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Dans le dernier sursaut de l’Estado da Índia (1951-1961) : témoignages inédits de deux femmes portugaises

Author(s): Khouri, Nicole ; Leite, Joana Pereira

Date: 2021

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.5/21219

Origin: Repositório da UTL

Subject(s): Empire portugais; Goa, Damão; Société coloniale; Témoignages de femmes; Engagement politique; Vie professionnelle; Império português; Goa, Damão; Sociedade colonial; Testemunhos de mulheres; Engajamento político; Vida profissional; Portuguese Empire; Goa, Damão; Colonial Society; Women Testimonies; Political Engagement; Professional Life


Description

Durant la dernière décennie de l’Estado da India, les témoignages de deux femmes portugaises qui font le voyage à Goa ont retenu notre attention. Première génération de l’Estado Novo, les auteures, nées en 1926, font partie d’une élite éduquée, partagent une conscience politique aigüe du régime et sont engagées dans la métropole dans des mouvements d’opposition. Elles quittent le Portugal pour Goa, territoire de leur exil politique, société qui leur est totalement étrangère et moment important d’une expérience personnelle. La dernière décennie de la domination portugaise signe le dernier sursaut de l’Estado da India qui s’achemine vers le retour de ses territoires à l’Union Indienne en 1961. Les récits que nous livrent ces deux femmes articulent une Histoire de l’Empire portugais apprise sur les bancs de l’école, leur expérience du régime salazariste et la confrontation de leur vécu à Goa. Elles y avancent sur une corde raide, dans une double marge créée par la distance vis à vis de l’administration de la colonie et par la difficile pénétrabilité de la société goanaise. Dans cette posture d’interface et à partir d’un quotidien de grande précarité existentielle, elles apprennent à connaître cette société et s’engagent dans les défis culturels et politiques qui la traversent. De retour au Portugal et bien plus tard, l’une des auteures écrit ses mémoires et l’autre souhaite que les lettres, envoyées presque quotidiennement à sa famille, soient connues. Mémoires et lettres constituent un témoignage en contrepoint d’une part à celui des Portugais de l’Empire dont les statuts étaient définis dans et par une société coloniale et d’autre part à celui des diasporas ayant appartenues à l’Empire (portugaises, goanaises, indiennes) et où il était également intéressant de lire le centre à partir de sa périphérie. Leurs témoignages et leurs réflexions ont des accents très actuels sur la manière d’écrire, de penser et de vivre sur les frontières tant existentielles, que matérielles et symboliques qui séparent et unissent les peuples.

Durante a última década do Estado da India, os testemunhos de duas mulheres portuguesas que viajam a Goa, atraíram a nossa atenção. Primeira geração do Estado Novo, as autoras, nascidas em 1926, fazem parte de uma elite educada e partilham de uma aguda consciência política que as levou , na metrópole, a engajarem-se nos movimentos de oposição ao regime . Ambas deixam Portugal em direção a Goa, uma terra de exílio político , uma sociedade que lhes é totalmente estranha, um momento importante de experiência pessoal. A última década da dominação portuguesa convive com o último sobressalto do Estado da Índia que conduziria ao regresso dos seus territórios à União Indiana, em 1961. As narrativas que nos deixam estas duas mulheres articulam uma História do Império português aprendida nos bancos da escola , a sua experiência do regime salazarista e a confrontação com a sua vivência em Goa. Aí vivem no fio da navalha , numa dupla margem criada quer pela distância face à administração colonial e quer pela difícil penetrabilidade da sociedade goesa. Nesta postura de interface e a partir de um quotidiano de grande precaridade existencial, elas aprendem a conhecer a sociedade e engajam-se nos desafios culturais e políticos que a atravessam. De regresso a Portugal, e bem mais tarde, uma das autoras escreve as suas e memórias e a outra aspira a que as suas cartas, enviadas quase quotidianamente à sua família, sejam conhecidas. Memórias e cartas constituem testemunho em contraponto, por um lado ao dos portugueses do Império, cujos estatutos eram definidos no interior e pela sociedade colonial e, por outro, ao das diásporas que tinham pertencido ao Império ( portuguesas, goesas e indianas), donde é igualmente interessante ler o centro a partir da sua periferia. Os seus testemunhos e as suas reflexões revelam-se da maior valia e atualidade no que respeita a maneira de escrever, de pensar e de viver nas fronteiras tanto existenciais, como materiais e simbólicas que separam e unem os povos.

During the last decade of Estado da Índia, the testimonies of two Portuguese women who embark on a trip to Goa have caught our attention. Born in 1926 and part of the first generation of Estado Novo, the authors belong to an educated elite and share an acute political awareness of the regime, choosing even to engage in the metropolis opposition movements. They left Portugal for Goa, the territory of their political exile, a society totally alien to them and an important moment of personal experience. The last decade of the Portuguese domination sign the last burst of Estado da Índia which is moving towards the return of its territories to the Indian Union in 1961. The stories left by these two women articulate a history of the Portuguese empire, learned on school benches, portraying an experience of the Salazarist regime and the confrontation of the authors’ experience in Goa. There they make their way on a tightrope, created both by the distance to the colonial administration and by the difficult penetrability of Goan society. In this interface and stemming from an everyday of existential precariousness, they get to know this society and engage in the cultural and political challenges that cross it. Back in Portugal and later on, one of the authors write her memories and the other wish for the exposure of the letters, that she daily written to her family . The memoirs and letters constitute a counterpoint testimony, on the one hand to that of the Portuguese of the Empire (whose statuses and belonging were defined in a colonial society) and, on the other, to that of the diasporas belonging to the Empire (Portuguese, Goans , Indians) by where it is also interesting to read the center from its periphery. Their testimonies and their reflections have very current accents on the way of writing, of thinking and living on existential, material, and symbolic borders that both separate and unite people.

Document Type Working paper
Language French
Contributor(s) Repositório da Universidade de Lisboa
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