Autor(es):
Faria, Isabela ; Morais, Sofia ; Silva, Carla ; Madeira, Nuno
Data: 2025
Origem: Revista Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental
Assunto(s): Adulto; Lisdexanfetamina; Metilfenidato; Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção/ tratamento farmacológico; Adult; Attention Deficit Disorder with Hyperactivity/drug therapy; Lisdexanfetamine; Methylphenidate
Descrição
Introduction: Attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) is one of the most common neuropsychiatric disorders, affecting around 2%‑4% of the adult population. The first‑line therapeutic intervention is psychostimulants such as methylphenidate and amphetamines. Second‑line therapy is used when stimulants are ineffective, intolerant, or contraindicated. Methods: Retrospective observational study of patients followed up at the Neurodevelopment Consultation at the Psychiatry Service of Coimbra Hospital and University Centre (CHUC), covering 2 years and 9 months of activity (January 2019 to September 2021) with a diagnosis of ADHD, to characterize the sample from a sociodemographic point of view and psychopharmacological prescription. Data was collected in September 2021 using SClínico. Data processing in Excel (version 16.46). Results: The sample included 416 patients, 82 of whom were diagnosed with ADHD. The study found that 73% of the participants were male, with an average age of 21. Of the patients diagnosed with ADHD, 52.4% had the diagnosis isolated, while 47.6% had ADHD in comorbidity with another psychiatric condition. As for psychopharmacological prescriptions, 65.9% were medicated with methylphenidate, 46.3% with the maximum dose (54 mg once a day), and 7.4% with 36 or 40 mg once a day in both cases, with other doses prescribed less frequently. Conclusion: Recent international studies report a prevalence of 90%‑92% of methylphenidate prescriptions in ADHD patients, with the reality of CHUC being lower (65.9%) than the international reality. This prevalence may be due to intolerance of adverse effects, low therapeutic adherence, or the presence of multiple comorbidities, which can lead to a decrease in prescriptions. Prescriptions should always be individualized and in accordance with the psychopathology presented. More studies are needed to assess the reality of Portuguese prescribing.
Introdução: A perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) é uma das patologias neuropsiquiátricas mais comuns, afetando cerca de 2%‑4% da população adulta. A intervenção farmacoterapêutica de primeira linha são os psicoestimulantes como o metilfenidato e as anfetaminas. Geralmente, A terapêutica farmacológica de segunda linha é utilizada quando há ineficácia, intolerância ou contraindicação para o uso de estimulantes. Métodos: Estudo retrospetivo observacional dos doentes seguidos na Consulta de Neurodesenvolvimento no Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), referente a 2 anos e 9 meses de atividade (Janeiro de 2019 a Setembro de 2021) com o diagnóstico de PHDA, com o objetivo de caracterizar a amostra do ponto de vista sociodemográfico e de prescrição psicofarmacológica. Dados colhidos em setembro de 2021, através do SClínico. Tratamento dos dados em Excel (versão 16.46). Resultados: A amostra inclui 416 doentes, sendo encontrados 82 doentes com o diagnóstico de PHDA. O estudo revelou que 73% dos participantes eram do sexo masculino, com uma idade média de 21 anos. Dos doentes com diagnóstico de PHDA, 52,4% registam o diagnóstico isoladamente, enquanto que 47,6% tem PHDA em comorbilidade com outra patologia psiquiátrica. Quanto à prescrição psicofarmacológica, 65,9% medicados com metilfenidato, 46,3% medicados com a dose máxima (54 mg uma vez por dia), 7,4% medicados com 36 ou 40 mg uma vez por dia em ambos os casos, estando outras doses prescritas numa frequência inferior. Conclusão: Estudos recentes internacionais referem uma prevalência de 90%‑92% da prescrição de metilfenidato em doentes com PHDA, contudo a realidade encontrada no CHUC (65,9%) é consideravelmente inferior. Esta prevalência pode dever‑se a efeitos adversos intoleráveis, baixa adesão terapêutica ou à presença de múltiplas comorbilidades que pode condicionar as prescrições. A prescrição deverá ser sempre individualizada e de acordo com a psicopatologia apresentada. De futuro, são necessários mais estudos para avaliar a realidade da prescrição portuguesa.