Autor(es): Rego de Figueiredo, Inês ; Branco Ferrão, Joana ; Dias, Sara ; Drummond Borges, Diogo ; Fernandes, Jorge ; Bernardino, Vera ; Gruner, Heidi ; Panarra, António
Data: 2023
Origem: Acta Médica Portuguesa
Assunto(s): COVID-19; Mental Fatigue; Mental Status and Dementia Tests; Patient Reported Outcome Measures; Quality of Life; SARS-CoV-2; COVID-19; Fadiga Mental; Medidas de Resultados Relatados pelo Doente; Qualidade de Vida, SARS-CoV-2; Testes de Estado Mental e Demência
Introduction: Coronavirus has an impact on both the physical and mental health of individuals. The literature regarding the patient’s health status post-SARS-CoV-2 is still scarce with limited data on the prevalence of residual symptoms and quality of life (QoL) after the infection. The aim of this study was to understand the impact of SARS-CoV-2 on patient QoL, and remaining symptoms.Methods: Single center cross-sectional study of patients who had been admitted to our COVID-19 ward between March 2020 and March 2021. By applying a QoL questionnaire (EQ-5D-5L) we assessed the overall sample, at three time points and in different groups of patients: those admitted to the intensive care unit (ICU) and the elderly.Results: A total of 125 participants were included in our study. Most patients who were admitted had a severe course of disease (51%), with 22% of admissions to the ICU, with 8% requiring prone ventilation, 10% experiencing thrombotic complications and 18% of nosocomial infections throughout the admission. As for persistent symptoms related with COVID-19 fog, the most frequent were fatigue (57%), memory loss (52%) and insomnia (50%). Regarding QoL, the average decrease was 0.08 ± 0.2 in the index and 8.7 ± 19 in the Visual Analogue Scale (VAS). The QoL index decrease correlated with age, chronic obstructive pulmonary disease, asthma and heart failure, and all persistent symptoms, significantly. QoL VAS correlated significantly with fatigue, mood changes, difficulty concentrating and memory loss. The decrease in QoL and the persistent symptoms remained overall stable over the three time points. The ICU group showed no statistically significant difference in QoL, but the most frequently persistent symptoms were mood changes and attention disturbances. However, the elderly experienced a worsening in QoL expressed by index (0.69 ± 0.3 vs 0.8 ± 0.2, p-value = 0.01).Conclusion: A decrease in QoL was observed following SARS-CoV-2 infection, correlating with both chronic conditions and persistent symptoms. The lack of difference through time points of both QoL and persistent symptoms suggests a long-standing effect.
Introdução: O coronavírus tem um impacto negativo sobre os indivíduos afetados tanto a nível físico como mental. A literatura sobre o estado de saúde pós SARS-CoV-2 ainda é escassa, com poucos dados sobre a prevalência de sintomas residuais e a qualidade de vida (QoL) após a infeção. O objetivo deste estudo foi compreender o impacto da infeção SARS-CoV-2 na QoL dos doentes e em sintomas residuais.Métodos: Estudo transversal observacional em doentes admitidos em enfermaria COVID-19 entre março 2020 e março de 2021. Aplicação de um questionário QoL (EQ-5D-5L) com avaliação de toda a amostra, em três pontos temporais e grupos de doentes: admitidos numa unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e idosos.Resultados: Foram incluídos 125 participantes. A maioria foi admitida por curso grave de doença (51%), tendo-se registado 22% admissões na UCI, 8% com necessidade de ventilação ventral, 10% com complicações trombóticas e 18% com infeções nosocomiais. Quanto aos sintomas persistentes associados ao COVID-19 fog, os mais frequentes foram fadiga (57%), perdas de memória (52%) e insónia (50%). Em relação à QoL, houve uma diminuição média de 0,08 ± 0,2 no índex e 8,7 ± 19 na Visual Analogue Scale (VAS). A diminuição do índex relacionou-se significativamente com a idade, doença pulmonar obstrutiva crónica, asma e insuficiência cardíaca, e todos os sintomas persistentes. O VAS correlacionou-se significativamente com fadiga, alterações do humor, dificuldades de concentração e perdas de memória. A diminuição da QoL e os sintomas persistentes permaneceram estáveis ao longo dos três pontos no tempo. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas na QoL do grupo de UCI, afetado sobretudo por sintomas persistentes relacionados com alterações do humor e perturbações da atenção. Os idosos apresentaram agravamento da QoL segundo o índex (0,69 ± 0,3 vs 0,8 ± 0,2, valor-p = 0,01).Conclusão: Observou-se uma diminuição na QoL após a infeção por SARS-CoV-2, correlacionando-se com comorbilidades e sintomas persistentes. A ausência de variação da QoL e sintomas persistentes entre pontos temporais sugere efeito a longo prazo.
