Author(s):
Guincho, Joana ; Baptista, Luís ; Sousa, Carlota ; Donato, Mariana ; Cabral, Rui ; Escada, Pedro
Date: 2024
Origin: Revista Portuguesa de Otorrinolaringologia-Cirurgia de Cabeça e Pescoço
Subject(s): Perturbação do olfato; anosmia; hiposmia; odor; nasossinusal; neurossensorial; pós-infecciosa; pós-traumática; Olfactory dysfunction; anosmia; hyposmia; smell; sinonasal; neurosensory; post-infeccious; post-traumatic
Description
Introduction: Olfactory dysfunction (OD) affects up to 20% of the population. Despite significant progress in olfactory function testing, the diagnosis and treatment of OD remains a challenge. Aim: To conduct a descriptive and statistical analysis of patients undergoing follow-up for olfaction and taste dysfunction. Methods: Retrospective study including patients evaluated for olfaction and taste dysfunctions at a tertiary hospital between 2016 and 2023. We collected data on demographics, associated comorbidities, initial severity of OD, symptom duration, other sinonasal symptoms, and therapeutic approach. We used the Sniffin’ Stiks®, validated for Portuguese, to assess olfaction and presented the results as the TDI score. A melhoria do olfato após instituição terapêutica foi tida por um aumento mínimo de 5 pontos no TDI score. Results: 133 patients were included (81 females, mean age of 54.55 years). According to statistical analysis, the most common presumed etiology was sinonasal disease (60%), presenting worse results in the threshold assessment test than in the odour discrimination and identification tests. Post-infectious OD (12%) had satisfactory results in threshold and discrimination and lower results in odour identification. Patients with neurodegenerative pathology (10%) showed a good result in the threshold assessment but a lower result in odour identification and discrimination. Post-traumatic OD (8%) presented an overall low TDI score. Treatment was according to the presumed etiology. Post-infectious was the etiology with better outcome in terms of TDI score improvement. Conclusion: Identifying the etiology through the assessment of various presentations and psychophysical patterns of olfaction is essential to develop targeted treatment strategies. However, the correct categorization of etiologies remains a challenge and highlights the need to improve diagnostic strategies.
Introdução: A disfunção do olfato afeta 10 a 20% da população e compreende alterações qualitativas e quantitativas. A avaliação clínica tem como objetivo presumir uma etiologia com base na história clínica, exame objetivo e exames psicofísicos do olfato. Apesar de ser cada vez mais fácil avaliar a função olfativa, estabelecer a etiologia da perturbação do olfato permanece um desafio. Objetivo: Realizar análise descritiva dos doentes seguidos em consulta de Perturbações Olfato e Gosto, categorizar as etiologias com base na história clínica e testes psicofísicos do olfato e documentar os outcomes terapêuticos. Material e métodos: Estudo retrospetivo dos doentes avaliados em consulta de de Olfato e Gosto entre 2016 e 2023. Foram recolhidos dados demográficos, comorbilidades associadas, gravidade inicial da perda olfativa, duração das queixas, presença de outros sintomas nasossinusais, exames de diagnóstico e terapêutica instituída. A avaliação psicofísica do olfato foi realizada através da aplicação do Sniffin’ Stiks® validado para português de Portugal, e o resultado apresentado em score TDI. A melhoria do olfato após instituição terapêutica foi tida por um aumento mínimo de 5 pontos no TDI score. Resultados: Foram incluídos 133 doentes, 81 do sexo feminino, com idade média de 54,55 anos. Os doentes foram categorizados em 8 grupos de acordo com a etiologia presumida da perturbação do olfato. A análise estatística dos resultados demonstrou que a etiologia presumida mais frequente foi a nasossinusal, com prevalência de 60%, apresentando resultados piores no teste de avaliação do limiar que nos testes de discriminação e identificação do odor. Os doentes com perda olfativa pós-infeciosa (12%) apresentavam resultados satisfatórios no limiar e na discriminação e resultados mais baixos na identificação do odor. Doentes com patologia neurodegenerativa (10%) mostravam um bom resultado na avaliação do limiar, mas resultado mais baixo na identificação e discriminação do odor. A perda de olfato pós-traumática representa 8% dos casos, e apresentou um score TDI globalmente baixo (19,43). Os doentes foram tratados com corticoide nasal, ciclos curtos de corticoide sistémico, reabilitação olfativa, ou cirurgicamente, de acordo com a etologia presumida. A etiologia com melhor prognóstico foi a pós-infecciosa. A etiologia com pior prognóstico foi a pós-traumática. Conclusão: Dada a prevalência das perturbações do olfato e a sua relação com a qualidade de vida e segurança da população, a sua identificação e tratamento precoces são de especial importância. A identificação da etiologia, através da avaliação das várias apresentações e padrões psicofísicos do olfato é essencial para desenvolver estratégias de tratamento direcionadas. No entanto, a correta categorização das etiologias permanece um desafio e destaca a necessidade de aprimorar estratégias diagnósticas.