Autor(es): Guimarães, Paula Alexandra
Data: 2020
Identificador Persistente: https://hdl.handle.net/1822/63013
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Assunto(s): Mito; Lenda; Fausto; Literatura inglesa; Humanidades::Línguas e Literaturas
Autor(es): Guimarães, Paula Alexandra
Data: 2020
Identificador Persistente: https://hdl.handle.net/1822/63013
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Assunto(s): Mito; Lenda; Fausto; Literatura inglesa; Humanidades::Línguas e Literaturas
Uma das lendas mais duradouras do folclore ocidental e também um dos temas mais recorrentes da literatura moderna, versa, curiosamente, sobre um notório necromante e astrólogo alemão que teria vendido a sua alma ao diabo em troca de maior poder e mais conhecimento, transformando-se numa das figuras mais reinterpretadas da nossa cultura. Não é difícil pensar nos muitos antecedentes (e versões) que existem para a lenda do Pactuante nas diversas tradições que sustentam o nosso imaginário, associadas ao mal da soberba. Se entendermos o fulcro de Fausto como uma hybris, em rutura aberta com os deuses ou o Deus-pai, na sua procura de exceder os limites impostos, o Doutor tem importantes predecessores (ou Pré-faustos), quer na vertente judaico-cristã, quer na clássica. À semelhança de outras lendas e mitos que, de alguma forma, exaltam o potencial humano e a capacidade do homem se aproximar de Deus ou dos deuses – como o mito de Prometeu – Fausto foi uma das figuras na qual a era Romântica reconheceu a sua mente e alma verdadeiras. Como acontece com aquela figura, o seu nome faz-nos pensar num determinado dom, o daqueles que ‘pensam ou percebem antes’ ou por antecipação. Apesar de tudo, tal como Prometeu, Fausto é aquele que não cede no seu desejo, mesmo sabendo de antemão o seu destino. Na sua aguda autoconsciência e também na sua endémica crise de identidade, a figura continuaria a atrair diversos escritores e artistas ao longo dos tempos.Esta tradição de pré-Faustos acabou também, assim, por gerar descendentes, pós-Faustos ou neo-Faustos, nomeadamente no espaço muito particular da anglofonia, como é nosso propósito demonstrar.