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O Percurso da informação. Da agenda à redação

Author(s): Ferreira, Paula Margarida de Figueiredo Alves Cardona

Date: 2012

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10362/9443

Origin: Repositório Institucional da UNL

Subject(s): Agenda editorial; Informação; Redacção; Actividade jornalística


Description

Relatório de Atividade Profissional de Mestrado em Ciências da Comunicação – área de especialização em Jornalismo

Logo no início da escrita deste relatório de atividade profissional, foi notada a inexistência de literatura sobre a matéria – agenda de informação – e sobre os condicionalismos que causa na produção de notícias. A informação na agenda faz parte do processo de construção das notícias, cujas práticas e mecanismos este trabalho tenta evidenciar. Tendo como base a atividade na RTP, o relatório não se limita à empresa. O foco de interesse incide na relação entre a agenda e a redação e inclui um olhar numa agência de notícias como a Lusa. Este trabalho visa debater a concepção de uma agenda de informação e as interdependências com a redação. A investigação académica que utiliza metodologias mais empíricas para estudar o jornalismo, em particular a observação participante, implicando a presença do investigador no local onde as notícias são produzidas e junto de quem as produz, tem sido praticamente centrada na redação. A título de exemplo, referimos o caso da investigação de Herbert Gans, em 1979,2 sobre a CBS que analisou a produção de notícias nas redações, procurando responder à célebre pergunta: “Porque são as notícias como são?” Outros estudos – Tuchman, em 1978 e Fishman, em 1980 – definiram o mesmo foco de interesse. Anteriores a esta data, nos anos 50, são os estudos de David Manning ‘s White com uma análise sobre o editor de notícias e Warren Breed que aprofunda o controlo social nas redações 3. Outros departamentos de uma empresa de comunicação social, hoje em dia tão conectados entre si, como é o caso da agenda de informação de uma televisão, permanecem completamente ignorados, são desconhecidas as suas rotinas e formas de hierarquia e organização, não conhecemos os seus profissionais nem o seu contributo para a forma e o conteúdo final da informação que é publicada ou transmitida aos leitores, aos ouvintes e aos telespetadores. Até que ponto a agenda não é o local de nascimento da notícia dentro de uma empresa de comunicação social? Este trabalho é um modesto contributo para reduzir essa invisibilidade e diminuir o silêncio em torno do funcionamento e das rotinas existentes numa agenda de informação, procurando compreender de que forma as dinâmicas profissionais que este departamento estabelece com a respetiva redação configuram práticas jornalísticas ou parajornalísticas com impacto na qualidade da informação final. A agenda, como parte integrada no processo da produção de notícias, funciona como um campo preparatório. Numa televisão, pode produzir mais impacto porque permite (ou não) ter imagens de um acontecimento, mas é secundarizada por fazer apenas parte dos preparativos e por ela própria não fazer parte do ecrã de televisão, estar nos bastidores, onde aqueles que trabalham para a notícia não são vistos, nem ouvidos. Adicionamos ainda uma pequena reflexão histórica já que, tal como todas as atividades ligadas ao jornalismo, trata-se de uma área cujas tarefas, dinâmicas, missão e objetivos foram completamente revolucionados pelas sucessivas tecnologias de informação e comunicação. As etapas são marcadas pelas tecnologias que condicionam a reportagem e a organização das empresas que gerem e tratam informação. Nos primeiros anos da RTP, prevalecia o entretenimento que incluía o teatro em televisão, em relação à informação. Não havia jornalistas, porque em televisão não existia esta designação, havia redatores que escreviam sobre as imagens de um acontecimento. A informação era escassa, em pouca quantidade e não existia um serviço de agenda. O secretário de redação - que dará origem ao serviço de agenda - surge em 1965 quando o chefe de redação deixa de fazer a agenda e passa a existir um funcionário dedicado em exclusivo a esta tarefa e com a competência da gestão de meios, de gerir os operadores de câmara. Os anos 80 são marcados pela introdução dos computadores e por um sistema interno que permitia o agendamento em computadores não na datilografia, remetendo para segundo plano o papel em favor da digitalização. Esta digitalização ou imaterialização permitirá uma maior conexão e simultaneidade de serviços cada vez mais progressiva quer na relação com o exterior, quer dentro da própria empresa. As novas dinâmicas da produção de conteúdos - receção de imagens do estrangeiro, conjuntos de imagens com códigos próprios inseridas no sistema interno de uma empresa de comunicação social - acessíveis aos jornalistas na redação, alteraram as rotinas de trabalho, acelerando cada vez mais a velocidade de publicação da notícia. Nas agendas e nas redações, a leitura dos jornais já não se faz de 24 em 24 horas, mas a cada minuto de publicação na internet.

Document Type Master thesis
Language Portuguese
Contributor(s) RUN
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