Autor(es):
Pereira, A.
Data: 2023
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.14/44858
Origem: Veritati - Repositório Institucional da Universidade Católica Portuguesa
Assunto(s): Mulheres migrantes nepalesas; Discriminação; Integração; Capacidades; Nepali female migrants; Discrimination; Integration; Capabilities
Descrição
Os imigrantes dos países em desenvolvimento chegados à Europa beneficiam menos diretamente da economia das plataformas e assistem com maior frequência a uma crescente precarização e desqualificação das suas ocupações, ao mesmo tempo que uma fatia significativa desses imigrantes procura ajustar-se àquilo que Ambrosini (2021, 2022) designou por “economias morais baseadas no merecimento” – ou numa crescente polarização e distinção entre imigrantes “merecedores” e “não-merecedores” de documentação. Do ponto de vista territorial, em países de destino como Portugal, os imigrantes também são confrontados com regimes migratórios locais em ambientes urbanos que, muitas vezes, diferem dos regimes migratórios locais emergentes em localizações rurais (Cabral e Swerts, 2021). Simultaneamente, a chamada “feminização da migração” tornou-se uma realidade inescapável. Partirei de questões teóricas sobre integração (Penninx, 2019), migrações e discriminação de género (Timmerman, Fonseca, Van Praag e Pereira, 2018; Ruyssen e Salomone, 2018), juntamente com uma análise da migração feminina internacional nepalesa (Banco Mundial, 2022; Borelli, 2022; Shrestha, 2022; Chaudary, 2020). O meu objetivo será responder à seguinte pergunta de investigação: como definir uma integração bem-sucedida e avaliá-la considerando critérios específicos como as capacidades das mulheres, mas também contrastando-a com experiências de discriminação operacionalizadas e narradas pelas migrantes nepalesas das duas gerações entrevistadas? Operacionalizo os conceitos-chave mais relevantes envolvidos – como as principais formas de discriminação feminina migrante (Índice SIGI da OCDE; Honneth, 1992), as competências e capacidades (Nussbaum, 2000, 2014) das migrantes nepalesas e aquilo que considerarei como descritores de uma integração migrante bem-sucedida (Pereira, 2022). Esta é uma investigação qualitativa, combinando a observação participante, o diário de campo e o método etnográfico com entrevistas semiestruturadas de 1h30m a 20 mulheres migrantes nepalesas da 1ª geração em Portugal e 10 mulheres nepalesas da 2ª geração em Portugal, todas maiores de 18 anos. Descrevo, em detalhe, os resultados obtidos e os impactos do meu projeto (introduzindo um modelo para objetivos de curto e longo-prazo, de acordo com os procedimentos de intervenção da Fundação Porticus para pessoas em movimento). Concluo discutindo a novidade e as implicações futuras das minhas contribuições.