Descrição
Enquadramento: Cuidar da pessoa e família a vivenciar a doença crónica e maximizar o ambiente terapêutico em articulação com a díade são competências especificas dos enfermeiros especialistas em enfermagem médico-cirúrgica, pelo que a doença de COVID-19, sendo responsável por inúmeras mudanças nas rotinas de doentes oncológicos, cuidadores e profissionais de saúde, não pode ser menosprezada. Os estudos de diagnóstico tornam-se importantes para que os profissionais de saúde adaptem a prestação de cuidados às reais necessidades de doentes e cuidadores. Objetivo: Identificar as dificuldades de doentes com dor crónica oncológica e dos seus cuidadores. Metodologia: Foi desenvolvido um estudo descritivo, entre janeiro e setembro de 2021 dirigido a pessoas com dor crónica oncológica (n=28) e cuidadores (n=12) de uma unidade de dor da região centro. Estes foram convidados a preencher um questionário eletrónico. Os dados foram analisados através de programa informático (SPSS). Foram garantidos os pressupostos éticos. Resultados: Os doentes respondentes com dor crónica são maioritariamente do sexo feminino (67,86%) com idade de x Ì
=56,43 (±8,943; 40;75) e vivem 57,1% em meio rural. Dos participantes, 25% tinha concluído o secundário. A maioria referiu viver com marido/esposa/filhos, existindo dois doentes, que viviam sozinhos. 39,3% responderam que durante o período de confinamento no domicílio, apresentaram dor descontrolada, apesar de todos responderem ter autoadministrado a medicação prescrita, e 50% destes referiram ter aumentado a administração de fármacos de SOS. Durante o período do confinamento 89,3% refere ter estado confinado. Os cuidadores são maioritariamente mulheres (75%) com idade x Ì
=50,42 (±8,681; 41-65), 50% viviam em meio rural e 50% possuíam uma licenciatura. Destes, 66,7% ficaram confinados ao domicílio. Quando questionados sobre o sentimento de solidão, 21,4% dos doentes e 33,3% dos cuidadores, referiram que sim. Responderam não ter-se alimentado adequadamente 32,1% dos doentes e 41,7% dos cuidadores. Referiram sentirem-se desesperados com a situação 39,3% dos doentes e 41,7% dos cuidadores, conduzindo a que 85,7% dos doentes e 58,3% dos cuidadores tentam recorrido ao contacto telefónico com a sua unidade de dor. Como estratégias de melhoria os participantes do estudo referiram que o aumento de telefonemas, visitação domiciliária e uso de tecnologias como AAP e videoconferências, e realização de sessões de terapias não-farmacológicas seriam estratégias que iriam melhorar a sua qualidade de vida, dando resposta às suas necessidades mais urgentes. Conclusão: As dificuldades de isolamento e de autocuidado: alimentar-se foram referenciadas como constrangimentos vivenciados pelas pessoas com dor crónica oncológica e cuidadores, assim como a necessidade de aumentar medicação de SOS para uma gestão eficaz de dor, mas sem sucesso em alguns casos. A aproximação e a promoção das relações doente-profissionais de saúde-cuidador deverão ser encaradas, como estratégias a inovar nos cuidados de saúde.