Autor(es):
Cruz, Andreia ; Pereira, Daniela ; Batista, Sónia
Data: 2024
Origem: Acta Médica Portuguesa
Assunto(s): Contrast Media; Gadolinium; Magnetic Resonance Imaging; Multiple Sclerosis/diagnostic imaging; Esclerose Múltipla/diagnóstico por imagem; Gadolínio; Meios de Contraste; Ressonância Magnética
Descrição
Multiple sclerosis is the most frequent demyelinating disease of the central nervous system and is characterized by early onset and progressive disability. Magnetic resonance imaging, due to its high sensitivity and specificity in the detection of demyelinating lesions, is the most useful diagnostic test for this disease, with the administration of gadolinium-based contrast agents being an important contribution to imaging interpretation. Although contrast is essential for diagnostic purposes, its routine use in monitoring disease activity, response to treatment, and related complications is controversial. This article aims to collate current recommendations regarding the use of gadolinium in the imaging follow-up of multiple sclerosis and establish effective and safe guidelines for clinical practice. The literature review was conducted in PubMed, using the terms ‘multiple sclerosis’, ‘magnetic resonance imaging’ and ‘gadolinium’, or ‘contrast media’. Articles published between January 2013 and January 2023 concerning the safety of gadolinium and the use of these contrast agents in follow-up scans of adult patients diagnosed with multiple sclerosis were selected. Although no biological or clinical consequences have been unequivocally attributed to the retention of gadolinium in the brain, which were mostly reported with linear agents, health authorities have been recommending the restriction of contrast to essential clinical circumstances. In multiple sclerosis, the detection of subclinical contrast-enhancing lesions with no corresponding new/ enlarging T2-WI lesions is rare and has a questionable impact on therapeutic decisions. On the other hand, gadolinium has a higher sensitivity in the differential diagnosis of relapses, in the detection of recent disease activity, before and after treatment initiation, and in patients with a large lesion burden or diffuse/confluent T2-WI lesions. Contrary to progressive multifocal leukoencephalopathy screening, monitoring of immune restitution inflammatory syndrome also benefits from the administration of gadolinium. It is feasible and safe to exclude gadolinium-based contrast agents from routine follow-up scans of multiple sclerosis, despite their additional contribution in specific clinical circumstances that should be acknowledged by the neurologist and neuroradiologist.
A esclerose múltipla é a doença desmielinizante do sistema nervoso central mais frequente, caracterizando-se pelo início precoce e incapacidade progressiva. A ressonância magnética, pela elevada sensibilidade e especificidade na deteção de lesões desmielinizantes, é o exame complementar mais útil nesta patologia, sendo a administração de meios de contraste com gadolínio um importante contributo na interpretação imagiológica. Embora o contraste seja imprescindível no âmbito do diagnóstico, a sua utilização por rotina na monitorização da atividade de doença, resposta ao tratamento e respetivas complicações é controversa. O objetivo deste artigo é reunir as recomendações atuais relativas à utilização do gadolínio no seguimento imagiológico da esclerose múltipla e definir um protocolo clínico efetivo e seguro. A revisão da literatura foi conduzida na PubMed, recorrendo aos termos ‘esclerose múltipla’, ‘ressonância magnética’ e ‘gadolínio’ ou ‘meio de contraste’. Foram selecionados artigos publicados entre janeiro de 2013 e de 2023 relativos à segurança do gadolínio e à sua utilização na ressonância magnética de controlo dos doentes adultos com diagnóstico de esclerose múltipla. Apesar de nenhuma consequência biológica ou clínica ter sido inequivocamente atribuída à retenção cerebral do gadolínio, que foi reportada maioritariamente com agentes lineares, as autoridades de saúde têm vindo a recomendar a restrição do contraste a circunstâncias clínicas essenciais. Na esclerose múltipla, a deteção de lesões subclínicas com captação de gadolínio sem tradução em lesões novas/aumentadas nas sequências ponderadas em T2 ocorre raramente e com impacto na decisão terapêutica questionável. Por outro lado, o gadolínio assume uma sensibilidade superior no diagnóstico diferencial de surtos clínicos, na deteção de atividade inflamatória recente, antes e após o início de uma terapêutica e nos doentes com elevada carga lesional ou lesões difusas/confluentes nas sequências ponderadas em T2. Contrariamente ao rastreio da leucoencefalopatia multifocal progressiva, a monitorização da síndrome inflamatória de reconstituição imunológica beneficia também da inclusão do gadolínio. É exequível e segura a exclusão do gadolínio no seguimento imagiológico de rotina da esclerose múltipla, apesar do seu contributo adicional em circunstâncias clínicas específicas que devem ser do conhecimento articulado do neurologista e neurorradiologista.