Author(s): Ferrão, Ana Rita ; Sousa Silva, Marcelo ; Atouguia, Jorge ; Seixas, Jorge
Date: 2018
Origin: Anais do Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Author(s): Ferrão, Ana Rita ; Sousa Silva, Marcelo ; Atouguia, Jorge ; Seixas, Jorge
Date: 2018
Origin: Anais do Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Chagas disease is caused by the protozoan Trypanosoma cruzi and can be transmitted to humans by a triatomine vector (only in Latin America), from mother to child, transfusion, transplant or orally. After an acute phase of several weeks, the disease progresses asymptomatically for decades. Approximately 40 % of the subjects in this phase progress to the chronic phase, which is characterized by progressive heart failure with severe arrhythmias and/or dilations of the digestive tract. The movement of an increasingly number of migrants from Latin America to Europe establishes Chagas disease as a public health problem in this region. In Portugal the number of Latin American immigrants has increased year after year. Brazil is highlighted as the main country of origin. However, the number of Latin American residents with Chagas disease in Portugal is unknown. The World Health Organization recommends screening tests for T. cruzi to prevent transmission in non-endemic countries. This prevention would be made at the level of blood transfusions, organ transplantation and vertical transmission. However, only a few European countries perform systematic screening for Chagas disease. In Portugal there are nine confirmed cases of Chagas disease, which compared to the estimated number of existing cases constitutes a huge discrepancy. Two epidemiological studies for detection of T. cruzi were made in our country, one of which is still ongoing. These studies have not, to date, found positive cases. Chagas disease is still a neglected disease, poorly understood by most of the health professionals and diagnosis and treatment are still far from ideal. The challenges established by its globalization may help in moving forward towards its erradication
A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e pode ser transmitida aos humanos através do insecto vector triatomíneo (apenas na América latina), de mãe para filho, por transfusão, por transplante ou por via oral. Após uma fase aguda de algumas semanas de duração, a doença evolui cronicamente durante décadas, de forma assintomática. Até 40% dos indivíduos nesta fase progridem para a fase crónica sintomática, caracterizada por insuficiência cardíaca progressiva com arrítmicas severas e/ou dilatações do trato digestivo. O deslocamento de um número cada vez mais elevado de migrantes da América Latina para a Europa faz com que a doença de Chagas seja actualmente um problema de saúde pública nesta região. Em Portugal o número de imigrantes latino-americanas tem aumentado ano após ano, destacando-se o Brasil como país de origem. No entanto, o número de residentes latino-americanos com doença de Chagas em Portugal é desconhecido. A Organização Mundial de Saúde preconiza a realização de rastreios para a prevenção da transmissão de T. cruzi em área não-endémica. Esta prevenção deverá ser efectuada ao nível das transfusões sanguíneas, transplantação de órgãos e transmissão vertical. No entanto, apenas alguns países europeus efectuam rastreios sistemáticos para a doença de Chagas. Em Portugal existem apenas 9 casos confirmados de doença de Chagas, o que constitui, segundo as estimativas do número potencial de infectados por T. cruzi, uma enorme discrepância. Foram efectuados no nosso país dois estudos epidemiológicos para detecção de T. cruzi, sendo que um deles ainda se encontra em curso. Nestes estudos não foram, até à data, encontrados casos positivos. A doença de Chagas é ainda uma doença negligenciada, pouco conhecida pela maioria dos profissionais de saúde e cujo diagnóstico e terapêutica estão ainda longe de ser ideais. Os desafios colocados pela sua globalização poderão ajudar a obter avanços no seu processo de erradicação.