Autor(es): Rosa, Amorim Gabriel Santos ; Dias, Carlos Manuel de Melo ; Pinto, Manuel Alberto Pereira ; Gonçalves, Cândida Maria Canotilho de Seixas ; Façanha, Jorge Daniel Neto ; Costa, Joaquim Rodrigues Sousa
Data: 2023
Origem: Repositório Científico da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Assunto(s): Eficácia; programa; competências sociais; pessoas com esquizofrenia resistente ao tratamento
Introdução A esquizofrenia é uma doença mental grave e incapacitante que afeta todas as classes sociais e raças, em todas as partes do mundo (Queirós, Coelho, Linhares & Telles-Correia, 2019) Sintomas positivos - Resultam de um aumento das funções padrão, englobando alucinações, ideias delirantes, aceleração e desorganização do discurso e do comportamento; Sintomas negativos - resultam de uma perda das funções mentais padrão, refletindo um estado deficitário ao nível da motivação, das emoções, do discurso, do pensamento e das relações interpessoais • Incapacidade em dirigir e manter a atenção e a concentração • Empobrecimento do discurso; • Dificuldade em iniciar e terminar tarefas e sentir interesse e prazer nas atividades quotidianas; • Dificuldades na expressão de emoções e na relação interpessoal (Queirós et al., 2019; Canotilho, 2017) OBJETIVOS Avaliar a eficácia de um programa de treino de competências sociais na assertividade e nas habilidades de interação social em doentes com Esquizofrenia Resistente ao Tratamento. Metodologia Estudo experimental sujeito único do tipo A1-B-A2, realizado com uma amostra não probabilística de 19 utentes internados numa unidade de tratamento de pessoas com ERT. • A1 - Condição de controlo (protocolo de tempo) - exposição à rotina habitual do serviço por um período de tempo equivalente à duração do programa experimental; • B - Programa de treino de habilidades sociais - Vamos conversar!; • A2 - Exposição à rotina habitual do serviço, nas funções de grupo/tempo de controlo). Instrumento de colheita de dados Para a realização do estudo foi utilizado um questionário composto por: • Secção de caraterização sociodemográfica e clínica dos participantes • Escala de Comportamento Interpessoal: versão reduzida [ECI-R] (Vagos & Pereira, 2010) • Personal and Social Performance Scale [PSP] (Brissos et al., 2011) Análise estatística • Os dados foram analisados com o software IBM SPSS-24 • Calcularam-se as estatísticas resumo adequadas e as frequências absolutas e percentuais para as diferentes variáveis de caraterização e para as medidas de funcionamento pessoal e social e prática social assertiva • Para testar a eficácia do programa de intervenção "Vamos conversar!" foi utilizado o teste ANOVA medidas repetidas e o teste de Friedman, em função da adesão das distribuições à normalidade (teste de Shapiro Wilk; p>0,05). Resultados Relativamente ao funcionamento pessoal e social, o Programa "Vamos conversar! levou a mudanças com significado estatístico nas quatro dimensões da PSP, sendo mais evidentes e com significado estatístico, entre o pré e o pós intervenção e entre o pré intervenção e o FU. Relativamente ao comportamento interpessoal, o Programa "Vamos conversar! Produziu diferenças significativas na assertividade positiva, tanto na componente "intensidade do desconforto" como na componente "frequência do comportamento". Nas restantes dimensões verificou-se um aumento dos scores médios de pontuação, mas sem significado estatístico. Conclusões • Identificam-se défices globais de funcionamento e, particularmente, de desempenho social em pessoas com esquizofrenia resistente ao tratamento. • Existem elementos de motivação e competência social reduzida, ambos com potencial para influenciar os resultados sociais. • De um modo geral, as pessoas com esquizofrenia vivem vidas socialmente isoladas e exibem comportamentos incompatíveis com a manutenção de relações interpessoais estáveis. • O programa de treino de habilidades sociais - Vamos conversar! - mostrou ser eficaz na melhoria do funcionamento social e pessoal e na assertividade das pessoas com esquizofrenia resistente ao tratamento.
