Author(s):
Casanova, Natalina Maria Machado Roque
Date: 2016
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.6/4193
Origin: uBibliorum
Subject(s): Futebol; Mulher; POMS; Cortisol; Testosterona; Competição; Performance Desportiva; Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Outras Ciências Sociais
Description
Introdução No desporto, cada atleta procura manter o seu estado ótimo em cada competição, para que, com o aproveitamento máximo das suas capacidades, obtenha um desempenho desportivo o mais elevado possível. Assim, têm sido desenvolvidas diversas investigações que estudam as determinantes da performance desportiva em situação de treino e de competição. Os indicadores de performance desportiva são definidos pela combinação de inúmeras variáveis que determinam o comportamento competitivo do atleta. Nestas variáveis, encontramos determinantes psicológicas, fisiológicas e, no domínio das modalidades coletivas as determinantes situacionais e notacionais. Neste contexto, o futebol aparece como uma modalidade transdisciplinar com associação evidente entre o desempenho desportivo do atleta e o stresse psicofisiológico resultante da situação competitiva que desencadeia nos atletas, processos cognitivos que parecem determinar respostas hormonais características, das quais o cortisol e a testosterona são as que reúnem maior número de estudos. Objetivos Considerando que em situação de competição, o treinador deve conhecer as determinantes do desempenho desportivo dos seus atletas, para obtenção da melhor performance, este trabalho teve os seguintes objetivos: (i) analisar a informação científica resultante dos diversos estudos publicados sobre o assunto em causa; (ii) avaliar em competição, os estados de humor associados à variável psicológica e as concentrações hormonais de cortisol e testosterona associadas à variável neuroendócrina; (iii) avaliar as concentrações hormonais em competição, em função do desempenho individual de cada atleta. Método O processo metodológico decorreu em duas fases distintas, numa primeira fase procedemos a um estudo de revisão, efetuado nas bases científicas Sciende Direct e Medline/PubMed, tendo sido definidos critérios de inclusão e exclusão que permitiram selecionar 18 artigos para análise; Numa segunda fase procedemos à realização de dois estudos experimentais, realizados com a equipa feminina de futebol da seleção nacional, durante um torneio de âmbito internacional constituído por quatro jogos oficiais. O primeiro estudo foi realizado com 20 atletas (idade = 22,85 ± 4,2 anos) que acederam em participar nesta investigação e assinaram o respetivo consentimento informado. Os estados de humor foram avaliados pelo questionário POMS e as concentrações hormonais foram avaliados na saliva, pelo método de imunoensaio. As avaliações foram realizadas em momento de repouso, três dias antes da primeira competição (M1) e nos dias dos jogos (M2 a M5), com recolhas realizadas antes e após competição nos dias dos jogos. O segundo estudo, foi realizado com 18 atletas (as guarda-redes foram excluídas) (idade = 23.06 ± 4.33 anos). Para avaliação da concentração hormonal, foi coletada saliva, com os procedimentos metodológicos já referidos no estudo anterior e foi registado o desempenho técnico individual de cada atleta, através de um sistema de análise notacional com quantificação das ações de envolvimento com bola (positivas e negativas) que permitiu o cálculo do índice de eficácia individual. Resultados As investigações publicadas na área utilizam de uma forma geral pequenas amostras, e em maior número no sexo masculino, tanto em modalidades individuais como coletivas. De uma forma geral, apresentam um efeito à competição, com alterações das concentrações de ambas as hormonas, cortisol e testosterona, nos dias da competição. Estas alterações parecem depender de outras variáveis da competição (resultado da competição, qualidade dos adversários, local de realização, género e nível dos atletas). As atletas de futebol da seleção nacional apresentam em todas as avaliações estados de humor característico de atletas de elite, com configuração de perfil de “iceberg” e associação de estados mais positivos com vitórias e estados mais negativos com derrotas. O cortisol não apresenta diferenças significativas após competição (exceção para M5), enquanto a testosterona diminui de forma significativa após competição, tanto em derrotas, como em vitórias. Não se encontraram diferenças nas concentrações hormonais de C, T e T:C, entre as atletas de melhor e de menor desempenho individual. Nas atletas de melhor desempenho individual verificou-se uma subida de C e uma descida de T e T:C nas concentrações avaliadas antes das competições com derrota. A relação linear entre a variação de ambas as hormonas durante o jogo e a eficácia individual não se mostrou significativa nos quatro jogos avaliados. Conclusão As investigações publicadas apresentam alterações hormonais associadas a situações competitivas dependentes de fatores associados à competição: resultado, local de realização e género e nível desportivo dos atletas. Verificou-se um perfil de estados de humor característico de atletas de alta competição, sem relação significativa com as concentrações hormonais. As atletas de elite de futebol demonstram uma boa adaptação ao efeito do stresse competitivo, não mostrando concentrações hormonais dependentes do resultado do jogo. Nas atletas do nosso estudo verificaram-se diferenças no desempenho individual em competição, mas sem relação com o comportamento hormonal do C e da T antes e após competição.
Introduction In sport each athlete seeks to keep his great state in any competition, so that it is possible to achieve the highest level of his capacities during them. Therefore, many investigations, which study the sportive performance determinants, have been developed both in training and competition situations. The sportive performance indicators are defined by the combination of a whole range of variables that determine the athlete’s competitive behavior. In these variables many psychological, physiological determinants can be found and according to each team sports modality the situational and notational determinants may be established. In this context, football seems to be a transdisciplinary modality with an obvious association between the athlete’s competitive behavior and the psycho-physiological stress resulting from a competitive situation that unleashes in athletes cognitive processes which can determine specific hormonal answers. Cortisol and testosterone are the ones that gather higher number of studies. Aims Taking into account that in any competition situation the trainer should know the sportive determinants of his athletes in order to obtain the best performance, this work has the following aims: (i) to analyze the scientific information from the several studies about the theme which have already been published; (ii) to evaluate in competition the mood associated with the psychological variable and the hormonal concentrations of cortisol and testosterone associated with the neuroendocrine variable; (iii) to evaluate the hormonal concentrations in competition, according to the individual performance of each athlete in competition. Method The methodological process had two distinct stages. On the first one, we made a review study, under the scientific bases of Science direct and Medline/Pubmed, in which inclusion and exclusion criteria were defined and which allowed to select 18 articles to analysis; on the second one, two experimental studies were developed in the female football national team, during an international tournament with four official matches. The first study was developed with 20 athletes (age = 22, 85 + 4, 2 years old) who agreed to participate in this investigation and signed an informed consent. The moods were evaluated by the POMS questionnaire and the hormonal concentrations were evaluated through the saliva, by the immunoassay method. The evaluations were performed during a moment of rest, three days before the first competition (M1) and on the days on the matches (M2 and M5), with the collections performed before and after each competition on the days of the matches. The second study, was performed with 18 athletes (goalkeepers including) (age = 23.06 + 4.33 years old). To the evaluation of the hormonal concentration, saliva was collected with the methodological procedures which have already been mentioned in the previous study, and the individual technical performance was recorded through a system of notational analysis with quantification of the actions with the ball (positive and negative), which allowed the calculation of the individual effectiveness index. Results All the investigations published about this theme use small samples, with a greater number of men both in individual and collective modalities. In general, they presented alteration of the hormones, cortisol and testosterone concentrations during the days of competition. These ones seem to depend on other variables of competition (a result of the competition, quality of the opponent, place of the match, gender and level of the athletes). The female football national team presented in every evaluations, humor characteristic in high level athletes with “iceberg” profile, more positive states with victories and more negative states with defeats. Cortisol does not present significant differences after competitions (except to M5), while testosterone is reduced after competitions, both in defeats and victories. In the C, T and T:C concentrations differences were not found between the athletes of better and lower individual performance. On athletes with a better individual performance an increase of C and a decrease of T was demonstrated, and T:C in concentrations performed before the competitions with defeats. A linear relation between the variation of both hormones during the match and an individual effectiveness was not significantly presented in the four evaluated matches. Conclusion The published investigations show hormonal alterations associated to competitive situations dependent of factors associated to the competition: score, place of the match, gender and level of the athletes. It was verified a mood which is characteristic of high level athletes, without significant relation of the hormonal concentrations. The football high level athletes show a good adaptation to the competitive stress effect. Moreover, they do not show hormonal concentrations dependent of the match result. In the athletes who were part of this study there were differences in the individual performance during the competition but without relation between the hormonal behavior of C and T before and after the competition.