Author(s): Leitão, Mafalda
Date: 2018
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/34566
Origin: Repositório da Universidade de Lisboa
Subject(s): Teses de doutoramento - 2018
Author(s): Leitão, Mafalda
Date: 2018
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/34566
Origin: Repositório da Universidade de Lisboa
Subject(s): Teses de doutoramento - 2018
Em vigor desde 2009, a “licença parental inicial” convida à participação autónoma do pai nos cuidados ao bebé desde os primeiros meses de vida. Se o pai ficar de licença, sozinho com o bebé, depois de a mãe regressar ao trabalho, a licença bem paga prolonga-se mais um mês. A introdução deste “bónus” modificou o perfil de utilização desta licença, até então, quase exclusivamente feminino. Porém, se há muitos homens a aceitar este convite muitos outros ainda o declinam. Sabemos que a conciliação entre vida familiar e vida profissional enfrenta obstáculos a partir do mercado de trabalho, sobretudo no caso dos homens sistematicamente mais permeáveis ao estereótipo do trabalhador ideal (masculino) que surge em cumplicidade com o do cuidador ideal (feminino). Neste cenário de constrangimentos vários, que fatores estão a contribuir para a mobilização do pai em torno da licença parental inicial partilhada? A pesquisa tem dois objetivos: conhecer os motivos que levaram os homens a partilhar a licença bonificada; conhecer o papel que aí desempenharam os respetivos contextos profissionais. Seguindo uma abordagem qualitativa, explorámos a perspetiva do pai e de entidades empregadoras. Os resultados destacam a motivação cuidadora, mas também a multiplicidade de variáveis que, no mercado de trabalho, acionam e condicionam a mobilização do pai. Apontam para uma complexidade de configurações de mobilização que resultam da interação entre motivações, dinâmicas do mercado de trabalho e agência individual do pai. Encontramos três padrões de comunicação e acolhimento da decisão do pai em contexto laboral - negociação, penalização e informação; do lado dos empregadores tipificamos três padrões de interpretação e acomodação da iniciativa do pai - resistente, ambíguo e recetivo. Concluímos que a partilha da licença parental inicial bonificada pelo pai não está ainda consolidada como direito ou política de conciliação, mas que a agência individual do pai pode ter um papel importante nesse sentido.