Author(s):
Goulart, André Bettencourt
Date: 2022
Persistent ID: https://hdl.handle.net/1822/78496
Origin: RepositóriUM - Universidade do Minho
Subject(s): Cancro colorretal; Cirurgia; Obesidade; Síndrome metabólico; Colorectal cancer; Metabolic syndrome; Obesity; Surgery
Description
Objetivo: Avaliar a relação entre síndrome metabólico (SM) e gordura visceral nos resultados cirúrgicos do cancro colorretal (CCR) e avaliar a influência de biomarcadores em prever as complicações cirúrgicas. Métodos: Foram desenvolvidos dois estudos: a) retrospetivo - doentes operados por CCR no Hospital de Braga entre janeiro de 2007 e dezembro de 2009, quantificação da gordura visceral e recolha de dados para análise de sobrevida; b) prospetivo - doentes operados por CCR entre agosto de 2015 e agosto de 2016, com avaliação clínica e analítica pré-operatória e pós-operatória seriada até dois anos de seguimento e recolha de amostra da lesão tumoral para estudo imunohistoquímico. Resultados: No estudo retrospetivo (n=199), a taxa de sobrevida global aos 5 anos foi de 60%; não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na sobrevida de doentes com diferentes quantidades de gordura visceral. No estudo prospetivo (n=134), 26.9% dos doentes desenvolveram complicações (15.7% minor vs 11.2% major) e 1.5% faleceram nos primeiros 30 dias após a cirurgia, não tendo sido encontrada nenhuma associação estatisticamente significativa entre SM e os resultados cirúrgicos. Verificou-se um aumento significativo da concentração de PCR no D1 e D3 pós-operatório e aumento do rácio PCR/albumina no D3 pós-operatório nos doentes com infeção do local cirúrgico (AUC 0.639, 0.729 e 0.736, respetivamente). A análise de regressão logística multivariável mostrou que estes biomarcadores são preditores independentes da infeção do local cirúrgico (OR 7.355, 7.605 e 8.337, respetivamente). Foi encontrada uma associação significativa entre os valores de VEGF sérico e a expressão tumoral do VEGF-R3 (p < 0.001), com um tamanho do efeito estimado alto (η = 0.35). Conclusão: A gordura visceral pode influenciar as complicações pós-operatórias, a deiscência da anastomose e o risco de re-operação nos doentes operados por CCR. O SM não parece influenciar os resultados cirúrgicos. O valor da PCR no D1 e D3 pós-operatório e o rácio PCR/albumina no D3 identificam doentes com baixo risco de infeção do local cirúrgico, o que poderá permitir o uso destes marcadores inflamatórios como uma ferramenta de prognóstico e de alta precoce. A correlação encontrada entre o VEGF sérico e o VEGF-R3 tumoral abre novos horizontes na investigação acerca do potencial uso deste biomarcador na seleção do tratamento e prognóstico dos doentes com CCR.