Author(s):
Alves, Tatiana ; Aniceto, Carlos ; Braz, Paula ; Silva, Susana ; Papadakaki, Maria ; Neto, Mariana ; Mexia, Ricardo ; Matias Dias, Carlos
Date: 2023
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.18/8849
Origin: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Subject(s): Acidentes Domésticos e de Lazer; Sistema EVITA; Hospital; Serviço de Urgência; Estados de Saúde e de Doença; Observação em Saúde e Vigilância; Crianças; Portugal
Description
Os acidentes e lesões não intencionais nas crianças entre os 0 e os 4 anos assumem relevante expressão ao nível da dimensão da morbilidade. Assim, apesar dos acidentes domésticos e de lazer (ADL) serem eventos comuns e com impacto no volume das admissões aos Serviços de Urgência (SU), o conhecimento epidemiológico acerca destes acontecimentos ainda é limitado. Este estudo tem como objetivo descrever a distribuição dos episódios de ADL por idade, sexo, mecanismo de lesão, produto/objeto envolvido no acidente, período de admissão ao SU e estação do ano, em crianças até aos 4 anos que recorreram ao SU. Através da análise dos dados recolhidos pelo sistema EVITA (Epidemiologia e Vigilância dos Traumatismos e Acidentes), em 2021, procedeu-se à análise descritiva dos dados, com o apuramento das frequências absolutas e relativas (percentagens). Comparações entre proporções foram realizadas através do teste do Qui-quadrado de Pearson com um nível de significância de 5%. Nesta análise foi utilizado o programa estatístico SPSS V.24. Em 2021 foram registados 14097 episódios de ADL ocorridos em crianças até aos 4 anos sendo que 58% observaram-se em bebés até aos 2 anos. A análise dos dados deste grupo etário revelou uma proporção superior no sexo masculino até aos 2 anos (57%), e nos mais de 2 anos (60%) (p<0,01). O maior recurso ao SU por ADL ocorreu ao fim-de-semana (30,1%), durante o verão (29,8%) e a primavera (27,1%). No total dos episódios de ADL os acidentes ocorreram maioritariamente no período entre as 15 e as 21 horas (56,8%). As quedas (58,6%) constituíram o principal mecanismo de lesão, destacando-se as quedas ocorridas “ao mesmo nível” (tropeçar, escorregar) (57,9%) e as quedas sobre ou de escadas (5,6%). Durante o ano em análise as três categorias de produto/objeto mais frequentemente envolvidos nos episódios de ADL foram “mobiliário” (27,7%), “superfície de solo” (18,5%) e “animal, planta ou pessoa” (11,5%). Os resultados deste estudo estão em linha com o apresentado em outros estudos revelando que as quedas e o mobiliário são o mecanismo e o produto mais frequente em acidentes em crianças até aos 4 anos. A reduzida proporção de acidentes observados em escadas ou de escadas neste estudo, sugere que são utilizadas medidas protetoras de forma adequada. Considera-se relevante a continuidade do estudo tendo em vista o conhecimento e a evolução das características epidemiológicas de ADL neste grupo populacional particularmente vulnerável.