Autor(es):
Martins, Cátia ; Lima, Daniela ; Cortez Ferreira, Mariana ; Verdelho Andrade, Joana ; Dias, Andrea
Data: 2025
Origem: Acta Médica Portuguesa
Assunto(s): Child; Critical Care; Cross Infection; Drug Resistance, Microbial; Intensive Care Units, Pediatric; Criança; Cuidados Intensivos; Infeção Hospitalar; Resistência Microbiana a Medicamentos; Unidades de Cuidados Intensivos Pediátricos
Descrição
Introduction: Healthcare-associated infections are an important cause of morbidity and mortality in the pediatric population and a growing problem in intensive care services. However, limited data are available on these infections in the Portuguese pediatric population. This study aimed to estimate its prevalence rate in a Portuguese pediatric intensive care unit, identifying the most frequent microorganisms and their antibiotic resistance profiles.Methods: A retrospective cohort study was conducted, including patients admitted to a pediatric intensive care unit between January 1, 2014 and December 31, 2023, who were diagnosed with healthcare-associated infections during hospitalization.Results: A total of 248 nosocomial infections were identified, corresponding to a prevalence rate of 6.3%, mostly in infants. Pneumonia (45.2%) and bacteremia (14.5%) were the most frequent infections. Gram-negative bacteria, specifically Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa and Klebsiella pneumoniae, were the most common pathogens. Over the last five years (2019 - 2023), there was a global increase in antibiotic resistance. The prevalence of infections with ESBL-producing bacteria, MRSA and ERC was 8.5%, 1.6%, and 0.4%, respectively, higher in the period from 2019 to 2023. Among 97 screening tests, 45 colonizations were identified in 41 patients: 40 with ESBL and 5 with ERC, with no MRSA colonizations detected. Sepsis occurred in 29.8% of cases, and the mortality rate was 11.7%, with 4.0% directly attributed to healthcare-associated infections. Risk factors for pneumonia included exposure to endotracheal tubes and prolonged invasive ventilation (OR = 2.5; 95% CI, 1.1 to 5.9, p = 0.03; and OR = 1.9; 95% CI, 1.1 to 3.4, p = 0.011; respectively).Conclusion: Implementing effective strategies to prevent and control resistant bacteria is essential to safeguard current therapies, enhance patient safety, and protect public health.
Introdução: As infeções associadas aos cuidados de saúde são uma causa importante de morbimortalidade na população pediátrica, representando um problema crescente nos serviços de cuidados intensivos. Contudo, existem poucos estudos que caracterizam a realidade destas infeções na população pediátrica portuguesa. Este estudo pretendeu avaliar a sua prevalência num serviço de cuidados intensivos pediátrico português, identificando os microrganismos mais frequentes e o respetivo perfil de resistência aos antibióticos.Métodos: Estudo de coorte retrospetivo que incluiu os doentes admitidos num serviço de cuidados intensivos pediátrico entre 1 de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2023, com diagnóstico de infeções associadas aos cuidados de saúde durante o internamento.Resultados: Identificaram-se 248 casos, correspondendo a uma prevalência de 6,3%, a maioria em lactentes. As infeções mais frequentes forampneumonia (45,2%) e bacteriemia (14,5%), sendo os agentes infeciosos mais comuns os Gram negativos, nomeadamente a Escherichia coli, a Pseudomonasaeruginosa e a Klebsiella pneumoniae. Observou-se um aumento global das resistências antibióticas nos últimos cinco anos (2019 - 2023). A taxa de infeção por bactérias produtoras de ESBL, MRSA e ERC foi, respetivamente, 8,5%, 1,6% e 0,4%, superior nos anos 2019 - 2023. Houve 45 colonizações em 41 doentes (num total de 97 pesquisas realizadas): 40 a ESBL e 5 a ERC (sem colonizações por MRSA). A sépsis ocorreu em 29,8% casos e a mortalidade foi de 11,7% (4,0% devido à IACS). A exposição a tubo endotraqueal e a ventilação invasiva de longa duração associaram-sea maior probabilidade de desenvolver pneumonia (OR = 2,5; IC 95%, 1,1 a 5,9; p = 0,03; e OR = 1,9; IC 95%, 1,1 a 3,4; p = 0,011; respetivamente).Conclusão: É fundamental implementar estratégias eficazes para prevenir e controlar a disseminação das bactérias resistentes, assegurando a eficácia das terapêuticas atuais, a segurança dos doentes e a proteção da saúde pública.