Author(s):
Rosa, Maria da Luz
Date: 2023
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/58261
Origin: Repositório da Universidade de Lisboa
Subject(s): Enfermagem pediátrica; Pais; Maus-tratos infantis; Relações interpessoais; Emoções; Pediatric nursing; Parents; Child Abuse; Interpersonal Relations; Emotions
Description
Cuidar de crianças vítimas de maus-tratos e da sua família implica uma multiplicidade de desafios para os enfermeiros e entre eles a gestão emocional. Os enfermeiros precisam gerir sentimentos ambivalentes para protegerem a criança (maltratada) e simultaneamente, apoiarem os pais (maltratantes). Na literatura tem sido reconhecida a importância da gestão emocional dos enfermeiros para evitar que as emoções experienciadas tenham implicações negativas ao nível da qualidade dos cuidados, bem como no seu bem-estar e equilíbrio emocional. Este estudo pretende dar resposta à seguinte questão de investigação: Como é que os enfermeiros de saúde infantil gerem a sua emocionalidade nos encontros com os pais maltratantes? Foram definidos os seguintes objetivos: 1) Caracterizar o acompanhamento dos pais que maltratam os filhos, pelos enfermeiros de cuidados de saúde primários; 2) Analisar o que os enfermeiros experienciam emocionalmente nos encontros com os pais maltratantes; 3) Compreender o processo de gestão emocional dos enfermeiros na interação de cuidados com os pais maltratantes. Este estudo situa-se no paradigma naturalista, ancorado no método de Grounded Theory, de abordagem predominantemente indutiva. Quanto aos instrumentos de colheita de dados, foi efetuada a observação de 14 consultas de enfermagem de saúde infantil, realizadas 13 entrevistas semiestruturadas e foram efetuados dois focus group com 10 enfermeiros. As ferramentas analíticas são decorrentes das etapas desta metodologia de investigação, com recurso ao software informático de análise de conteúdo NVivo 12. Os achados revelaram que o processo emocional dos enfermeiros nos encontros com pais maltratantes na consulta de saúde infantil caracteriza-se por cinco categorias major, nomeadamente: 1) Impacto emocional nos primeiros encontros com a criança maltratada/pais maltratantes, 2) Situação emocional limite que compromete a relação terapêutica, 3) Relação de proximidade com fins terapêuticos, 4) Desafios emocionais promotores da aprendizagem experiencial e 5) Desenvolvimento de estratégias de gestão emocional para cuidar. Estas cinco categorias conduzem a um “Processo emocional adaptativo e resiliente dos enfermeiros por via da aprendizagem experiencial na consulta de saúde infantil”, no acompanhamento da criança maltratada e famílias maltratantes.