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A Formação em enfermagem. Que conhecimento? Que contextos? Um estudo etno-sociológico

Autor(es): Amendoeira, José

Data: 1999

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.15/90

Origem: Repositório Científico do Instituto Politécnico de Santarém

Assunto(s): ENFERMAGEM; FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM; CUIDADOS DE ENFERMAGEM


Descrição

Dissertação apresentada para obtenção do grau de mestre.

Nesta investigação procurámos estudar o uso que os enfermeiros dão ao conhecimento, quer o que resulta da aprendizagem no processo educativo (saberes teóricos), quer o que resulta do desenvolvimento da profissão (saberes experienciais), numa lógica interdisciplinar. Partimos do objecto de estudo - O processo de cuidados como organizador da socialização dos enfer-meiros. Para compreender o processo de cuidados a doentes internados em hospitais, bem como as rela-ções entre o processo de cuidados em meio hospitalar e a socialização dos enfermeiros, investigámos a problemática da formação teórica e da formação prática, enquanto relação dialéctica da investigação. O hospital foi o local seleccionado, por ser aí que se produzem relações sociais complexas, estabelecidas entre a missão e os actores (Enfermeiros, médicos, auxiliares de acção médica e outros), e onde o doente é simultaneamente alvo e produtor dos cuidados de saúde. Classificamos o estudo como qualitativo de orientação etno-sociológica, com utilização de técnicas multi-formes de produção de dados (observação participante e entrevista em profundidade), com tratamento dos dados através de análise de conteúdo temática e taxonómica. Como principais conclusões salientamos: • O processo de cuidados constitui-se numa "estrutura actancial" de grande complexidade, emergindo da situação social criada pelas necessidades da pessoa (doente) internada, numa rede complexa de campos de acção e de modos de organizar o trabalho dos diferentes actores. • O doente internado nem sempre é o centro de interesse da referida situação social como seria legíti-mo, de acordo com a missão da organização, as linhas de política da saúde e o paradigma humanista para a formação dos enfermeiros. • Os saberes teóricos da enfermagem têm permitido à formação teórica contribuir para uma autonomi-zação da profissão, preconizando que o centro de interesse do trabalho das enfermeiras é a pessoa saudável ou doente. • A formação em enfermagem, alicerçada nos saberes experienciais, profissionais e organizacionais, atribuem sentido forte à necessidade de contextualizar os cuidados, tendo em consideração os mode-los de cuidar próximos do paradigma humanista, onde a "normatividade" adquire uma importância grande na perspectiva da "socialização" que se realiza interpares, mas com grande ênfase nas normas e valores da organização. • A interdisciplinaridade parece ficar claramente evidenciada na cooperação entre enfermeiras e médi-cos, alicerçada nos saberes teóricos e profissionais, sendo que pelas diferentes orientações paradig-máticas, se constituem como geradores de conflitos. • As estratégias para o exercício das autonomias, passam pela valorização forte da "divisão do traba-lho" alicerçada num paradigma que valoriza teoricamente o doente como centro de interesse, fazendo com que esta seja uma forma de atribuição de poder às enfermeiras, não como atributo, mas baseado na relação interpessoal que lhes permite conhecer melhor alguns doentes. • Utilização de um processo heurístico de organização do trabalho, tanto pelas enfermeiras como pelos médicos, com valorização: do contextual e do jogo, na lógica das zonas de incerteza que emergem do confronto dos diferentes actores, na acção.

Tipo de Documento Dissertação de mestrado
Idioma Português
Contribuidor(es) Repositório Científico do Instituto Politécnico de Santarém
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