Author(s):
Jorge, Vítor Oliveira
Date: 2024
Origin: E- Revista de Estudos Interculturais
Subject(s): arquivo; memória; tradição europeia; psicanálise e pulsão escópica; antropologia comparada da figuração; fotografia; poder; media; colonialismo; Archive; memory; european tradition; psychoanalysis and scopic drive; comparative anthropology of figuration; photography; power; media; colonialism
Description
Photography is one of the ways we have to fight against the decadence and death that time inevitably brings to everything human, and to each of us as individuals. Its discovery and now its generalisation through the digital system, with the possibility of being produced instantaneously through the most different means, and laboratory-processed, creates infinite possibilities of reality. It has implications in all areas of human life. It also corresponds to a democratisation of plastic artistic expression, as it allows a cultivated person to produce works of aesthetic value from a set of relatively easy-to-obtain means. In this sense, in the society of spectacle in which we live (G. Debord) and in the proliferating world of images in which we are immersed as compulsive consumers of what we see on screens, photography is central, whether at an amateur or professional level. More than denoting realities, photography creates, like other art forms, new realities, which at the same time are fleeting, impossible to fix by the retina, but which also remain, in the photo, imprisoned forever and ever. It is in this sense that it is a contradictory activity since it stagnates and "kills" what it records, but at the same time makes the fleeting instant live, endure. Photography corresponds to a scopic drive, to a compulsive desire to see, which is at the same time a reason for pleasure and disillusionment. Because we always want to see more, jouissance is never complete, by definition, because it only ends with death.
A fotografia é uma das formas que temos de lutar contra a decadência e a morte que o tempo inevitavelmente traz a tudo o que é humano, e a cada um de nós enquanto indivíduos. A sua descoberta e agora a sua generalização através do sistema digital, com a possibilidade de ser produzida instantaneamente através dos mais diferentes meios, e transformada laboratorialmente, cria infinitas possibilidades de realidade. Tem implicações em todos os domínios da vida humana. Corresponde também a uma democratização da expressão artística plástica, pois permite a uma pessoa culta produzir obras de valor estético a partir de um conjunto de meios relativamente fáceis de obter. Neste sentido, na sociedade do espetáculo em que vivemos (G. Debord) e no mundo proliferante de imagens em que estamos imersos como consumidores compulsivos do que vemos nos ecrãs, a fotografia é central, seja a nível amador ou profissional. Mais do que denotar realidades, a fotografia cria, à semelhança de outras formas de arte, novas realidades, que ao mesmo tempo são fugazes, impossíveis de fixar pela retina, mas que também ficam, na fotografia, aprisionadas para todo o sempre. É neste sentido que é uma atividade contraditória, pois estagna e "mata" o que regista, mas ao mesmo tempo faz viver, perdurar, o instante fugaz. A fotografia corresponde a uma pulsão escópica, a um desejo compulsivo de ver, que é ao mesmo tempo motivo de prazer e de desilusão. Porque queremos sempre ver mais, o gozo nunca está completo, por definição, porque só termina com a morte.