Author(s):
Ngabe, Pierre Kang
Date: 2022
Persistent ID: https://hdl.handle.net/1822/83067
Origin: RepositóriUM - Universidade do Minho
Subject(s): Citoquinas; Imunidade inata; Imunidade adquirida; Vacinação; Cytokines; Innate immunity; Acquired immunity; Vaccination
Description
O Mycobacterium tuberculosis é o agente etiológico da tuberculose e a principal causa de morte por um só agente infecioso em humanos. Esta bactéria é um exemplo ideal de um agente infecioso para o qual a resposta protetora depende da imunidade celular, uma vez que o organismo vive dentro de células, normalmente macrófagos. Assim, os mecanismos efetores mediados por células T, em vez de anticorpos, são necessários para controlar a infeção. No entanto, estas respostas demoram a ser ativadas sendo detetadas apenas 3 semanas após a infeção. Assim, a imunidade inata desempenha um papel crítico na proteção do hospedeiro contra a infeção com M. tuberculosis, visto que muitos indivíduos infetados controlam a infeção, apesar do atraso na resposta imunitária adquirida. Macrófagos infetados com M. tuberculosis produzem IL-23 em poucas horas de infeção; A nossa hipótese para este trabalho é que a IL-23 desempenha um papel fundamental na resposta inata contra M. tuberculosis, inclusive induzindo a expressão de peptídeos antimicrobianos que podem ajudar no controle da infeção. Por esse motivo, procuramos explorar o papel desta citoquina durante a infeção por M. tuberculosis in vivo e in vitro. Começamos por determinar a expressão de peptídeos antimicrobianos por macrófagos infetados com M. tuberculosis na presença ou ausência de IL-23. Os nossos dados mostram que a IL-23 não induz a expressão de peptídeos antimicrobianos em macrófagos infetados por M. tuberculosis. De seguida, determinamos o papel da IL-23 na resposta imunitário e no controle do M. tuberculosis in vivo. Para isso, infetamos ratinhos deficientes em IL-23R e comparamos sua capacidade de controlar M. tuberculosis com a de ratinhos C57BL/6. Os nossos dados mostram que, durante as primeiras semanas de infeção a IL-23 pode desempenhar um papel fundamental no controle de M. tuberculosis. No entanto, durante os estadios finais da infeção, os ratinhos com deficiência no IL-23R são mais suscetíveis à infeção. Apesar disso, os nossos dados não revelaram alteração significativa na resposta imunitária protetora, no que diz respeito à ativação e função efetora de células T. Também determinamos o potencial da IL-23 na proteção conferida pela vacinação da mucosa. Mostramos que ratinhos vacinados com BCG e ratinhos vacinados com BCG+IL-23 controlam a infeção por M. tuberculosis da mesma forma; no entanto, ratinhos vacinados com BCG+IL-23 exibem uma arquitetura melhorada de tecido pulmonar, o que sugere um papel importante da IL-23 na vacinação via mucosa. Em conjunto, os nossos dados justificam mais estudos para definir o papel da IL-23 durante a vacinação da mucosa e após a infeção por M. tuberculosis. Especificamente, o uso de uma dose maior de infeção poderá desvendar novos mecanismos inatos de proteção contra o M. tuberculosis mediados por IL-23.