Autor(es):
Costa-Freitas, Tiago ; Braga, Madalena ; Silva, Leonor ; Pereira, Nuno ; Tavares, Pedro ; Malheiro, Felicidade ; Fernandes, Gustavo ; Magalhães, Miguel ; Azevedo, Miguel
Data: 2025
Origem: Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
Assunto(s): No-show patients; Primary health care; Hipoutilizadores; Cuidados de saúde primários
Descrição
Introduction: The non-use of primary health care is problematic, especially due to the lack of surveillance of the low user. Reduced frequency of consultations with family doctors prevents screening, early detection/prevention of pathologies, and adequate control of chronic diseases. Objectives: This study aims to characterize the sociodemographic and clinical profile and the reasons why the population does not use family medicine consultations. Methods: All users aged 18 or older who had not used the consultation in the last three years were selected. First, data collection was collected via telephone questionnaire to outline the sociodemographic and clinical profile. Subsequently, via email, a second questionnaire was administered regarding the reasons. Results: Of the 1,182 individuals, 413 were studied regarding their sociodemographic and clinical profile. Low users had an average age of 47. The majority were male (60.8%), had higher education (59.8%), were actively employed (71.2%), and healthy (62.7%). Their most prevalent pathology was hypertension (10.4%). Individuals with chronic disease were older (p<0.001 and p=0.004, respectively). It was found that a greater proportion of women had diabetes (p=0.009), dyslipidemia (p=0.048), and generalized anxiety disorder (p=0.016). Only 119 responded to the second questionnaire. 74% reported feeling healthy, 49% reported follow-up care in another specialty in the public/private sector, and 28% reported an insufficient relationship with their family doctor. Conclusion: The typical non-user is male, in his fifth decade of life, with a higher education, professionally active, and healthy. The low use of medical consultations may be due to a lower notion of personal risk of illness or a greater notion of health literacy among these users, or to a greater opportunity/access to consultations in the private sector. There was a need to invest in measures to increase the adherence of these users, such as communication training for the medical team.
Introdução: A não utilização dos cuidados de saúde primários é problemática, especialmente pela ausência de vigilância do hipoutilizador. Reduzida frequência em consultas com o médico de família impede realização de rastreios, deteção precoce/prevenção de patologias e controlo adequado de doenças crónicas. Objetivos: Caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico e os motivos da população hipoutilizadora da consulta médica numa unidade de saúde familiar. Métodos: Selecionaram-se todos os utentes com 18 ou mais anos que não utilizaram a consulta nos últimos três anos. A recolha de dados foi realizada primeiramente via questionário telefónico para traçar o perfil sociodemográfico e clínico. Posteriormente, via e-mail, foi aplicado um segundo questionário relativo aos motivos. Resultados: Dos 1.182 indivíduos foram estudados 413 quanto ao perfil sociodemográfico e clínico. Os hipoutilizadores possuíam uma idade média de 47 anos. A maioria pertencia ao sexo masculino (60,8%), tinha curso superior (59,8%), emprego ativo (71,2%) e era saudável (62,7%). A patologia mais prevalente era a hipertensão arterial (10,4%). Os indivíduos com doença crónica eram mais velhos (p<0,001 e p=0,004, respetivamente). Verificou-se que uma maior proporção de mulheres tinha diabetes mellitus (p=0,009), dislipidemia (p=0,048) e ansiedade generalizada (p=0,016). Apenas 119 responderam ao segundo questionário. Referiram sentir-se saudáveis 74%, 49% admitiram acompanhamento noutra especialidade no setor público/privado e 28% confessaram uma insuficiente relação com o médico de família. Conclusão: O hipoutilizador típico pertence ao género masculino, quinta década de vida, com curso superior, profissionalmente ativo, saudável. A hipoutilização da consulta médica pode dever-se a uma menor noção de risco pessoal de doença ou maior noção de literacia em saúde entre estes utentes, ou a uma maior oportunidade/acesso a consulta no setor privado. Verificou-se a necessidade de investir em medidas para aumentar a adesão destes utentes, como formações em comunicação para a equipa médica.