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Percepção e memória sensível em Maurice Merleau-Ponty

Autor(es): Pardelha, Irene Isabel Pinto

Data: 2007

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10451/436

Origem: Repositório da Universidade de Lisboa

Assunto(s): Merleau-Ponty, Maurice, 1908-1961; Filosofia - França - séc.20; Estética; Filosofia da arte; Teses de mestrado


Descrição

Tese de mestrado em Filosofia apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008

Esta investigação lançou a sua âncora no universo de pensamento do fenomenólogo francês Maurice Merleau-Ponty. Ela visa uma análise da percepção e da memória como actos descritivos da facticidade do humano. A fundamentação de uma teoria da memória sensível beneficia aqui da atmosfera sensível onde Merleau-Ponty inscreveu o fenómeno da percepção. Esta dissertação parte num primeiro momento da análise da crise da razão como cisão do universo do saber e oferece uma perspectiva terapêutica que atravessa as temáticas husserlianas da redução e do regresso ao Lebenswelt, para alcançar, enfim, com o pensamento da percepção de Merleau-Ponty, a tão almejada superação do objectivismo subjacente à cisão do universo racional. Se o corpo é o sujeito de percepção, ele é também abertura que se instaura aquém de todas as dicotomias realçadas pelas teses empiristas e intelectualistas. Numa segunda fase, procuraremos explicar como o corpo em Merleau-Ponty supera a teoria ainda subjectivista do pensamento do Leib husserliana e se impõe, ele mesmo, como sujeito de percepção e de horizontes entendendo-se aqui por horizonte, o universo de uma experiência possível, i. e. por um lado, aquilo que se estende para além do meu corpo e que o envolve; e, por outro lado, aquilo que se afunda nele como experiência passada. A sedimentação das vivências constitui um halo de generalidade e de anonimato intencional que aqui descrevemos como memória sensível e que serve de fundo a todo o gesto perceptivo actual. Nesta linha de análise defendemos que a espontaneidade da percepção se perderia no espectáculo do mundo se não fosse apoiada sobre um fundo sensível, uma dinâmica adormecida da memória como horizonte da própria percepção.

Cette recherche est enracinée dans l'univers de la pensée du phénoménologue français Maurice Merleau-Ponty. Elle a pour but une analyse de la perception e de la mémoire en tant qu'actes descriptifs de la facticité de l'humain. La fondation d'une théorie de la mémoire sensible profite ici de l'atmosphère sensible où Merleau-Ponty a inscrit le phénomène de la perception. Cette dissertation part, dans un premier moment, de l'analyse de la crise de la raison en tant que scission de l'univers du savoir et offre une «perspective thérapeutique» qui traverse les thématiques husserliennes de la réduction e du retour au Lebenswelt, pour atteindre, enfin, avec la pensée de la perception de Merleau-Ponty, le dépassement tellement souhaité de l'objectivisme sous-jacent à la scission de l'univers rationnel. Si le corps est sujet de perception, il est aussi ouverture qui s'instaure en deçà de toutes dichotomies relevées par les thèses empiristes et intellectualistes. Ainsi, sur la base de l'empiètement de la notion de Leib sur la notion de Chair merleau-pontiènne, on essaiera encore de montrer comment la portée accordée par Merleau-Ponty à la pensée de la corporalité a contribué à une affirmation qui ne peut pas être pensée en tant qu'opposition visà-vis de l'intelligible.Dans une deuxième phase, on essaiera d'expliquer comment le corps chez Merleau-Ponty dépasse la théorie encore subjectiviste de la pensée du Leib husserlien et s'impose, lui-même, en tant que sujet de perception et d'horizons. On comprend ici comme horizon l'univers d'une expérience possible, i. e. d'un côté, ce que s'étend au-delà de mon corps et ce qui l'entoure et, d'un autre côté, ce qui s'enfonce en lui en tant qu'expérience passée. La sédimentation des vécus constitue un halo de généralité et d'anonymat intentionnel que nous désignons ici comme mémoire sensible, et qui sert de fond à chaque geste

Tipo de Documento Dissertação de mestrado
Idioma Português
Orientador(es) Dias, Isabel Matos, 1950-; Duarte, Irene Borges, 1952-
Contribuidor(es) Repositório da Universidade de Lisboa
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