Autor(es): Figueiredo, Maria Henriqueta de Jesus Silva ; Silva, Margarida Alexandra Nunes Carramanho Gomes Martins Moreira da ; Loureiro, Helena Maria Almeida Macedo ; Ferreira, Maria Manuela Henriques Pereira ; Barros, Teresa Madalena Kraus Brincheiro Huttel
Data: 2021
Origem: Repositório Científico da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Assunto(s): Enfermage familiar; Pandemia por COVID-19; Dinâmica familiar
A pandemia por COVID-19, enquanto transição acidental, suscita respostas adaptativas, nas famílias no sentido da sua auto-organização. De forma imprevisível, as famílias foram forçadas a manterem um equilíbrio, entre a família e as novas situações profissionais, atividades sociais e insegurança financeira, potenciando mudanças na estrutura familiar, nomeadamente nas rotinas e padrões de interação. O MDAIF permite a caraterização do sistema familiar, identificação dos padrões relacionais e funcionais associados às transições não normativas, geradoras de crise familiar (Figueiredo, 2013). Objetivo: Identificar mudanças/transformações da família no período de pandemia por COVID-19, na dimensão estrutural, nomeadamente situação profissional, rendimento, atividades de lazer e atividades culturais. Metodologia: Estudo quantitativo e descritivo. Questionário de autopreenchimento, constituído por duas partes: um inventário de questões de caraterização familiar e questões que avaliam o efeito da pandemia por COVID-19 no sistema familiar a 144 famílias. Estatística Descritiva. IBM SPSS Statistics 25. Resultados/Discussão: A maioria das famílias (54%) são do tipo nuclear. As restantes distribuem-se pelas várias tipologias, nomeadamente casal (14,6%). Em relação à situação profissional: 54,2 % das famílias não tiveram mudança. A situação profissional de muitos portugueses teve mudanças significativas, não só pela mudança nos métodos de trabalho, pela perda de emprego e também pelo facto de algumas famílias serem forçados a deixar de trabalhar para apoiar os seus elementos depois do encerramento de escolas, jardins de infância e outros serviços (Mamede, Pereira & Simões, 2020). 67,4% não teve mudança no rendimento familiar e 32,6% teve mudança. Destas, 50 famílias, 33 família tiveram diminuição do rendimento familiar e 17 tiveram aumento do rendimento familiar. Um estudo da Universidade Católica Portuguesa (2020), revelou que o valor médio de facilidade em viver com o rendimento mensal líquido do agregado familiar aumentou 7.6% e o valor médio do grau de interesse em poupar aumentou 1.6%. O aumento dos custos financeiros acarreta novas negociações entre o casal e uma reestruturação da gestão financeira. 87,5% Com Mudança 87,5% das famílias tiveram mudança na frequência das atividades de lazer e 89,6% tiveram mudança no tipo de atividades de lazer. A alteração nas atividades de lazer e o distanciamento do convívio é tolerado de forma diferente, nas diferentes idades, constituindo a rede informal a que adquire peso mais significativo, nomeadamente na função de companhia social, seja ela de familiares, cônjuges ou amigos. São os idosos que têm seu contato reduzido com familiares ou mesmo com a sociedade, que sofrem as consequências do isolamento social de forma mais intensa (Silva et al, 2020). Conclusão: Os resultados evidenciam mudanças nas áreas: situação profissional, rendimento, atividades de lazer e culturais. O teletrabalho surgiu como resposta adaptativa ao confinamento e as alterações no rendimento familiar poderão comprometer as respostas às necessidades fundamentais dos membros das famílias. Por sua vez a frequência das atividades de lazer e culturais diminuiu de forma considerável, o que associado à convivência contínua entre os membros da família acarretou a mobilização de estratégias para a efetividade funcional do sistema familiar. Importa alargar o estudo, visando a diversidade das especificidades das famílias e, simultaneamente indagar sobre mudanças em outros domínios da dinâmica familiar.
