Descrição
A esquizofrenia é uma doença mental grave e incapacitante caraterizada por deterioração significativa do pensamento, da perceção, das emoções e do comportamento, comprometendo significativamente o funcionamento social e a qualidade de vida das pessoas afetadas (Ustun & Kucuk, 2019). O processo de transição da pessoa com experiência de esquizofrenia, tem mais oportunidades de ajustamento participando em programas de reabilitação psicossociais. Pretende-se que o participante adquira, desenvolva e expresse atitudes e comportamentos verbais e não verbais apropriados nas diversas situações pessoais e sociais que facilitam a construção de relações, competências e crescimento interpessoal satisfatório (Melo-Dias, 2015; Canotilho, 2017; Albino, 2021). Treino Habilidades de Comunicação/Conversação • Estrutura: 12 sessões - 6 Teórico-Práticas (TP) e 6 Práticas (P); Seis Contextos de Conversação: ï§ Observar, ouvir/falar e comunicação não-verbal; ï§ Escuta ativa e comentários de escuta; ï§ Falar de um tema (iniciar e manter uma conversa); ï§ Terminar uma conversa; ï§ Falar ao telefone; ï§ Falar com um estranho ("não conhecido"). (Melo-Dias & Silva, 2015; Canotilho,C, 2017). Metodologia Estudo experimental sujeito único do tipo A1-B-A2, realizado com uma amostra não probabilística de 19 utentes internados numa unidade de tratamento de pessoas com ERT. • A1 - Condição de controlo (protocolo de tempo) - exposição à rotina habitual do serviço por um período de tempo equivalente à duração do programa experimental; • B - Programa de treino de habilidades sociais - Vamos conversar!; • A2 - Exposição à rotina habitual do serviço, nas funções de grupo/tempo de controlo). Instrumento de colheita de dados Questionário composto por: • Secção de caraterização sociodemográfica e clínica dos participantes • Escala de Comportamento Interpessoal: versão reduzida [ECI-R] (Vagos & Pereira, 2010) • Personal and Social Performance Scale [PSP] (Brissos et al., 2011) Resultados Relativamente ao comportamento interpessoal, o Programa "Vamos conversar! Produziu diferenças significativas na assertividade positiva, tanto na componente "intensidade do desconforto" como na componente "frequência do comportamento". Nas restantes dimensões verificou-se um aumento dos scores médios de pontuação, mas sem significado estatístico. Implicações para a prática • Os défices globais de funcionamento e, particularmente, de desempenho social remetem para a necessidade de implementar programas de treino de competências sociais para dotar a pessoa com esquizofrenia com os recursos assertivos e de relacionamento interpessoal necessárias à vida em sociedade. • Cabe ao EESMP, no uso da relação de ajuda interpessoal terapêutica e no envolvimento holístico/integral, implementar TCS e promover o suporte necessário para a construção de respostas às necessidades das pessoas com esquizofrenia.