Autor(es):
Fernandes, Margarida Melo dos Santos
Data: 2024
Identificador Persistente: https://hdl.handle.net/10316/117064
Origem: Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Assunto(s): Obstetric Violence; Roma Women; Pregnancy; Childbirth; Maternal Health; Violência Obstétrica; Mulheres Ciganas; Gravidez; Parto; Saúde Materna
Descrição
Dissertação de Mestrado em Sociologia apresentada à Faculdade de Economia
Motherhood is a significant event in women's lives, marked by vulnerabilities and challenges. Although maternal health care has improved significantly over the decades, the phenomenon of obstetric violence, characterized by abusive and disrespectful practices and behaviour, has negatively affected women's experiences of pregnancy and childbirth. This phenomenon has occupied a prominent place in the social sciences and in health, not only as a way of highlighting the disagreement that exists around this concept, but also as a way of revealing the various layers of complexity that characterize it. However, although several debates on obstetric violence are beginning to emerge, its occurrence in racialized groups, such as Roma communities, is still little explored. This research aims to explore Roma women's experiences of pregnancy and childbirth, with a focus on obstetric violence. This research arises from the need to analyze how ethnic-racial factors can influence these women's experiences with regard to access to and quality of maternal health care. It is hoped that this study will contribute to the debate on maternal health in diverse socio-cultural contexts. By adopting a qualitative, exploratory methodology, we were able to analyze Roma women's perceptions of pregnancy and childbirth, considering how intersectional factors influence their experiences during pregnancy. To this end, semi-structured interviews were conducted with 11 Roma women, who bravely shared their experiences, and four technicians who work on the front line with the participating women.
A maternidade é um evento significativo na vida das mulheres, sendo marcado por vulnerabilidades e desafios. Ainda que os cuidados de saúde maternos tenham melhorado significativamente ao longo das décadas, o fenómeno da violência obstétrica, caracterizado por práticas e comportamentos abusivos e desrespeitosos, tem afetado, negativamente, as experiências de gravidez e parto das mulheres. Este fenómeno tem ocupado um lugar de destaque nas ciências sociais e na saúde, não só como forma de evidenciar a discordância existente em torno deste conceito, mas permitindo também revelar as várias camadas de complexidade que o caracterizam. Contudo, ainda que comecem a surgir vários debates relativos à violência obstétrica, a sua ocorrência em grupos racializados, como é o caso das comunidades ciganas, é ainda pouco explorado. A presente investigação visa explorar as experiências de gravidez e parto das mulheres ciganas, com enfoque na violência obstétrica. Esta pesquisa surge da necessidade de analisar de que forma fatores étnico-raciais podem influenciar as experiências destas mulheres, no que diz respeito ao acesso e à qualidade dos cuidados de saúde materna que lhes são conferidos. Almeja-se, assim, que este estudo contribua para o debate sobre saúde materna em contextos socioculturais diversos. A adoção de uma metodologia qualitativa de carácter exploratório permitiu analisar as perceções das mulheres ciganas no que concerne à gravidez e ao parto, considerando como fatores interseccionais influenciam as suas vivências ao longo da gestação. Para tal, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 11 mulheres ciganas, que, corajosamente, compartilharam as suas experiências, e quatro técnicos que trabalham na linha da frente com as mulheres participantes.