and patients that remained waiting for transplantation belonged to the control group (n=40). Regarding the main objective we found that: Anxiety, depression and quality of life (12 months after transplantation) were determined by coping mechanisms (CM) from the pretransplantation period (direct association concerning adaptive CM and inverse association concerning non-adaptive CM). These CM were determined by personality (neuroticism). Based in these conclusions a quality of life and mental health theoretical model was proposed. We also found that CM 22 belonging to pre-transplantation period were correlated with CM from the postransplantation period. This might explain why pre-transplantation CM influence outcome after transplantation. Concerning predictive models of medical outcome, we found that neuroticism and social support determined mortality after transplantation; and that active coping co-determined the length of inpatient period after transplantation. The only determinants of pos-transplantation adherence were pretransplantation adherence and pre-transplantation personal control illness perception. Regarding the other objectives we concluded that: In the pre-transplantation period 58% of the patients had some kind of psychiatric diagnosis. Twelve months after transplantation only 20.97% had a psychiatric diagnosis (less than in the control group). Alcohol abuse/dependence relapse was 4.2 in the alcohol liver disease transplantated group. After transplantation, there was a positive change regarding the great majority of CM. After transplantation there was a significant decrease in anxiety and depression scores and an increase in quality of life scores (mental and physical component). Adherence to medical prescriptions increased after transplantation. In pre-transplantation period there were no significant differences in anxiety, depression and quality of life scores among control and study groups. Twelve months after transplantation we found differences regarding all these variables (better profile in the study group). Compared to a control subgroup of patients (not transplantated) with FAP, transplantated patients with FAP didn’t show significant differences regarding depression, anxiety and mental quality of life scores. After transplantation FAP patients showed a less adaptive change concerning several CM (active coping, behaviour disengagement, acceptance), compared to other transplantated patients. There was a significant better change in all variables (anxiety, depression, quality of life) in transplantated alcohol liver disease patients, 23 compared to a control subgroup of patients with the same disease waiting for transplantation. After transplantation, alcohol liver disease patients showed an adaptive change in almost all CM.

Document Type Doctoral thesis
Language Portuguese
Advisor(s) Barbosa, António, 1950-; Monteiro, Estela, 1938-
Contributor(s) Repositório da Universidade de Lisboa
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