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Hospitalizações por Hepatite A em Portugal – Análise da tendência entre 2013-2022

Autor(es): Santos, João Almeida ; Fonseca, Yasmin ; Almeida, Ana

Data: 2024

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.18/9002

Origem: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde

Assunto(s): Hepatitis A Virus; Hepatitis A; Vigilância Epidemiológica; Incidência; Hospitalizações; Estados de Saúde e de Doença; Portugal


Descrição

Introdução: A Hepatite A é uma doença infeciosa provocada pelo vírus da Hepatite A (VHA). A principal via de transmissão é fecal-oral, embora a transmissão sexual tenha vindo a desempenhar um papel mais preponderante na disseminação deste agente. Existe uma associação entre a incidência de Hepatite A com o acesso à água potável e indicadores socioeconómicos. Regiões globais de alta renda têm um reduzido número de novos casos de doença, no entanto a maioria dos diagnósticos é realizado em adultos, faixa etária em que a doença tende a apresentar maior gravidade, com consequências na morbilidade e mortalidade. A infeção por VHA pode ser assintomática, subclínica ou provocar insuficiência hepática aguda. O diagnóstico precoce da infeção é essencial, a hidratação adequada e controlo dos sintomas integram o processo terapêutico. É fundamental a prestação de cuidados intensivos, multidisciplinares para o reconhecimento de fatores de mau prognóstico, como complicações hepáticas ou extra-hepáticas. Objetivo: Caraterizar a tendência de hospitalizações por Hepatite A ocorridas em Portugal entre 2013 e 2022. Material e métodos: Estudo observacional retrospetivo, que analisou a tendência de hospitalizações por hepatite A identificadas na Base de Dados de Morbilidade Hospitalar (BDMH/ACSS), utilizando os códigos 070.0 e 070.1 (ICD-09) e B15 e B15.9 (ICD-10), entre 2013 e 2022. Estatística descritiva foi realizada através SPSS® ver.25 e a tendência das hospitalizações foi estimada através do Joinpoint Regression Program 5.0.2. Resultados: Entre 2013 e 2022, ocorreram 546 hospitalizações por Hepatite A com uma mediana de duração de 5 dias (0-133 dias). A maioria das hospitalizações corresponderam a indivíduos do sexo masculino (n=391; 71,6%), com idades entre 25 e 44 anos (n=231; 42.3%). Apenas 5.5% das hospitalizações envolverem crianças com idade <14anos. Neste período registaram-se 13 óbitos, sendo a maioria do sexo feminino (n=7; 54%), com idades compreendidas entre 44 e 86 anos (mediana 63 anos). A tendência crescente das hospitalizações foi estatisticamente significativa quer quando avaliada globalmente (+40.7, p=0.04), quer quando observada de forma distinta em homens (+53.4, p=0.04) e mulheres (+35.5, p=0.02). A tendência crescente foi mais acentuada em homens do que em mulheres. As faixas etárias 45-64 e >65 anos foram as únicas a apresentar uma tendência crescente estatisticamente significativa (+39.2, p=0.01; +46.8, p=0.004). Discussão e Conclusão: Em Portugal, o número de novos casos de doença reportados é baixo. A diminuição dos casos, apesar de ser um bom indicador da melhoria das condições higieno-sanitárias, aumenta a possibilidade da ocorrência de surtos pois a população tenderá a ver reduzida a sua imunidade natural contra a doença. A maioria dos diagnósticos ocorre em indivíduos de idade adulta, traduzindo-se no aumento da gravidade da doença e consequentemente no aumento das hospitalizações. Nas regiões urbanas, Lisboa e Porto, a disseminação da infeção foi associada maioritariamente a transmissão sexual. A monitorização da doença é fundamental para a implementação precoce de medidas de prevenção, de forma a mitigar danos que um surto possa ter na população e auxiliar no desenvolvimento de estratégias de saúde pública no controlo da Hepatite A.

Tipo de Documento Objeto de conferência
Idioma Português
Contribuidor(es) Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Licença CC
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