Autor(es): Magalhães, Fernanda
Data: 2024
Identificador Persistente: https://hdl.handle.net/1822/93671
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Assunto(s): Arquitetura residencial; Península Ibérica; Ambientes indígenas
Autor(es): Magalhães, Fernanda
Data: 2024
Identificador Persistente: https://hdl.handle.net/1822/93671
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Assunto(s): Arquitetura residencial; Península Ibérica; Ambientes indígenas
A conquista romana da Península Ibérica ocorreu de forma gradual, expandindo-se do litoral mediterrâneo para o interior e do Sul para o Norte. Essa expansão, iniciada no século III a.C., resultou em diferentes ritmos e níveis de contacto entre as populações hispânicas e as forças de representação itálicas nas diversas regiões. As cidades do sul e as populações situadas a norte e a sul do rio Ebro foram as primeiras a entrar em contato com a cultura romana. No entanto, a conquista do interior peninsular só foi consolidada nos séculos seguintes, com as guerras Celtibéricas e Lusitanas no século II a.C. e com as Guerras Cantábricas no final do século I a.C. Com a integração da Hispânia no orbis romanorum, ocorreu uma profunda reorganização administrativa do território. A Península Ibérica foi dividida em três províncias: a Lusitania, abrangendo o sudoeste ibérico, compreendendo os atuais territórios portugueses ao sul do Douro, a Estremadura espanhola e parte da província de Salamanca, a Baetica, no extremo sul, correspondendo à atual Andaluzia e a Tarraconense, que englobava o restante do território. Essa divisão administrativa refletiu os diferentes estágios da conquista e as peculiaridades de cada região. A influência dos modelos arquitetónicos itálicos nas casas dos aglomerados habitacionais peninsulares, na sua maioria de origem indígena, fundados em diferentes momentos, reflete os ritmos do avanço romano no território da Hispânia. De fato, as regiões do Levante e do Sul tiveram um contato bastante precoce com os militares e comerciantes romanos, o que resultou em uma romanização mais antiga. Essa influência é bem documentada na arquitetura doméstica das cidades ao longo da costa mediterrânea e nas margens do rio Ebro. Nesses locais, é possível observar a adaptação gradual das plantas e dos espaços das habitações, com uma clara incorporação do estilo arquitetónico itálico. Os resultados mostram a versatilidade dos modelos construtivos locais, que são um resultado inevitável da intensa interação cultural entre indígenas, Fenícios, Gregos e Púnicos. Nesse contexto, a costa mediterrânea é um território muito fértil para analisar o processo de adaptação das formas e estilos arquitetónicos das unidades domésticas com ocupação romana, que gradualmente foram incorporando a gramática itálica nos seus espaços, como resultado de um processo de interação cultural e de uma busca por soluções construtivas adequadas ao clima e aos materiais disponíveis. Para se entender melhor este processo, vamos analisar alguns exemplos de unidades domésticas que ilustram como a arquitetura das casas do Noroeste da Península Ibérica adotou os modelos, as tipologias e o estilo residencial itálico, combinando-os com as tradições locais.