Autor(es):
Robalo, Susana Martins Maurício
Data: 2006
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/858
Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Assunto(s): Psicologia legal; Resolução de conflitos; Instrumentos; Resposta mediática; Medidor; Legal psychology; Conflits resolution; Instruments; Mediated response; Medication; Mediator
Descrição
Dissertação de Mestrado em Psicologia Legal
Esta dissertação trata da transformação do profissional de mediação de conflitos para poder ser mediador, através duma cartografia das capacidades e das dificuldades sentidas por estes sujeitos, durante a sua aprendizagem. Era objectivo principal desta investigação, estudar como a formação em mediação de conflitos modifica o estilo de comunicação utilizado pelos indivíduos, na gestão de situações de conflito, designadamente ao nível da confrontação cara-a-cara com o outro, da exposição do próprio, da expressão de emoções, do seu conforto em tornar o seu comportamento privado em público e finalmente, da abordagem (aproximação ou retirada) ao conflito. O objectivo secundário era verificar se as variáveis dependentes seriam, de alguma forma, influenciadas por algumas das características sociais e profissionais dos sujeitos, como o género, a idade, a profissão e o contexto onde decorreu a formação. Procedeu-se à passagem de um inventário de gestão de conflitos, instrumento traduzido e adaptado do original Conflict Communication Scale, a 82 sujeitos de ambos os sexos (maioritariamente do sexo feminino), com idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos, licenciados em Direito (54,9%) ou em Ciências Sociais ou Humanas e outras (45,1%), antes e depois de frequentarem uma formação em mediação de conflitos, com a duração de 130 horas, distribuídos por Coimbra (19), Porto (28), Faro (23) e Lisboa (12). Todas as sub-escalas apresentaram uma consistente subida nos seus valores, quando comparadas as respostas obtidas antes e depois da formação. Sendo esta subida resultado da frequência dos indivíduos na formação, com excepção para a sub-escala Confrontação. A sub-escala onde os indivíduos apresentaram valores, em média, mais elevados, foi na Confrontação (antes da formação), e na Expressão de emoções (depois da formação), seguindo-se-lhes a Exposição do próprio e por último, com resultados substancialmente mais baixos, as sub-escalas de Abordagem (aproximação vs. evitamento) ao conflito e Comportamento público/privado. Também em todas as sub-escalas, antes da formação e em grande maioria, depois da formação, verificou-se existir uma correlação positiva significativa, denotando uma dependência entre as sub-escalas utilizadas, tanto no pré-teste como no pós-teste, observando-se, no entanto, uma redução dos valores, alguns perdendo mesmo a significância, do primeiro para o segundo momento. Da análise em função das características sociográficas, verificaram-se diferenças significativas no género para sub-escala Abordagem ao conflito, antes da formação, com os elementos do sexo masculino a apresentarem valores superiores aos do sexo feminino; na idade, antes da formação, entre os grupos etários dos 25-28 anos e dos 32-37 anos, para a sub-escala Confrontação, com os indivíduos de mais idade a apresentarem resultados mais altos que os de menos idade e dos 29-31 anos e 38-54 anos, para a sub-escala Público/privado com os indivíduos de menor idade a apresentarem resultados superiores aos de maior idade; e na variável contexto da formação, para a sub-escala Público/privado entre os indivíduos a frequentar a formação em Coimbra, e após a frequência desta, quer com os que frequentaram no Porto, quer em Faro. Não se observaram quaisquer diferenças significativas entre os sujeitos de diferentes formações profissionais. Percebida que foi a importância de cada componente, através da formação, os valores passaram a assumir outra força, pressupondo-se uma transformação no olhar do profissional face ao conflito, bem como à maneira de conceber a sua relação com o outro, ou seja, a transformação pessoal necessária para se ser mediador de conflitos.