Autor(es):
Machado, Ana Teresa Sá
Data: 2020
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.14/39965
Origem: Veritati - Repositório Institucional da Universidade Católica Portuguesa
Assunto(s): Cuidador; Demência; Avaliação de necessidades; Caregivers; Dementia; Needs assessment; Stress; Psychological
Descrição
Introdução: A prestação de cuidados a pessoas com demência, pelo elevado grau de exigência, aumenta a probabilidade de perceção de sobrecarga elevada e, consequentemente, de sintomatologia depressiva e ansiosa, aumentando o risco de morbilidade física e mental no cuidador e afetando também o seu desempenho na prestação de cuidados. É, por isso, uma população que deve merecer especial atenção dos serviços de saúde. A literatura aponta para a necessidade de intervenção com cuidadores principalmente ao nível da informação, da gestão de sintomatologia psicológica e comportamental da demência, de estratégias de coping, do apoio emocional e da promoção do autocuidado. Várias intervenções com cuidadores familiares de pessoas com demência têm sido desenvolvidas, mas a sua eficácia carece de validação robusta. Para além disso, na maioria das intervenções não são considerados os contributos dos cuidadores para a definição dos programas, negligenciando assim a sua vivência e ignorando uma fonte fundamental de informação. Metodologia: Realizaram-se entrevistas individuais semi-estruturadas aos cuidadores familiares de pessoas com demência, para a recolha de necessidades de intervenção. Avaliou-se o estado cognitivo (MoCA), a perceção de sobrecarga (ESC) e a presença de psicopatologia (SCL-90 R) em cuidadores de pessoas com demência. Resultados: Um total de 12 pessoas, 7 homens e 5 mulheres, participaram neste estudo. Foram identificadas necessidades de educação para a saúde concretamente acerca de sinais, sintomas e recursos na comunidade, competências de gestão de sintomas psicológicos e comportamentais, gestão emocional e promoção de autocuidado. Salientam-se lacunas no acesso a cuidados especializados. Verificou-se a presença de níveis significativos de sobrecarga percebida (M=24,5, dp=10,32), ausência de sintomatologia depressiva e ansiosa e um desempenho cognitivo médio de 23,25 pontos (dp=3,47). Conclusões: Este estudo contribuiu para o conhecimento de necessidades de intervenção. Apontou para a importância de fatores protetores, nomeadamente o recurso a apoios, características do cuidador, as estratégias de coping, características do recetor de cuidados, concretamente uma postura colaborativa, e relação prévia entre o cuidador e o recetor de cuidados.