Author(s):
Sousa, Ana Maria de
Date: 2021
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/53638
Origin: Repositório da Universidade de Lisboa
Subject(s): Didática da Terceira Língua; Léxico; Multicompetências; Multilinguismo; Recursos Digitais; Third Language Teaching; Lexis; Multi-Competences; Multilingualism; Digital Resources
Description
Nas últimas décadas, os avanços tecnológicos e a circulação de pessoas, ideias e políticas geraram exigências e mudanças nas práticas educativas. A deslocação populacional fez com que despertássemos para a necessidade de conhecer o mundo real, para podermos atuar e responder aos desafios que este impõe; os progressos na área das tecnologias da informação e da comunicação oferecem diversas possibilidades para trabalharmos com os nossos alunos de forma interativa e construtiva. É, por isso, imperioso desenvolver métodos de trabalho inovadores, aliciantes, adequados e eficazes, para que os alunos adquiram as múltiplas literacias que precisam de mobilizar como resposta às exigências destes tempos de imprevisibilidade e de mudanças aceleradas. Este estudo incidiu na procura de soluções para o problema com que nos deparávamos: o ensino da língua portuguesa a falantes de outras línguas ou a nativos portugueses, como terceira língua, em ambiente não imersivo. Trata-se de uma realidade de características particulares, associada ao escasso contacto com a língua portuguesa e consequente redução de vocabulário, ligada a uma reduzida interação cultural com o país. De igual importância está o facto de as turmas serem constituídas por um número reduzido de alunos, no caso, adolescentes, participantes de um universo escolar multilingue, onde o português precisava de, por um lado, continuar a reforçar o background multilingue já existente e, por outro, destacar-se desse contexto e reivindicar a projeção que a própria língua merece. No ensino do Português como terceira língua não fizemos tabula rasa de todas estas particularidades, pelo contrário, tivemos em consideração que os alunos se inserem numa sociedade em mutação constante, multilingue e multicultural e que a sua aprendizagem é tanto ou mais reforçada se (re)descobrirmos novas abordagens para o processo de ensino e aprendizagem. Sabemos que os alunos que estudam a terceira língua mobilizam um background de competências várias, estão expostos a influências linguísticas derivadas das línguas em contacto e que geram um repertório plurilingue ao nível dos saberes declarativos e dos saberes processuais. Daí que tivéssemos tido a necessidade de propor percursos formativos estimulantes e inovadores e de atender às especificidades dos alunos, escolhendo e tratando com rigor e precisão os materiais didáticos a explorar nas aulas. Como metodologia de intervenção, optámos pelas unidades didáticas. Estas não só permitiram traçar um design estruturado, eficaz e coeso na combinação dos recursos digitais e na expansão do léxico, como ainda se revelaram ser a forma mais apropriada de tornar os alunos proficientes e autónomos na aprendizagem da língua. A metodologia de recolha e análise de dados seguiu as linhas dos métodos qualitativos no quadro do paradigma interpretativo, através do qual descrevemos, analisámos e interpretámos os dados recolhidos. A expansão do léxico, objetivo fundamental da nossa atuação enquanto professora que lida com aprendentes de várias nacionalidades e com um repertório plurilingue, foi feita através de unidades didáticas (suporte empírico) e de temáticas baseadas na interligação das competências emanadas dos documentos de trabalho – Syllabus LIII, Quadro Europeu Comum de Referência e Quadro das Competências Essenciais ao Longo da Vida. Estes documentos forneceram linhas de orientação para um trabalho estruturado, articulado e enriquecedor. Os recursos digitais, por sua vez, facilitaram a exposição à língua (oral, escrita e icónica), o contacto com a cultura e com um país desconhecido e, usados em conexão com os temas e subtemas abordados, potenciaram o input lexical. Ademais, proporcionaram aos alunos o “contacto real” com o património linguístico, etnográfico e geográfico de Portugal, despertando-lhes o desejo de conhecer e de explorar o país.