Author(s):
Garcia, Francisco Correia Tavares do Carmo
Date: 2021
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.14/37553
Origin: Veritati - Repositório Institucional da Universidade Católica Portuguesa
Subject(s): Hobbes; Liberdade; Cidadão; Súbdito; Despolitização; Estado; Liberdade política
Description
Thomas Hobbes é considerado justamente como uma das figuras decisivas da história da filosofia política moderna. Entre as suas variadas contribuições encontramos o seu entendimento da liberdade, como «ausência de impedimentos externos ao movimento». Esta proposta hobbesiana tem sido devidamente estudada ao longo das últimas décadas, e não é raro verificarmos comparações entre a sua liberdade corpórea e os entendimentos hodiernos da «liberdade negativa». Neste trabalho pomos em marcha uma tentativa de enquadrar a proposta hobbesiana de liberdade no próprio processo de desenvolvimento de um entendimento peculiarmente moderno da liberdade, na senda de Benjamin Constant. Será que podemos ver, em Hobbes, os sinais daquela que seria a «liberdade dos modernos»? Vamos ver a forma como a crítica de Hobbes ao livre-arbítrio e à liberdade política (republicana) vai constituir um marco relevantíssimo na história das ideias. Mas também pretendemos mostrar que o entendimento hobbesiano da liberdade foi acompanhado simultaneamente por um trabalho de despolitização, i.e. de neutralização da acção e da palavra do cidadão enquanto figura predominante da vida cívica. Se a «liberdade dos modernos» vai centrar-se essencialmente no domínio privado da existência humana, então a liberdade hobbesiana vai encontrar-se ao lado de uma crítica da dignidade e valor da vita activa e da figura do cidadão. Hobbes será um dos grandes críticos da ideia clássica da cidadania, e neste trabalho revisitamos esta crítica. Colocaremos o inglês vis-à-vis Aristóteles e Cícero: ou seja, este trabalho atira o polémico Hobbes para o meio da querela entre os Antigos e os Modernos. Dessa forma tornar-se-á mais claro e perceptível o papel de Hobbes como grande filósofo dos tempos modernos, e esperamos que o leitor possa compreender a forma como o filósofo de Malmesbury foi determinante para tantas e importantes questões que nos colocamos ainda hoje.