Autor(es):
Brito, Cristiana Alexandra Santos
Data: 2017
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10451/28298
Origem: Repositório da Universidade de Lisboa
Assunto(s): Recursos Marinhos; Pesca; Açores; Alterações Climáticas; Vulnerabilidade; Adaptação; Teses de mestrado - 2017; Departamento de Biologia Animal
Descrição
Tese de mestrado, Ecologia e Gestão Ambiental, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2017
As alterações climáticas são um dos principais factores responsáveis pelos impactos identificados nos ecossistemas e organismos marinhos, com consequências nas pescas. No arquipélago dos Açores, a pesca é um dos mais importantes sectores de actividade económica. Por este motivo, qualquer mudança nas condições ideais dos ecossistemas marinhos poderá trazer repercussões tanto a nível biológico como a nível socio-económico. As diferentes pressões nos ecossistemas (ex. sobrepesca, poluição ou destruição do habitat) têm causado o declínio das populações marinhas. As alterações climáticas são uma pressão adicional para as espécies marinhas, que poderão causar impactos graves na distribuição, abundância e fenologia dos peixes e de outras espécies marinhas. Existem poucos estudos que avaliam quais os impactos das alterações climáticas nos ecossistemas e organismos marinhos em regiões oceânicas e insulares. Este estudo é uma forma de preenchimento desta lacuna na região dos Açores. Teve como intuito a avaliação da vulnerabilidade dos recursos marinhos do arquipélago dos Açores, com principal foco nos recursos pesqueiros, e propor medidas de adaptação face às vulnerabilidades identificadas, contribuindo ainda para o desenvolvimento do Plano Regional para as Alterações Climáticas dos Açores. As avaliações de vulnerabilidade são um meio para a identificação de quais as espécies com maior risco perante as alterações climáticas previstas e permitem uma melhor gestão dos recursos marinhos e das pescas, providenciando a sua sustentabilidade a médio e longo prazo. Neste estudo foi utilizada uma abordagem com base nas condições ecofisiológicas e na exposição climática dos recursos marinhos. Para a avaliação da vulnerabilidade às alterações climáticas foi utilizada a metodologia de Morrinson et al. (2015), um índice com base na avaliação dos factores de vulnerabilidade, tendo em consideração dois componentes a sensibilidade e a exposição. A sensibilidade avalia como cada espécie responde às alterações climáticas (ex. complexidade da estratégia reprodutiva, taxa de crescimento populacional e sensibilidade à temperatura). A exposição avalia o grau de alteração climática a que cada espécie é submetida, dependendo da sua área de distribuição (ex. alterações na temperatura, salinidade ou produtividade primária). Esta metodologia assenta em três objectivos principais: 1) desenvolver um ranking de vulnerabilidade entre as espécies, 2) determinar os factores e atributos que causam vulnerabilidade e 3) identificar a qualidade e limitações dos dados disponíveis. Para a aplicação do índice de vulnerabilidade às alterações climáticas, realizou-se um workshop onde 14 especialistas avaliaram 18 espécies de peixes e invertebrados marinhos da região dos Açores, utilizando 12 atributos de sensibilidade e 5 factores de exposição. A selecção das espécies teve como base 2 critérios: incluir populações de diferentes componentes do ecossistema (grandes e pequenos pelágicos, batipelágicos, bentónicos, costeiros e oceânicos) e incluir espécies com importância económica para a região dos Açores. Em adição, no caso das populações bentónicas, foram consideradas diferentes comunidades agregadas em profundidade no ecossistema dos Açores. Com os resultados foi realizado um ranking de acordo com classe de vulnerabilidade e foram identificadas quais as espécies e populações que necessitam de medidas de gestão com maior urgência. Foram seleccionadas 17 medidas de adaptação às alterações climática que tiveram como base as vulnerabilidades identificadas para as espécies e grupos, considerando a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (APA, 2015) e foram ainda incluídas e adaptadas algumas das medidas de gestão dos planos de gestão da Região Autónoma dos Açores (RAA) às alterações climáticas para os recursos marinhos e/ou pesqueiros. Os cenários climáticos para os ecossistemas marinhos não se encontram adequados à escala dos Açores, esta foi uma das necessidades apontadas pelos especialistas. Serão necessários mais estudos para colmatar as incertezas dos impactos das alterações climáticas na RAA e ainda as lacunas no conhecimento identificadas, de modo a contribuir para o incremento do conhecimento científico sobre a vulnerabilidade dos recursos marinhos comerciais e não comerciais às alterações climáticas, para a redução dos impactos esperados e promover uma gestão sustentável dos recursos da RAA.
Climate change is one of the main factors responsible for the known impacts on ecosystems and marine organisms, with consequences in fisheries. In the Azores archipelago, fishing is one of the most important economic sectors. For this reason, any change in the ideal conditions of marine ecosystems can bring repercussions both biological and socio-economic level. The different pressures on ecosystems (e.g. overfishing, pollution or habitat destruction) have caused the decline of marine populations. Furthermore, climate change is an additional pressure for marine species, which can cause serious impacts on distribution, abundance and phenology of fish and another marine species. There are few studies that assess what the impacts of climate change on ecosystems and marine organisms on ocean and island regions. This study is a way to fill this gap in the region of Azores. Had as objective the assessment of the vulnerability of marine resources of the archipelago of the Azores, with primary focus on fisheries resources, and propose measures for adaptation given the vulnerabilities identified, contributing to the development of Plano Regional para as Alterações Climáticas dos Açores (Regional Plan for Climate Change of Azores). Vulnerability assessments are a mean for identifying which species have a higher risk in the face of climate change and allow better management of marine resources and fisheries, providing your sustainability in the medium and long term. In this study, we used an approach based on ecophysiological conditions and climate exhibition of marine resources. For the assessment of vulnerability to climate change was used the methodology of Morrison et al. (2015), an index based on the assessment of vulnerability factors, considering uses two types of factors: sensivity and exposure. Sensivity evaluates how each species responds to climate change (e.g. complexity in reproductive strategy, population growth rate, sensitivity to temperature). Exposure assesses the degree of climate change that each species will be subjected to, depending on their distribution area (e.g. changes in temperature, salinity or primary production). This methodology is based on three main objectives: 1) develop a ranking of vulnerability among the species, 2) to determine the factors and attributes that cause vulnerability and 3) identify the quality and gaps in available data. For the application of the index a workshop was conducted, and 14 experts’ evaluated 18 species of fish and marine invertebrates in the region of the Azores, using twelve attributes of sensitivity and five exposure factors. The selection of species was based on two criteria: include populations of different components of the ecosystem (large and small pelagics, bathypelagics, benthic, coastal and oceanic) and include species with economic importance to the region of the Azores. In addition, in the case of benthic populations, different communities have been considered in depth in the aggregated ecosystem of the Azores. With the results, we conducted a ranking per class of vulnerability have been identified which species and populations that require management measures with greater urgency. Were selected seventeen measures to adapt to climate changes that were based on the identified vulnerabilities to species and groups, whereas the Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (National Strategy of Adaptation to Climate Change) (APA, 2014) and were also included and adapted some of the management measures of the management plans of the autonomous region of the Azores (RAA) to climate change to marine and/or fishing resources. Climate scenarios for the marine ecosystems are not appropriate to the regional scale of the Azores, this was one of the needs identified by experts. Further studies will be needed to address the uncertainties of climate change impacts in the RAA and the gaps in knowledge identified, to contribute to the development of scientific knowledge about the vulnerability of commercial and non-commercial marine resources to climate change, to reduce the expected impacts and promote sustainable management of the resources of the RAA.