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MODELO TEÓRICO DO AJUSTE AO CANCRO PARENTAL: ESTUDO DE CASO DE UM ADOLESCENTE

Author(s): Sousa, Ana Filipa Domingues ; Santos, Diana Gabriela Simões Marques ; Costeira, Cristina Raquel Batista ; Santos, Margarida Reis ; Lomba, Maria de Lurdes Lopes de Freitas

Date: 2023

Origin: Repositório Científico da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Subject(s): Adolescente; Neoplasias; Enfermagem Modelos Teóricos.


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Introdução: A taxa de incidência de cancro nos adultos jovens tem aumentado significativamente nas últimas décadas, estimando-se ao nível internacional, que 15% das pessoas com cancro têm entre 20 e 50 anos (O´Neill et al., 2020). O Cancro Parental (CP) reporta-se à vivência de cancro pelo doente e família, constituindo-se uma experiência perturbadora para o núcleo familiar (Kazlauskaite et al., 2021), principalmente nas crianças e adolescentes, podendo acarretar consequências a vários níveis (Karayağmurlu et al., 2021). Os adolescentes, quando confrontados com o cancro dos pais, são considerados uma população vulnerável, apresentado maior risco de internalização, problemas de externalização, menor qualidade de vida, e alterações no desempenho escolar (Landi et al., 2022). Face às repercussões e desafios que a doença coloca à díade, torna-se necessária uma intervenção de enfermagem (Tafjord et al., 2021), contudo não existem orientações específicas relativas aos cuidados a prestar às famílias que experienciam esta realidade (Melchiors et al., 2022). Como base conceptual para a intervenção de enfermagem, considerou-se como padrão de referência o Modelo Teórico do Ajuste dos Adolescentes ao Cancro Parental (MTAACP), proposto por Su e Ryan-Wenger (2007). Objetivo: Descrever e analisar a experiência de um adolescente a vivenciar cancro parental, fundamentado no MTAACP, e prescrever intervenções de enfermagem em linguagem classificada. Metodologia: Estudo caso único, realizado num hospital oncológico da região centro de Portugal, tipo qualitativo. Seleção do participante por conveniência. Adolescente de 16 anos de idade, a vivenciar cancro da mãe. Colheita de dados realizada a 26 de fevereiro de 2021, com recurso a guião de entrevista semiestruturada, baseado nos princípios e conceitos do MTAACP. Tratamento de dados através de análise de conteúdo segundo Bardin (2020). Salvaguardados os pressupostos éticos inerentes à realização do estudo. Resultados e discussão: De acordo com o MTAACP, o fator de stress do adolescente é ter a mãe com cancro. As variáveis moderadoras incluem as características do adolescente, e as características do progenitor doente e família. Relativamente às variáveis mediadoras, identificaram-se conteúdos da comunicação do adolescente que se integram nas categorias conceptualizadas no modelo. Segundo o modelo e pela análise do discurso do adolescente, na variável mediadora "avaliação do adolescente sobre o cancro da mãe", classificou-se a vivência do CP como "stressante" com resposta de "desafio". Na variável mediadora "coping do adolescente", identifica-se que este apresentou coping focado no problema e na emoção, procurando ajustar-se à situação e normalizar as emoções relacionadas com o cancro da mãe. As dimensões de ajuste psicossocial e sintomas de resposta ao stress, performance académica e sintomas somáticos, foram consideradas no processo de ajuste do adolescente. As intervenções de enfermagem focaram-se na educação e apoio, atendendo-se aos focos conhecimento, tristeza, medo, ansiedade, adaptação e coping familiar (CIPE®). Conclusões: O modelo teórico permitiu avaliar as necessidades do adolescente a vivenciar CP, possibilitando a prescrição de intervenções de enfermagem que considerem variáveis moderadoras e mediadoras, promovendo-se o ajuste. Este modelo revelou-se apropriado para futuras intervenções a adolescentes a experienciar situações similares. Referências bibliográficas: Bardin L. Análise de conteúdo. 4ª ed. Lisboa, Portugal: Edições; 2020.O´Neill C, O´Neill CS, Semple C. Children Navigation Parental Cancer: Outcomes of a Psychosocial Intervention. Compr Child Adolesc Nurs. 2020;43(2):111-127. doi: https://doi.org/10.1080/24694193.2019.1582727 International Council of Nurses. ICNP Browser [Internet]. 2019 [citado 2022 Abr 1]. Disponível em: https://www.icn.ch/what-we-do/projects/ehealth-icnptm/icnp-browser Karayağmurlu A, Naldan ME, Temelli O, Coşkun M. The evaluation of depression, anxiety and quality of life in children living with parental cancer: A case-control study. J Clin Psy. 2021;24(1):5-14. https://doi.org/10.5505/kpd.2020.87699 Kazlauskaite V, Fife ST. Adolescent Experience With Parental Cancer and Involvement With Medical Professionals: A Heuristic Phenomenological Inquiry. J Adolesc Res. 2021;36(4). https://doi.org/10.1177/0743558420985446 Landi G, Duzen A, Patterson P, McDonald F, Crocetti E, Grandi S, Tossani E. Illness unpredictability and psychosocial adjustment of adolescent and young adults impacted by parental cancer: the mediating role of unmet needs. Support Care Cancer. 2022;30(1): 145-155. doi: https://doi.org/10.1007/s00520-021-06379-3 Melchiors L, Geertz W, Inhestern L. Parental Cancer: Acceptance and Usability of an Information Booklet for Affected Parents. Front Psychol. 2022;24;13:769298. doi: https://doi.org/10.3389/fpsyg.2022.769298 Su Y, Ryan-Wenger N. Children's adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-381. doi: https://doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442. Tafjord T, Ytterhus B. Nurses' realisation of an inadequate toolbox for approaching adolescents with a parent suffering from cancer: A constructivist grounded theory study. Nourdic J Nurs Res. 2021. doi: https://doi.org/10.1177/20571585211035021

Document Type Other
Language Portuguese
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