Author(s):
Simões, João
Date: 2023
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.26/48550
Origin: Instituto Politécnico de Setúbal
Subject(s): Condições Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho; Fatores de risco; Prevalência; Trabalhadores técnico-administrativos; Work-Related Musculoskeletal Disorders; Risk Factors; Prevalence; Administrative Workers
Description
Introdução: As Condições Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (CMERT) são o principal problema de saúde ocupacional a nível da União Europeia (UE) com elevado impacto nos trabalhadores, empresas e sociedade. Objectivos: Determinar a prevalência de CME nos trabalhadores administrativos da Câmara Municipal de Setúbal (CMS), caracterizar os fatores de risco relacionados com o trabalho (físicos, organizacionais e psicossociais) e fatores sociodemográficos e individuais, e examinar a sua relação a presença de CMERTs. Metodologia: Foi realizado um estudo observacional, transversal, com 165 trabalhadores que completaram um questionário desenvolvido para o efeito. Previamente à sua utilização na amostra em estudo o questionário foi submetido a validação facial e de conteúdo por um grupo de peritos e a um estudo piloto. Os dados recolhidos relativos às características da amostra e dos fatores de risco foram analisados com recurso a estatística descritiva. A associação independente dos fatores de risco com a presença de CMERTs foi avaliada através da regressão logística. Resultados: A prevalência de CMERT nos últimos 7dias foi de 56,4%, sendo a região lombar a mais referida (43,6%), seguida da região cervical e membros superiores (40,6%). Os resultados da análise multivariada mostram que a presença de sintomas CMERT nos últimos 7 dias, em pelo menos uma região anatómica, (versus não presença) é 5 vezes superior nos trabalhadores expostos a “posições dolorosas ou fatigantes” (OR = 5,04; 95% CI 1,93 – 13,11; p=<0,001), e a “movimentos repetidos da mão ou braço” (OR = 5,03; 95% CI 1,82 – 13,89; p=0,002), 2,6 vezes superior nos trabalhadores que reportaram “fadiga emocional relacionada com o trabalho” (OR = 2,55; 95% CI 1,01 – 6,44; p=0,047), e 2,7 vezes superior nos participantes que referiram “hábitos tabágicos” (OR = 2,66; 95% CI 1,20 – 5,92; p=0,016). Conclusões: Foi encontrada uma prevalência elevada de sintomas MERT, principalmente nas regiões lombar, cervical e membros superiores. Hábitos tabágicos, posições dolorosas ou fatigantes, movimentos repetidos da mão e fadiga emocional relacionada com o trabalho, foram identificados como fatores de risco para a presença de queixas MERT nos trabalhadores administrativos da CMS. Uma abordagem com o objetivo de promover a saúde ME em contexto ocupacional, basada nas necessidades da amostra, assim como a prevenção da exposição aos fatores de risco identificados são possíveis implicações deste estudo. Futuros estudos poderão procurar aprofundar os resultados encontrados, através de um questionário mais específico para a amostra, observação dos postos de trabalho e/ou com recurso a grupos focais.