Author(s):
Lins, Luiza ; Cabecinhas, Rosa ; Lima, Marcus Eugênio Oliveira ; Valentim, Joaquim Pires ; Techio, Elza Maria
Date: 2025
Persistent ID: https://hdl.handle.net/1822/96165
Origin: RepositóriUM - Universidade do Minho
Subject(s): Memória social; Representações sociais da história; Colonialismo; Descolonização; Memória coletiva; Decolonialidade; Personalidades históricas; Passado colonial; Social memory; Social representations of history; Colonialism; Decolonization
Description
Neste artigo, objetivamos refletir sobre a memória social e os desafios decoloniais do presente a partir da análise de um estudo sobre representações de personalidades históricas, realizado no Brasil e em Portugal. Conduzimos um inquérito no qual os participantes eram convidados a evocar livremente pessoas ou grupos que consideravam mais importantes na História nacional, e em que medida consideravam o seu impacto positivo ou negativo para o país. Participaram 260 pessoas, sendo 96 brasileiras (M=34,6; DP = 11,8), maioria homens (55,2%) e 164 portuguesas (M=19,92; DP = 2,66), maioria mulheres (78%). Dentre os resultados, observamos que entre as 10 personalidades mais evocadas em cada país não houve uma única mulher - androcentrismo. Observamos também uma focalização na política, com ênfase na agência individual em detrimento da agência coletiva - solipsismo. Efeito particularmente evidente nos dados recolhidos em Portugal, em que o destaque vai para reis, governantes, navegadores e escritores. Personalidades associadas aos “Descobrimentos” foram frequentes, mas quase não houve menção a personalidades relacionadas à descolonização. Nos dados do Brasil, por outro lado, “Indígenas” e “Afrodescendentes” estavam entre os mais evocados. Discutimos implicações dessas “lembranças” e “esquecimentos” na memória social e a descolonização do pensamento enquanto tarefa crucial e particularmente desafiante.