Author(s): Pereira, Anabela ; Veríssimo, Manuel ; Ribeiro, Oscar
Date: 2024
Origin: Acta Médica Portuguesa
Subject(s): Aged; Deprescribing; Practice Patterns, Physicians; Portugal; Surveys and Questionnaires; Desprescrição; Idoso; Inquéritos e Questionários; Padrões de Prática Médica; Portugal
Introduction: The importance of deprescribing in clinical practice is growing, particularly in aging populations with polypharmacy scenarios, making it a crucial matter in Portugal, one of Europe’s most aged nations. The aim of this study was to investigate deprescribing awareness, training, attitudes, and practices among Portuguese physicians to inform future healthcare strategies.Methods: A cross-sectional study using an anonymous online questionnaire was disseminated through the Portuguese Medical Association. It gathered sociodemographic and professional data, and insights into deprescribing awareness, attitudes, training, and practices. Descriptive statistics were summarized as frequencies, percentages, medians, and interquartile ranges. For inferential analysis, the Chi-square test and Fisher’s exact test were used to evaluate categorical variables, and the Mann-Whitney U test was used for continuous variables. The significance level was set at p < 0.05.Results: A total of 425 valid questionnaires were included. The participants were mostly women (61.6%), with a median age of 45 (IQR 34 - 42). General practice/family medicine (34.1%) and internal medicine (16.2%) were the most common medical specialties. While 81.2% of the respondents were familiar with the term ‘deprescribing’, 55.4% reported no training. A vast majority (91.9%) reported practicing deprescribing, but a smaller fraction employed specific methodologies to deprescribe (39.8%) and criteria for identifying potentially inappropriate medications (38.7%). Training in deprescribing was significantly associated with higher deprescribing awareness (p < 0.001), the use of specific deprescribing methods (p < 0.001), the use of criteria to identify potentially inappropriate medications (p < 0.001) and having certification in geriatrics by the Portuguese Medical Association (p = 0.006). Family physicians showed higher familiarity with and training in deprescribing than hospital-based specialists (p < 0.001). Deprescribing methodologies were adopted more often by family physicians than by hospital-based specialists (p = 0.004).Conclusion: This study highlights widespread deprescribing awareness among Portuguese physicians, while simultaneously uncovering considerable gaps in training and inconsistencies in its application. These findings highlight the pressing need for targeted educational initiatives that could contribute to medication optimization for older adults in the national healthcare system. Furthermore, these findings emphasize the importance of policy development and medical education in promoting safe deprescribing.
Introdução: A importância da desprescrição na prática clínica tem aumentado, especialmente em populações envelhecidas e com polimedicação, tornando-a uma questão crucial em Portugal, um dos países mais envelhecidos da Europa. Este estudo teve como objetivo investigar a consciencialização, formação, atitudes e práticas de desprescrição entre os médicos portugueses, a fim de informar futuras estratégias e políticas de saúde.Métodos: Estudo transversal com recurso a um questionário online anónimo aos médicos portugueses, disseminado com a colaboração da Ordem dos Médicos. Foram recolhidos dados sociodemográficos, profissionais e relativos à desprescrição (consciencialização, atitudes, formação e prática clínica). A estatística descritiva inclui frequências, percentagens, medianas e intervalos interquartis. Foram aplicados o teste do qui-quadrado e o teste exato de Fisher (variáveis categóricas) e o teste de Mann-Whitney U (variáveis contínuas). A significância estatística foi estabelecida em p < 0,05.Resultados: Foram incluídos 425 médicos, maioritariamente do sexo feminino (61,6%), com média de idade de 45 anos (IQR 34 - 42). As especialidades médicas mais frequentes foram medicina geral e familiar (34,1%) e medicina interna (16,2%). Apesar de 81,2% dos respondentes conhecerem o termo ‘desprescrição’, 55,4% não possuíam formação na área. A maioria (91,9%) efetuava desprescrição, contudo, uma menor percentagem utilizavametodologias específicas (39,8%) e critérios para identificar medicamentos potencialmente inapropriados (38,7%). Verificou-se uma associação da formação em desprescrição com uma maior consciencialização sobre a mesma (p < 0,001), utilização de métodos de desprescrição (p < 0,001), uso de critérios para identificar MPI (p < 0,001) e competência em Geriatria (p = 0,006). Os profissionais de medicina geral e familiar revelaram maior familiaridade e formação em desprescrição do que os especialistas hospitalares (p < 0,001), e referiram adotar mais frequentemente as metodologias de desprescrição (p = 0,004).Conclusão: Este estudo destaca uma ampla consciencialização sobre a desprescrição entre os médicos portugueses, mas revela, simultaneamente, lacunas consideráveis na formação e inconsistências na sua aplicação. Estes resultados sublinham a urgente necessidade de iniciativas direcionadas à formação em desprescrição para a otimização da medicação nos idosos no sistema nacional de saúde. Os resultados enfatizam ainda a importância do desenvolvimento de políticas de saúde e da educação médica na promoção de uma desprescrição segura.
