Author(s): Salaroli, Julia Soares
Date: 2016
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10362/20390
Origin: Repositório Institucional da UNL
Subject(s): Apichatpong Weerasethakul; Antropofagia; Entre-mundos; Hibridismo; Anthropophagy; Between-worlds; Hybridity; Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Ciências da Comunicação
A proposta desta dissertação é de relacionar a obra do realizador e artista visual tailandês Apichatpong Weerasethakul ao projeto do movimento modernista brasileiro, Antropofagia. Para isso, a Antropofagia enquanto proposta estético-ideológica será revista e recontextualizada na contemporaneidade, sendo pensada a partir do potencial de ultrapassar suas fronteiras territoriais, nacionais e estético-formais no campo das artes, das ciências sociais e da filosofia. Na obra de Apichatpong é possível encontrar algumas das questões centrais do movimento modernista brasileiro, tais como: a desarticulação dos projetos de construção de uma identidade nacional fixa ou de exportação de um modelo de civilização que tem como referência uma única narrativa cultural, a ocidental/moderna. Projetos estes, que surgem das noções de unidade, origem e pureza, e que se baseiam numa perspectiva de dominação/submissão. A contraproposta parte da ideia que assume a existência e a convivência das diferenças culturais, numa perspectiva de um hibridismo não estabilizado, uma diferença constitutiva, que tem como premissa o diálogo, a relação, a negociação. E, portanto, no lugar das identidades, a proposta de surgimento de multiplicidade e de descentralização. Nesse sentido, tanto o movimento antropofágico brasileiro quanto Apichatpong irão procurar referências no “pensamento selvagem”, indígena, não como um pensamento anterior e atrasado ou exótico e passivo, na perspectiva do modelo de civilização ocidental/moderna, mas como atualidade, como uma outra proposta de pensamento e, dessa forma, povoar o mundo com diferentes imaginações e experiências. Essa desarticulação tem sido pensada, trabalhada e proposta por diferentes autores tanto ocidentais, situados nos centros de produção e difusão de conhecimento global, quanto por autores situados nas periferias desses centros, sendo estes últimos os que irão constituir a maior parte das referências desta dissertação, contribuindo para a contextualização das propostas lidas na Antropofagia modernista brasileira e nos trabalhos de Apichatpong. Esses autores trabalham com ideias que propõem espaços liminares de experiência e será nesses entre-lugares que acontecerá o diálogo entre a Antropofagia e o artista Apichatpong Weerasethakul
The purpose of this work is to relate the work of the Thai visual artist and film director Apichatpong Weerasethakul to the Brazilian modernist movement, Antropofagia. To this end, Antropofagia, an aesthetic-ideological proposal, thought of as a potential to overcome territorial, national and aesthetic-formal borders in the fields of arts, social sciences and philosophy, will be reviewed and recontextualized in contemporary time. Central issues of the Brazilian modernist movement are apparent in the work of Apichatpong, such as the disarticulation of projects aimed at building a fixed national identity or at exporting a model of civilization referenced to a unique cultural narrative, that of Western/modern societies. These projects arise from notions of unity, origin and purity that are seeded by a perspective of domination/submission. An alternative approach to this idea assumes the existence and co-habitation of cultural differences from the perspective of an unstable hybridity, a constitutive difference that is premised on dialogue, respect, negotiation. From this process arises the proposal for multiplicity and decentralization, instead of identities. In this sense, both the Brazilian antropophagic movement and Apichatpong will seek references in the indigenous "wild thought", seen as contemporary, as another proposal for thought, rather than unsophisticated or exotic thought of earlier times as it is conceived by the Western/ modern civilization model. These references would thus populate the world with different imaginations and experiences. This disarticulation has been conceived, crafted and proposed both by Western authors located in the centers of production and dissemination of global knowledge, and authors situated at the periphery of these centers, the latter will constitute most of the references of this work, contributing to the contextualization of the readings present in the Brazilian modernist Antropofagia and Apichatpong. These authors work with ideas that propose liminal spaces of experience which is where the dialogue between Antropofagia and artist Apichatpong Weerasethakul will take place.
