Author(s):
Nunes, Sílvia Daniela de Macedo Teixeira
Date: 2012
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.6/1107
Origin: uBibliorum
Subject(s): Acidente vascular cerebral - Aterosclerose - Factores de risco; Doença arterial periférica - Aterosclerose - Factores de risco; Acidente vascular cerebral - Escala de Framingham; Acidente vascular cerebral - Escala Euroscore
Description
Objectivos: Neste trabalho de investigação procurou responder a 3 objectivos primordiais: (1) determinar se o score de cálcio baixo identifica ou não indivíduos com escasso atingimento aterosclerótico nos territórios cerebrovascular e vascular periférico; (2) determinar se o reduzido envolvimento coronário, traduzido por um score de cálcio coronário baixo, se traduz em reduzida ocorrência de eventos cardiovasculares major; e (3) correlacionar esse risco com as escalas clássicas. Introdução: Estudos recentes mostram que a quantificação de cálcio nas artérias coronárias, score coronário de cálcio, é um excelente marcador do processo aterosclerótico, melhorando a previsão do risco DCV, sobretudo em indivíduos de risco intermédio. O cálcio coronário (CC) é encontrado em lesões avançadas, mas também pode estar presente em pequenas quantidades em lesões ateroscleróticas recentes que se desenvolvem durante a 2ª ou 3ª década de vida. A quantidade de CC aumenta com a idade, embora a taxa de progressão do CC na idade adulta esteja relacionada com a prevalência de factores de risco em idades precoces. Por esse motivo, a prevalência de um SCC mensurável é inferior em pessoas com menos fatores de risco na sua juventude. Métodos: Realizou-se um estudo observacional composto por 2 partes, uma prospetiva e outra retrospetiva. O estudo prospetivo englobou 54 doentes, que completaram o estudo, nos quais o SCC determinado, no segundo semestre de 2010, foi inferior ou igual a 100. Este estudo foi dividido em duas partes realizadas em tempos diferentes. Numa primeira fase, convocou-se os doentes e averiguou-se os factores de risco presentes e ainda se calculou o ITB. Numa segunda fase foram chamados a realizar o eco-doppler carotídeo. O estudo retrospetivo consistiu na consulta dos processos digitais e em papel de 119 doentes que realizaram o Angio-TC no segundo semestre de 2009 e no primeiro semestre de 2010, nos quais o SCC obtido foi inferior ou igual a 100. Os resultados obtidos no presente estudo foram analisados com recurso aos programas de análise estatística de dados SPSS Statistics Vs 19 e Microsoft Office Excel 2010. Resultados: No estudo prospetivo, 64,8% da amostra era do sexo feminino (35 indivíduos) e a idade média era 64 ±9,6 anos. Cinquenta e três por cento da amostra apresentou um SCC de 0. A quantificação de risco pelas escalas clássicas foi em média 11,8±9,7% e 2,8±3,6% segundo a FRS e a Euroscore, respetivamente. Relativamente à existência de aterosclerose noutros territórios arteriais, 90,7% dos pacientes apresentaram ITB nos valores normais (≤0,9), 53,3% e 55,6% apresentaram espessura ≥1mm e placas carotídeas, respetivamente. Não se encontrou uma relação estatisticamente significativa entre o SCC e o ITB (p=0,22), EIM (p=0,33), FRS (p=0,25) e Euroscore (p=0,06). As escalas clássicas também não apresentaram correlação com o ITB e a EIM. No estudo retrospetivo a maioria dos participantes também era do sexo feminino (52,9%) e a idade média foi de 61,8±10,5 anos. Neste último não se verificou a ocorrência de nenhum evento major (Morte CV, EAM não fatal, AVC não fatal) ao fim de um ano de realização do Angio-TC. Discussão: Apesar do presente estudo ter sido realizado em doentes sintomáticos referenciados para angio-TAC cardíaca (para esclarecimento da clínica), valores de score de cálcio coronário baixo associaram-se a uma elevada a uma considerável prevalência de atingimento vascular cerebrovascular e periférico. Embora não tivesse sido possível estabelecer uma correlação entre este score e as escalas clínicas de estratificação de risco, a prevalência dos factores de risco foi elevada e superior à que é descrita para a população portuguesa. Paralelamente, a identificação de cálcio coronário associou-se a uma maior taxa de prescrição de fármacos vasoprotectores, nomeadamente hipolipemiantes e hipotensores. Tratando-se de uma população com risco vascular à priori significativo, a taxa de eventos registados pela análise retrospetiva revelou-se muito baixa e inferior àquela que seria esperada para uma população com as mesmas características.