Mapeamento da Úlcera Diabética e Qualidade de Vida em Pessoas com Diabetes em dois Hospitais em Bissau

• Autor(es): Sá, Adjou M
• Data: 2025
• Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10314/10161
• Origem: Repositório Institucional do Instituto Politécnico da Guarda
• Assunto(s): Diabetes; úlcera do pé diabético; qualidade de vida; complicações
• Tipo de Documento: Dissertação de mestrado
• Idioma: Português

Descrição

Introdução: Na Guiné-Bissau (GB) estima-se que haja cerca de 5-10 % de pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2). A DM2 é uma doença crónica causada pela produção insuficiente de insulina ou pelo uso ineficaz da mesma pelo organismo. Na GB, fatores socioeconómicos, tais como a crescente urbanização, a coexistência de doenças infeciosas e o acesso limitado aos cuidados de saúde, dificultam o diagnóstico e tratamento da DM, especialmente nas áreas rurais e contribuem para o aumento do número de casos de DM e consequentemente das suas complicações, nomeadamente úlcera de pé diabético (UPD). Objetivo: Tendo em conta o aumento de número de casos de DM2 na GB, é expectável que as suas complicações clínicas, nomeadamente feridas/ulcera crónica do pé (UPD) também aumentem. Este trabalho tem como objetivo realizar a caracterização antropométrica, sociodemográfica e sociocultural de doentes com UPD bem como o mapeamento dos casos de UPD em 2 hospitais no Setor Autónoma de Bissau (SAB). Metodologia: O presente estudo, é um estudo observacional descritivo e transversal, realizado no SAB, em particular no Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM) e no Hospital Militar (HM). Foram incluídos no estudo doentes hospitalizados e/ ou em regime ambulatório que recorreram aos serviços hospitalares de janeiro a março de 2024. Os doentes que deram o seu consentimento escrito e informado para participar no estudo, foram entrevistados e recolhida informação sociodemográfica relevante. Adicionalmente recolheu-se a seguinte informação clínica: hemoglobina glicada A1c (HbA1c), pressão arterial (PA), hospitalização-internado/ambulatório, cicatriz da vacina contra a tuberculose (BCG), número de diagnósticos da UPD, duração e profundidade de ferida, amputação. Avaliou-se ainda a capacidade de controlo da diabetes, literacia em saúde e qualidade de vida desses doentes. Os resultados foram analisados usando Software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 25.0. Resultados: Foram incluídos no estudo 53 doentes, com uma média de idades de 57 anos (mínimo: 32; máximo: 73). A maioria dos doentes era do sexo feminino (60,38%) e residente na região do SAB (52,84%). Entre os doentes incluídos, 50,94% não sabiam ler nem escrever. Em relação às informações clínicas, 77,36% encontravam-se hospitalizados. Observouse que 86,8% dos doentes hospitalizados e 83,3% dos doentes em regime ambulatório apresentavam valores de HbA1c iguais ou superiores a 7%. A maior parte dos doentes foi diagnosticado pela primeira vez com UPD, sendo que, em 64,15% dos casos, o diagnóstico ocorreu há mais de três meses. No que se refere às características das úlceras, 37,37% dos participantes apresentavam úlceras profundas; 30,18%, úlceras superficiais; 20,75%, úlceras envolvendo cápsulas e tendões; e 11,32%, úlceras extensas envolvendo ossos. Dos 53 doentes incluídos no estudo, 36 sofreram amputações, correspondendo a 67,92% dos casos. A maioria dos participantes relatou ter uma qualidade de vida fraca. Quando questionados sobre a perceção da qualidade de vida, 69,81% consideraram sua vida fraca, sendo 68,29% entre os hospitalizados e 75,00% entre os doentes em regime ambulatório. Além disso, todos os participantes concordaram com a afirmação de que os serviços de saúde da Guiné-Bissau não estão preparados para os doentes com DM. Conclusão: Este estudo exploratório revela condições clínicas preocupantes entre doentes com UPD na Guiné-Bissau. No entanto, o número limitado de doentes incluídos reforça a necessidade de realizar mais estudos sobre esta população.