Author(s): Portela, Joana
Date: 2025
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10174/38240
Origin: Repositório Científico da Universidade de Évora
Subject(s): Alentejo; Paisagem; Lã; Vagar
Author(s): Portela, Joana
Date: 2025
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10174/38240
Origin: Repositório Científico da Universidade de Évora
Subject(s): Alentejo; Paisagem; Lã; Vagar
Partindo de uma abordagem ecocrítica e fenomenológica às representações da paisagem alentejana na literatura portuguesa do século XX, este ensaio procura trazer um novo olhar sobre as paisagens associadas à prática do pastoreio no Alentejo. Desde tempos ancestrais, as planícies alentejanas, cobertas de matos mediterrânicos, foram atravessadas por numerosos rebanhos de ovelhas. Ao ler os geógrafos e historiadores, percebe-se a perenidade de um território que foi sendo moldado pelo pastoreio, uma paisagem de lã em movimento. A pastorícia de gado ovino foi, durante muitos séculos, uma actividade de importância primordial na economia rural deste território do Sul. Convocando inspirações e conceitos da antropologia ecológica e da ecologia dos materiais de Tim Ingold, e através da análise entrelaçada de vários excertos literários que se situam no Alentejo, sugerem-se novos sentidos e novas leituras da paisagem, seguindo uma linha de pensamento que se desenrola pelos fluxos e materialidade da lã, pela temporalidade do vagar alentejano e pela humanidade contemplativa dos pastores. Sugere-se uma leitura da paisagem alentejana a partir do conceito de fluxos de materiais de Ingold, dando especial atenção à lã no seu fluir orgânico e vital: ovelha-velo-malha. Destaca-se ainda a pertinência do conceito de vagar, indissociável das paisagens alentejanas de pastorícia.