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Fundamentos históricos da poesia luso-árabe (no século de almutâmide) na nova música portuguesa o amor e o vinho

Autor(es): Raposo, Eduardo Manuel da Conceição Candeias

Data: 2009

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/5690

Origem: Repositório Institucional da UNL

Assunto(s): Poesia; Sul; Portugal; Beleza; Amor; Vinho


Descrição

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História Cultural e das Mentalidades Contemporâneas

Temos como objectivo estudar a importância que a Poesia tem na Nova Música Portuguesa, dando assim continuidade cronológica ao estudo anterior, resultante da tese de mestrado e depois publicado: Canto de Intervenção 1960-1974. A “Canção de Coimbra” levou-nos ao lirismo trovadoresco e este ao Zéjel, nascido em finais do século IX, na região de Córdova, para ser cantado, fruto de um encontro de línguas e culturas. A presença do Sul será sempre uma constante. Percebemos então a importância que o “Século de Almutâmide”- Poeta-Rei (1040-1095) nascido em Beja - poderá ter tido para a génese da nossa poesia lírica, assim como este período de apogeu civilizacional, possibilitou o “caldo de cultura” existente no Garbe al-Andalus, onde poucas décadas depois surgiu o reino de Portugal. Terá sido nos séculos XI e XII que se inicia a “caminhada” poética que percorremos, destacando-se D. Dinis (e seu avô Afonso X, o sábio), João Roiz de Castelo Branco, Bernardim Ribeiro, António Ferreira, Gil Vicente, Luís de Camões, Francisco Rodrigues Lobo, Bocage, Marquesa de Alorna, e as várias gerações do Romantismo, entre outros, que são o rosto visível desta “aventura” lírica que marca indelevelmente a História de Portugal. Pessoa revê-se neste imaginário poético de há quase mil anos. Hoje, em 2009, depois de Coimbra e do Canto de Intervenção, os intérpretes, “cantautores” e “escritores de canções”, identificados com a matriz do génio da nossa música popular, José Afonso, trilharam novos e inovadores caminhos musicais, mas a poesia, a grande poesia é a marca da perenidade. É assim que Sérgio Godinho, Rui Veloso, Janita Salomé, Vitorino, Fausto, Luís Represas e Trovante, mas também a Brigada Víctor Jara, João Afonso, Francisco Naia ou Eduardo Ramos (cantam-se ou) cantam, desde Almutâmide e Ibne Sara a Carlos Tê, João Monge, Carlos Mota de Oliveira, José Jorge Letria, Hélia Correia, Luís Andrade (Pignatelli) e claro, Manuel Alegre, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade, Maria Rosa Colaço, José Afonso, entre muitos, não esquecendo os temas de raiz popular. Assim, apenas vos queremos falar da Beleza. Da Beleza presente na Poesia e na Vida, o Amor e o Vinho - temas nos poemas transcritos - elementos caracterizadores deste país com um património genético no Sul mediterrânico, onde o Sol dá o tom certo da sensualidade dos corpos e o vinho produz a languidez da libertação dos sentidos. Deste país que também é fruto da sensibilidade dos seus poetas, dos seus reis-poetas. Bebendo no apogeu civilizacional que acabava de acontecer no al-Andalus e nomeadamente aqui no Garbe – fruto da síntese das civilizações mediterrânicas que o Islão nos legou - nasceu Portugal. E sem esse legado anterior à nacionalidade mas tão presente, no dizer de Adalberto Alves: “nós Portugueses seríamos também outros, menos apaixonados”(…) e “Talvez que a Saudade não fosse dita em português e Camões ou Pessoa não pudessem ter sido.”

Tipo de Documento Tese de doutoramento
Idioma Português
Orientador(es) Vicente, António Pedro
Contribuidor(es) RUN
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