Author(s):
Carvalho, João ; Nunes, Pedro ; Antunes, Hugo ; Tavares-da-Silva, Edgar ; Parada, Belmiro ; Roseiro, António ; Ferreira, Carlos ; Figueiredo, Arnaldo
Date: 2019
Origin: Acta Urológica Portuguesa
Subject(s): Body Mass Index; Kidney Transplantation; Obesity; Overweight; Treatment Outcome; Excesso de Peso; Índice de Massa Corporal; Obesidade; Resultado do Tratamento; Transplantação Renal
Description
Introduction: Obesity is an increasingly common disease in patients with end-stage chronic kidney disease candidates for renal transplantation. It is an important factor that should be addressed in the period before renal transplantation. The aim of this study is to evaluate the impact of pretransplantation body mass index (BMI) in graft and recipient outcomes. Material and Methods: An observational retrospective analysis of 913 kidney transplantations was performed between September 2010 and May 2017. Recipients were categorized in groups: obesity (group 1), overweight (group 2) and normal BMI (group 3). A preoperative protocol was used: recipient and donor characteristics, perioperative data, graft and patient survival were evaluated. The software used was IBM SPSS Statistics 23: p value of < 0.05 was considered statiscally significant. Results: Overweight was observed in 36.2% and obesity in 12.3%. In groups 1 and 2, there was a higher prevalence of type II diabetes mellitus compared with group 3 (17.9%, 16.4%, 6.6%, respectively, p < 0.001). Recipient creatinine serum levels at first and third months were also statistically different. Both groups 1 and 2 showed higher surgery duration and postoperative length of stay. It was noticed a lower immediate diuresis rate in group 1 (63.2%) and in group 2 (80.4%), p < 0.0001. Perioperative complications were more prevalent in groups 1 and 2, especially lymphocele formation (21.4% and 7.7%, respectively, versus 3.6%) and wound dehiscence (21.4% and 5.8%, respectively, versus 1.2%), p < 0.05. No statistically differences were seen in graft and patient survival. Conclusion: Pretransplantation weight is important in renal transplantation: worse renal function in the first and third months, longer surgery duration and postoperative length of stay, higher delayed graft function rate and a higher prevalence of lymphocele formation and wound dehiscence were noticed in both non-normal weight groups. However, obese and overweight groups showed similar survival and long-term outcome comparing with normal BMI recipients.
Introdução: A obesidade é uma doença cada mais comum nos doentes com doença renal crónica terminal candidatos a transplantação renal. É um factor importante que deverá ser considerado no período prévio ao transplante renal. O objectivo deste estudo é avaliar o impacto do índice de massa corporal (IMC) pré-transplante no enxerto renal e nos recetores. Material e Métodos: Foi realizado um estudo observacional retrospectivo de 913 doentes submetidos a transplante renal entre Setembro de 2010 e Maio de 2017. Os recetores foram divididos em grupos: obesidade (grupo 1), excesso de peso (grupo 2) e IMC normal (grupo 3). Um protocolo pré-operatório foi utilizado: as características do receptor e do dador, dados perioperatórios, sobrevivência do enxerto e dos doentes foram avaliados. O software utilizado foi o IBM SPSS Statistics 23: valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados: Excesso de peso foi observado em 36,2% e obesidade em 12,3%. Nos grupos 1 e 2, houve maior prevalência de diabetes mellitus tipo II em relação ao grupo 3 (17,9%, 16,4%, 6,6%, respectivamente, p < 0,001). Os níveis séricos de creatinina no primeiro e terceiro meses também foram estatisticamente diferentes. Ambos os grupos 1 e 2 apresentaram maior tempo de cirurgia e maior tempo de internamento. Verificou-se uma menor taxa de diurese imediata no grupo 1 (63,2%) e no grupo 2 (80,4%), p < 0,0001. Verificaram-se mais complicações perioperatórias nos grupos 1 e 2, especialmente linfocelos (21,4% e 7,7%, respectivamente, versus 3,6%) e deiscência da ferida (21,4% e 5,8%, respectivamente, versus 1.2%), p < 0,05. Não se verificaram diferenças estatísticas na sobrevivência do enxerto e do doente. Conclusão: O peso corporal pré-transplante é um dado importante no transplante renal: verificou-se pior função renal no primeiro e terceiro mês, maior tempo de cirurgia e de internamento, maior taxa de função do enxerto tardia e maior prevalência de linfocelo e de deiscência de ferida nos doentes com excesso de peso e com obesidade. No entanto, as taxas de sobrevivência e os resultados a longo prazo foram semelhantes entre todos os grupos.