Conhecimentos, perceções, práticas e barreiras dos enfermeiros no Stewardship antimicrobiano: um estudo em serviços de elevada utilização de antimicrobianos numa unidade de saúde

• Autor(es): Linhares, Sandra Maria Carneiro Delgado
• Data: 2024
• Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10198/30830
• Origem: Biblioteca Digital do IPB
• Assunto(s): Enfermeiros; Stewardship antimicrobiano; Perceções; Barreiras; Conhecimentos
• Tipo de Documento: Dissertação de mestrado
• Idioma: Português
• Contribuidor(es): Biblioteca Digital do IPB; Baptista, Gorete

Descrição

O desenvolvimento das competências comuns e específicas do enfermeiro especialista em enfermagem médico-cirúrgica, bem como das competências específicas na área de enfermagem à pessoa em situação crítica, serviram como guia condutor na realização destes estágios, tendo por base os regulamentos n.º 140/2019 e n.º 429/2018 da Ordem dos Enfermeiros (OE, 2018, 2019b). Além disso as competências referentes ao grau de mestre também foram comtempladas. Este grau exige a capacidade de integrar e aplicar conhecimentos de forma autónoma, bem como iniciar, contribuir, desenvolver e disseminar investigação que promova a prática de enfermagem baseada na evidência reforçando assim a componente de investigação inserida nestas competências (Ministério da Ciência, 2006). Esta prática baseada na evidência é importante para melhorar a qualidade dos cuidados de enfermagem e neste sentido, foi desenvolvido um estudo sobre os conhecimentos, perceções, práticas e barreiras que os enfermeiros têm sobre a gestão antimicrobiana. Este tema foi escolhido por a resistência antimicrobiana ser um problema mundial, com impacto significativo na saúde da população, afetando diretamente a qualidade e segurança dos cuidados prestados aos utentes, ao mesmo tempo que representa um desafio tanto para os prestadores de cuidados como para a sociedade em geral. Objetivos: Realizar uma descrição e reflexão crítica das atividades e competências desenvolvidas no cuidado à pessoa em situação critica; explorar os conhecimentos, perceções, práticas e barreiras que os enfermeiros têm sobre a gestão dos antimicrobianos. Métodos: O desenvolvimento de competências foi realizado através de três estágios clínicos centrados no cuidado ao doente crítico (serviço de controlo de infeção, serviço de medicina intensiva e urgência médico-cirúrgica). Para o desenvolvimento da competência de investigação, foi realizado um estudo analítico e transversal, com uma amostra de 182 enfermeiros a exercerem funções numa unidade de saúde da região Norte. O instrumento de recolha de dados foi um questionário adaptado da literatura, nomeadamente de Padigos, et al. (2022), aplicado nos meses de setembro e outubro de 2023. Todos os princípios éticos foram respeitados durante o estudo. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software IBM SPSS Statistics 24.0 Resultados: Os estágios permitiram o desenvolvimento e a consolidação das competências comuns e específicas do enfermeiro especialista. As competências comuns incluem a responsabilidade profissional, ética e legal; a melhoria contínua da qualidade; a gestão dos cuidados e o desenvolvimento das aprendizagens profissionais. No que concerne às competências especificas do enfermeiro especialista em enfermagem à pessoa em situação critica são o cuidar da pessoa, família/cuidador a vivenciar processos complexos de doença crítica e/ou falência orgânica, dinamizar a resposta em situações de emergência, exceção e catástrofe, da conceção à ação e Maximizar a prevenção, intervenção e controlo da infeção e de resistência a antimicrobianos perante a pessoa em situação crítica e/ou falência orgânica, face à complexidade da situação e à necessidade de respostas em tempo útil e adequadas (OE, 2018, 2019b). O estudo de investigação revelou diferenças significativas entre os géneros e os serviços onde os enfermeiros exercem. Enfermeiros do género masculino relataram uma maior frequência de práticas com antimicrobianos (p <0,05), enquanto as enfermeiras mulheres relataram maiores dificuldades no seu envolvimento na gestão antimicrobiana (p <0,05). Foi também observado que os enfermeiros do serviço de medicina intensiva tinham uma menor frequência de práticas com antimicrobianos (p <0,05). Apesar de não haver significância estatística (p = 0,067), os enfermeiros do serviço de ortopedia mostraram menos dificuldades no envolvimento com a gestão antimicrobiana, em contraste com os do serviço de medicina intensiva, que tiveram uma perceção menos positiva sobre o seu papel (p = 0,075). O tempo de exercício profissional dos enfermeiros não demonstrou ter um impacto direto nas perceções, práticas e barreiras relacionadas com o Stewardship antimicrobiano. Conclusão: Os estágios foram fundamentais para desenvolver as competências previstas para o enfermeiro especialista e mestre em Enfermagem Médico-Cirúrgica na Área de Enfermagem à Pessoa em Situação Critica. Os principais contributos do estudo para a prática baseada na evidência incluem a demonstração da importância de envolver mais ativamente os enfermeiros na gestão antimicrobiana, o alerta para lacunas no reconhecimento e valorização da sua opinião pelas equipas, bem como a necessidade de formação específica em Stewardship antimicrobiano e prevenção de infeções, apontando para estratégias que potenciem a participação efetiva dos enfermeiros na promoção da segurança e qualidade dos cuidados. A capacitação dos enfermeiros nesta área deveria começar na formação académica e serem emanadas diretrizes de organismos competentes que contemplem o papel dos enfermeiros no Stewardship antimicrobiano.